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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Nu frontal: veja TUDO do comércio de petróleo do ISIS-“Rockefellers de Raqqa”, Bilal Erdogan, KRG Crude & Conexão Israel


Tradução Vila Vudu

“Efetivamente, fomos financeiramente discriminados (contra), por muito tempo. No início de 2014, quando não recebemos transferências do orçamento, começamos a pensar sobre vendas independentes de petróleo” – Ashti Hawrami, ministro de recursos naturais do Curdistão.

Em junho de 2014, o navio-petroleiro “SCF Altai” chegou ao porto de Ashkelon. Horas depois, o primeiro carregamento do oleoduto curdo estava sendo entregue em Israel. “Garantir essa primeira venda de petróleo de seu petroduto independente é crucial para o Governo Curdo Regional [ing. Kurdish Regional Government (KRG)], que procura maior independência financeira do Iraque destroçado pela guerra” – a agência Reuters observouà época, acrescentando que “a nova rota de exportação para o porto turco de Ceyhan, que visa a deixar de lado o sistema federal de oleodutos de Bagdá, criou amarga disputa pelos direitos de venda do petróleo entre o governo central e os curdos.”Uma semana antes o navio-petroleiro “SCF Altai” recebera petróleo curdo numa transferência navio-navio do petroleiro United Emblem ao largo da costa de Malta

O United Emblem carregara o cru no porto [turco] de Ceyhan, que é conectado por oleoduto ao Curdistão.O movimento dos curdos para vender cru por vias independentes de Bagdá tem longa história de disputa por orçamento. Sem entrar em muitos detalhes, Erbil tem direito a 17% da renda do petróleo iraquiano e, em troca, o Governo Curdo Regional deve transferir cerca de 550 mil barris/dia à empresa SOMO (a empresa estatal iraniana de petróleo). 

Quase imediatamente depois de esse acordo ser firmado, no final do ano passado, Bagdá protestou, porque os curdos não estariam cumprindo a parte deles no trato; assim sendo, só uma fração do orçamento previsto foi paga a Erbil durante os cinco primeiros  meses do ano.Foi simplesmente uma continuação da velha rixa entre Erbil e Bagdá sobre a porcentagem da renda estatal do petróleo teria de ser paga ao Governo Curdo Regional.

Por sua vez, o Iraque ameaçou processar qualquer um que compre petróleo da produção independente dos curdos. Por exemplo, quando o petroleiro “United Kalavrvta” – que partiu de Ceyhan em junho passado – preparava-se para atracar em Galveston, Texas, um mês depois, um funcionário da SOMO iraquiana disse à Agência Reuters que a equipe de advogados internacionais do Iraque estava “acompanhando de perto o movimento do navio e estava pronta para interpelar qualquer potencial comprador, independente da nacionalidade.”Vocês já entenderam. Erbil quer fatia maior do bolo, Bagdá não quer dar e, há algum tempo, o Governo Curdo Regional decidiu simplesmente excluir o governo iraquiano do circuito e exportar o petróleo por sua conta e risco. A disputa continua.

Imagem: Curdos fazem guarda numa refinaria de petróleo em Erbil.

“Ok, mas… e por que você está contando tudo isso?” Recordem que ao longo das últimas várias semanas, temos consumido muito tempo documentando os negócios do Estado Islâmico no lucrativo mercado negro de petróleo.

No início desse mês, Vladimir Putin detalhou o objetivo de toda a operação, em reunião com os colegas do G20. “Mostrei fotos  tomadas de aviões e do espaço, que mostram claramente a escala do comércio ilegal de petróleo e de derivados de petróleo” – disse o presidente da Rússia a jornalistas, às margens da reunião do G20 em Antalya. No mesmo dia, os EUA destruíram exatamente 116 caminhões-tanque do ISIS, esforço que foi amplamente noticiado pela mídia-empresa ocidental. Nas duas semanas seguintes, Moscou e Washington vaporizaram, somados,  1.300 caminhões-tanques do ISIS para transporte de petróleo.

NINGUÉM sabe por que os EUA demoraram 14 meses para acertar o primeiro caminhão-tanque do primeiro comboio. A versão oficial é que o Pentágono estaria preocupado com possível “dano colateral”, mas duvidamos muito que essa seja a verdadeira razão (discussão detalhada dessa questão, pode ser lida aqui).

Seja como for, a mídia-empresa dominante continuou sem examinar melhor a principal fonte de renda do Estado Islâmico (o grupo faz cerca de meio bilhão de dólares/ano no comércio ilícito de petróleo roubado dos sírios). Mas nós decidimos examinar melhor para entender quem está facilitando o transporte de todo esse petróleo roubado e onde ele realmente é entregue, porque – e disso ninguém mais duvida – as grandes agências e veículos da mídia-empresa têm a mais perversa tendência de evitar cuidadosamente qualquer revelação “inconveniente”.

Essa coluna, hoje, é a quarta, numa série sobre o assunto, e consideramos importante que, antes de prosseguir, o leitor revise as três colunas anteriores:
Na 6a-feira, destacamos um estudo acadêmico dos professores George Kiourktsoglou e Alec D. Coutroubis, que examinaram a relação entre o número de navios-tanques em Ceyhan, em relação a eventos importantes que envolvessem petróleo e o ISIS. A correlação que os pesquisadores encontraram pode ser examinada nessa Tabela 1.


Nas palavras dos próprios especialistas: “parece que sempre que o ISIS está combatendo em área próxima a instalações da indústria petroleira, as exportações do grupo, do porto de Ceyhan, instantaneamente sobem muito. O crescimento pode ser atribuído a um aumento forte na oferta do cru contrabandeado, com o objetivo de gerar fundos imediatos, muito necessários para manter o estoque acessível de munição e de equipamento militar.”

Agora já todos podem começar a ver a conexão. Ceyhan é o porto [turco] do qual o petróleo curdo (tecnicamente “ilegal” na versão de Bagdá) é transportado, e como Kiourktsoglou e Coutroubis notam, “as quantidades de petróleo cru que estão sendo exportadas para o terminal em Ceyhan ultrapassam a marca do 1 milhão de barris/dia; e dado que o ISIS nunca antes conseguiu comerciar mais de 45 mil barris/dia, é evidente que quantidades como as que se veem de petróleo contrabandeado não podem ser alcançadas por meios legais transparentes contabilizáveis por métodos de gestão de estoques.” Em outras palavras, se o petróleo do ISIS é embarcado do porto turco de Ceyhan ele é e permanece invisível.
É onde as coisas começam a ficar interessantes. Há algumas semanas, a Reuters divulgou matéria exclusiva na qual detalha como Erbil esconde de Bagdá, os seus embarques de cru. Aqui, alguns detalhes:

Muitos compradores têm medo desses negócios, com Bagdá ameaçando processar qualquer comprador. Grandes empresas de petróleo – como Exxon Mobil e British Petroleum – têm projetos conjuntos de bilhões de dólares com Bagdá.
Alguns compradores levam os navios tanques até Ashkelon, Israel, onde são carregados com itens a serem revendidos adiante a compradores na Europa. O petróleo curdo também é vendido ao largo da ilha de Malta e transferido de navio a navio, o que ajuda a ocultar os compradores finais e, assim, os protege contra as ameaças da estatal iraquiana SOMO.
Era jogo extremamente arriscado. Um navio atraca ao largo de Malta e espera que outro chegue, para levar sua carga ao destino final. Às vezes, são mandados dois navios-tanques, um cheio e outro vazio, para complicar o rastreamento da carga.
“De repente, todo mundo virou especialista em rastrear navios. Então, tivemos de também subir o nosso jogo. Mas uma coisa está comprovada e funciona: depois que o petróleo sai, ele sempre flui” – disse Hawrami.

Ok, quer dizer que há um esquema operante, que envolve transferir cargas de petróleo de um navio ao outro ao largo da costa de Malta, e que está sendo usado para levar cru curdo até compradores como, dentre outros, Israel. “Refinarias e empresas de petróleo israelenses importaram mais de 19 milhões de barris de petróleo curdo entre o início de maio e 11 de agosto, segundo documentos de embarque, fontes comerciais e dados do rastreamento de navios-tanque por satélite” – lia-se semana passada no Financial Times. “É o equivalente a 77% da demanda média israelense, que está em torno de 240 mil barris/dia. Mais de um terço de todas as exportações do norte do Iraque, embarcadas naquele período no porto turco de Ceyhan no Mediterrâneo foram para Israel.”

Aqui já se começa a ter melhor ideia do que se passa. O petróleo curdo já é tecnicamente ilegal, e a Turquia muito se alegra com poder facilitar sua viagem até compradores estrangeiros via o porto Ceyhan. Que meio poderia ser melhor para o ISIS pôr ‘seu’ petróleo no mercado, do que movimentá-lo através de um porto que já negocia com cru suspeito?

O jornal Al-Araby al-Jadeed (veículo com sede em Londres, do grupo Fadaat Media, do Qatar) diz ter obtido informações sobre a rota até o porto turco de Ceyhan, de um coronel dos serviços de inteligência do Iraque, cujo nome não foi revelado. Eis o que Al-Araby está publicando:
A informação foi verificada por oficiais da segurança curda, alocados no ponto de passagem de fronteira Ibrahim Khalil entre Turquia e o Curdistão Iraquiano, e um funcionário de uma das três empresas de petróleo que negocia o petróleo contrabandeado do ISIS.

O coronel iraquiano, o qual, com investigadores norte-americanos, está trabalhando num modo de deter o fluxo das finanças dos terroristas, disse a al-Araby sobre os estágios pelos quais passa o petróleo contrabandeado desde os pontos de extração nos campos de petróleo iraquianos até o destino final – principalmente o porto de Ashdod, Israel.

“Depois que o petróleo é extraído e carregado, os caminhões-tanques deixam a província Nineveh e tomam rumo norte para a cidade de Zakho, 88km ao norte de Mosul,” disse o coronel. Zakho é cidade curda no Curdistão Iraquiano, junto à fronteira com a Turquia.

“Depois que os caminhões-tanques do ISIS chegam a Zakho – normalmente, 70 a 100 de cada vez – são recebidos pelas máfias do contrabando de petróleo, uma mistura de curdos sírios e iraquianos alguns turcos e iranianos”, o coronel continuou.

“O pessoal encarregado de embarcar o petróleo nos navios vende o petróleo pela maior oferta” – diz o coronel. A disputa entre gangues organizadas alcançou picos de fúria, e assassinatos de líderes de máfias já se tornaram frequentes.

Quem fizer a oferta mais alta paga em dinheiro (dólares norte-americanos), entre 10 e 20% do preço definido; o restante é pago mais tarde, sempre segundo o coronel.

Os motoristas dos caminhões-tanques entregam os veículos a outros motoristas que têm permissão e documentos para cruzar a fronteira para território turco. Os motoristas que levaram os caminhões-tanques até ali recebem caminhões vazios que terão de dirigir de volta às áreas controladas pelo ISIS.

Uma vez na Turquia, os caminhões-tanques prosseguem até a cidade de Silopi, onde o petróleo é entregue a alguém que atende pelos nomes de Dr. Farid, Hajji Farid e Tio Farid.
Tio Farid, perto dos 50 anos, tem dupla nacionalidade grega e israelense. Anda sempre acompanhado de dois guarda-costas num jipe Cherokee preto.

Uma vez na Turquia, o petróleo do ISIS é indistinguível do petróleo vendido pelo Governo Regional Curdo; e os dois carregamentos são vendidos como petróleo “ilegal”, “de origem desconhecida” ou “sem licença”.

Sempre segundo o coronel, as empresas que compram o petróleo do Governo Curdo Regional compram também o petróleo contrabandeado pelo ISIS.

Deve-se reconhecer que há considerável quantidade de detalhes, todos verossímeis, mas, independente de se alguém acredita ou não no “Tio Farid” e em seu jipe Cherokee preto, o que realmente interessa é que parece haver, sim, rotas que levam até a Turquia o petróleo contrabandeado; e, uma vez que esteja em território turco, pode bem ser oferecido como petróleo curdo, porque, seja o que for, sempre será produto “ilegal”, “sem licença”, como se leu acima.
Na sequência, o jornal Al-Araby al-Jadeed fala de um punhado de empresas de petróleo (mas não cita nomes) que embarcam o petróleo dos portos turcos de Mersin, Dortyol e Ceyhan, para Israel. [Tabela 2]. Aqui está toda a suposta rota [Mapa 1, de Al-Araby, 26/11/2015, Londres]. 

O mapa mostra que o cru viaja diretamente de Ceyhan [Turquia] até Ashdod [Israel], mas vale a pena investigar se o petróleo do ISIS não é “lavado” mediante a mesma conexão Malta usada pelos que contrabandeiam cru curdo “ilegal” (e que também acaba em Israel).

Perguntamos isso, porque Bilal Erdogan é proprietário de uma empresa de navios com sede em Malta. “O Grupo BMZ, que pertence ao filho do presidente Erdogan, Bilal, e a outros membros da família, comprou dois navios-tanques nos últimos dois meses, ao custo total de $36 milhões” – informou em setembro o jornal Today’s Zaman“Os navios-tanques, que serão registrados em outubro como pertencentes à Empresa de Embarques e Transporte de Petróleo – associada do Grupo BMZ com sede em Malta – estiveram antes alugados à empresa Palmali Denizcilik, por dez anos.

Na sequência, uma lista recente de dados da movimentação entre os portos Ceyhan e Ashdod extraída de Fleetmon.com (Destacados na relação os navios-tanques com bandeira maltesa).


Não há dúvida de que muitas dessas ‘informações’ são circunstanciais, tudo é muito ambíguo, mas é perfeitamente possível que Erdogan esteja ativamente traficando petróleo roubado pelos terroristas do ISIS, considerado tudo que se sabe sobre os negócios de Ancara com o petróleo ilegal curdo. Vejam o que se lê em al-Monitor:

Detalhes de negócios de energia feitos entre a Turquia e o Governo Curdo Regional permanecem ainda nebulosos, entre os muitos boatos de que Erdogan e seu círculo mais íntimo beneficiam-se financeiramente daqueles negócios. Segundo  Tolga Tanis, colunista do jornal turco de grande circulação 
Hurriyet, que investigou aqueles boatos, a empresa Powertrans, que possui licença exclusiva para transportar e negociar petróleo curdo, dada pelo gabinete de Erdogan em 2011, é administrada por Berat Albayrak, genro de Erdogan. E não demorou para que Erdogan, conhecido pela tendência aos litígios, iniciar um processo contra Tanis, por difamação.
Vários funcionários curdos iraquianos que pediram para não ser identificados confirmaram que Ahmet Calik, empresário com laços muito próximos com Erdogan, recebeu alvará para transportar petróleo curdo, por caminhões, até a Turkey.

Em outras palavras, parece não haver dúvidas de que Erdogan já transporta petróleo ilícito do Governo Curdo Regional (governo regional com o qual Ancara mantém laços amigáveis, apesar de serem curdos), servindo-se do próprio genro, em grandes quantidades. Por que não transportaria também petróleo do ISIS, pelas mesmas redes, servindo-se do filho Bilal? Ou talvez, mesmo, servindo-se do seu outro filho, Burak Erdogan, o qual, como nos recorda o jornal Today’s Zaman “também é proprietário de uma frota de navios [e] foi mostrado, em matéria do diário Sözcü, em 2014, quando o [navio de sua propriedade] Safran 1 permanecia ancorado no porto israelense de Ashdod.”

A imagem abaixo circulou nas mídias sociais, e supostamente mostraria Bilal Erdogan e comandantes do ISIS (nós, desse Zero Hedge fazemos o possível para oferecer jornalismo equilibrado; temos portanto de registrar que os homens que se veem nessas fotografias podem bem ser três pessoas perfeitamente normais, com longas barbas, mas sem qualquer conexão com bandidos que vivem de sacudir bandeiras pretas no deserto).
A imprensa russa diz que esses homens são “comandantes do ISIS que provavelmente participaram em massacres em Homs na Síria e em Rojava (nome que os curdos dão ao Curdistão sírio, ou Curdistão Ocidental)”.
Uma pessoa que não tem qualquer dúvida de que os Erdogans estão envolvidos no tráfico do petróleo sírio roubado pelo ISIS é o ministro da Informação da Síria, Omran al-Zoubi, o qual, na 6ª-feira passada, disse o seguinte:

“Todo o petróleo está entregue a uma empresa que pertence ao filho de Recep [Tayyip] Erdogan.
 Por isso a Turquia ficou tão ansiosa quando a Rússia começou a atacar a infraestrutura do ISIS e já destruiu mais de 500 caminhões-tanques carregados de petróleo. Foi golpe que pegou em Erdogan e nos nervos de suas empresas. Eles não traficam só petróleo; também traficam trigo e peças históricas.”

E há também o ex-conselheiro de segurança nacional do Iraque, Mowaffak al-Rubaie, que, no sábado, postou o seguinte, em sua página de Facebook:

“Em primeiro lugar e sobretudo, os turcos ajudam os terroristas a vender petróleo roubado do Iraque e da Síria 
a $20 o barril, que é metade do preço de mercado.” 

Fato é, porém, que os EUA estão construindo guerra de propaganda de ataque total contra a Síria, não contra a Turquia. Como o Wall Street Journal noticiou na 4a-feira, “o Tesouro acusou um empresário nascido na Síria, George Haswani, que tem dupla cidadania síria-russa, de usar a própria empresa,  HESCO Engineering and Construction Co., para facilitar os negócios de petróleo entre o regime de Assad (sic) e o Estado Islâmico (sic)”.

Mas o WSJ deixa sem explicar por que, afinal, Assad compraria petróleo de gente que usa todo e qualquer dinheiro que consiga, para fazer guerra a Damasco. É pergunta que fica aberta, principalmente se se considera que os mais próximos aliados de Assad são grandes produtores de petróleo (Rússia e Irã).

O mais provável é que ninguém jamais venha a conhecer a história inteira, mas o que já se sabe (e mesmo sem esquecer que as provas são circunstanciais, anedóticas, sem evidências comprovadas) sugere fortemente que, além de dar armas e dinheiro ao Exército Sírio Livres e à Frente al-Nusra, a Turquia é provavelmente responsável por garantir ao Estado Islâmico os lucros de mais de $400 milhões de dólares ao ano. E quanto aos consumidores finais, vejam o que dia Al-Araby al-Jadeed:

Segundo funcionário europeu de empresa internacional de petróleo que se cruzou com jornalistas de al-Araby numa capital do Golfo, Israel só refina “uma ou duas vezes” o petróleo, porque não tem refinarias avançadas. E exporta o petróleo para países mediterrâneos – onde o petróleo “ganha um status semilegítimo” – por $30-$35 o barril.

“O petróleo é vendido no prazo de um, dois dias, para várias empresas privadas, e a maior parte vai para uma refinaria italiana que pertence a um dos maiores acionistas de um clube italiano de futebol [nome aqui omitido], o petróleo é refinado e usado localmente” – completou o funcionário europeu do petróleo.

“De um modo ou de outro, Israel torna-se o principal agente de vendas do petróleo do ISIS. Sem Israel, o petróleo produzido pelo ISIS permaneceria só entre Iraque, Síria e Turquia. E nem as três empresas não poderiam receber o petróleo se não houvesse um comprador em Israel” – disse o mesmo funcionário.

Por fim, o leitor/a leitora perceberá que tudo até aqui ainda é esforço para responder à pergunta que apresentamos como “a mais importante [pergunta] que ninguém pergunta”, a saber: “Quem são os intermediários?”

Como já observamos há mais de uma semana, “sabemos quem podem ser: os mesmos nomes que eram tão destacados no mercado em setembro, quando Glencore teve sua primeira, e com certeza não última, experiência de quase morte: as [empresas de comércio de petróleo] GlencoresVitolsTrafigurasNobels, Mercurias do mundo.”

Considerem tudo isso, e considerem o que a Agência Reuters disse sobre o comércio do petróleo ilícito do Governo Curdo Regional: “Fontes no mercado disseram que várias grandes casas comerciantes de petróleo, inclusive Trafigura e Vitol, negociaram com petróleo curdo. Nem Trafigura nem Vitol quis comentar sobre o papel que tenha tido nas vendas de petróleo.”
Assim também, o Financial Times observa que “Vitol e Trafigura pagaram adiantado ao Governo Curdo Regional pelo petróleo, negócio conhecido como “pré-pago”, o que ajuda Erbil a superar os buracos no orçamento.”

Fato é que, quando o Curdistão precisou de conselheiro que ajudasse no esforço para escapar de Bagdá, o Governo Curdo Regional escolheu “Murtaza Lakhani, que trabalhou para a empresa Glencore no Iraque nos anos 2000s, para ajudar a encontrar navios.”

“Ele sabia perfeitamente quem negociaria e quem não negociaria conosco. Ele nos abriu as portas e identificou empresas de transporte de petróleo que trabalhariam conosco,” disse Ashti Hawrami (acima referido).

Aí está. Considerado o que acima ficou dito, sobre o casamento dos embarques de cru ilegal do Governo Curdo Regional com os embarques de petróleo ilegal do ISIS, não é difícil concluir que as mesmas empresas e especialistas estejam trabalhando para o ‘Estado Islâmico’, nos arranjos para transportar e vender seu petróleo.

Oriente Mídia

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