A sequência mostra imagens do UUV RMS, da Lockheed Martin
Por Roberto Lopes
O assunto é do interesse da Marinha do Brasil que, nos últimos anos, por meio de parcerias com a Universidade de Fortaleza, com o Laboratório de Veículos Não Tripulados da Universidade de São Paulo e com empresas privadas, vem intensificando sua pesquisa no sentido de identificar novos equipamentos, tecnologias e métodos capazes de auxiliar na tarefa de caça e destruição de minas navais.
Vamos, portanto, aos fatos.
Depois de criar um posto, em sua cadeia de comando, para um oficial comandante de drones subaquáticos, e de lançar o seu plano de ter um esquadrão desses equipamentos em plena atividade ainda antes de 2020, a Marinha dos Estados Unidos confessou, no fim do ano passado, que está completamente decepcionada com o veículo subaquático não tripulado RMS (Remote Minehunting System), que vem submetendo a testes.
O RMS é um Unmanned Underwater Vehicle (UUV) de última geração, que lhe foi entregue por nada menos que a Lockheed Martin Maritime Systems & Sensors, pertencente a um dos grupos empresariais de maior prestígio da indústria de Material de Defesa dos Estados Unidos.
O drone RMS não tem funcionado a contento
Oficiais do Escritório de Provas Operacionais e Avaliação do Departamento de Defesa foram diretos. Eles concluíram (e anunciaram) que esses equipamentos concebidos para buscar e anular minas navais são claramente incapazes de cumprir a missão para a qual foram desenhados.
Reboque – Mas não se trata apenas de lamentar os muitos milhões de dólares aplicados no desenvolvimento desse fracasso.
Resta resolver o que será feito com um plano de incinerar 864 milhões de preciosos dólares na aquisição de 54 unidades de um veículo subaquático que, simplesmente, não funciona a contento.
O equipamento deveria ser embarcado nos novos navios de combate litorâneo da frota americana. Mas, segundo o portal de notícias Bloomberg, os drones submarinos da Lockheed Martin falharam completamente no momento de detectar as minas submarinas.
O drone RMS em testes
Segundo essas informações, desde setembro passado – apesar de dotados de um sonar capacitado a detectar explosivos submarinos a uma distância segura – os drones falharam um total de 24 vezes. E em sete dessas ocasiões foi necessário rebocar os veículos para um porto, porque eles também não conseguiam navegar por seus próprios meios…
Devido a todos esses episódios foi adiada a definição sobre uma data para a realização de um último e definitivo teste com os UUV da Lockheed Martin.
NEMO – A Marinha americana leva o assunto dos drones muito a sério.
Em abril de 2015, a poderosa US Navy criou um posto em sua hierarquia para controlar a frota de drones subaquáticos da corporação.
Em fins de outubro último, apostando que esses equipamentos eram a resposta de “baixo custo humano” para a localização e destruição de minas navais, os chefes navais estadunidenses revelaram um plano de ativar todo um esquadrão de Unmanned Underwater Vehicles – e de fazer isso em ritmo acelerado, nos próximos quatro anos.
Tanto que a Marinha americana separou, para 2016, uma verba de 232,9 milhões de dólares só para comprar drones – 86,7 milhões de dólares a mais do que foi gasto em 2015.
Dinheiro para os veículos subaquáticos não tripulados parece mesmo não faltar.
O Departamento da Defesa dos Estados Unidos também reservou recursos para custear um lote de veículos UUV experimentais, como o chamado Projeto NEMO – que trabalha modelos de drones que se deslocam debaixo d’água em movimentos parecidos com o dos peixes –, ou o dos drones submarinos que poderão subir à superfície para entregar uma carga útil, ou ainda lançar um VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado)…
Mas a verdade é que a Navy já se daria por satisfeita se os atuais modelos de UUV caça-minas funcionassem – ou seja, buscassem, efetivamente, seu alvo.
Nesse mar de promessas a indústria americana está com água até o pescoço. Alguns projetos acenam até com a possibilidade de desenvolver mecanismos que (ao menos em tese) permitiriam aos drones permanecer submersos – à espreita de um alvo – por meses.
Prioridades – Em todo o mundo existem 144 tipos de veículos subaquáticos não-tripulados, que, movimentando-se de forma autônoma ou por comando remoto, podem configurados de 251 maneiras diferentes.
Em sua diretriz central para os UUV, a Marinha americana fixou nove prioridades.
Elas correspondem às funções que os veículos subaquáticos precisarão cumprir – um leque que varia da simples tarefa de entregar suprimentos à distância até a de lançar armas para danificar de forma irreversível os submarinos inimigos.
Mas, nesse elenco de funções, uma das que conserva prioridade mais alta é a da caça e destruição de minas navais – precisamente a tarefa na qual os equipamentos da Lockheed Martin estão fracassando.
Especialistas da Marinha dos Estados Unidos colocam um artefato tipo UUV na água
O assunto virou uma obsessão dos almirantes estadunidenses desde que, em 1991, algumas minas navais iraquianas causaram graves danos a barcos de superfície da frota dos Estados Unidos no Golfo Pérsico.
REMUS – Nos anos de 2000 foi ativado o programa REMUS, que envolvia o desenvolvimento de uma série de drones (com o formato de um torpedo) que deveriam monitorar as profundezas marinhas.
Um dos modelos mais testados foi o REMUS 600, fabricado pela Kongsberg Maritime no estado americano de Massachussets, hoje já substituído pelo modelo MK 18 Mod 2 Kingfish.
A Marinha paga 1,3 milhão de dólares por cada Kingfish, e sua expectativa é de que o emprego massivo desses equipamentos torne dispensável o treinamento de golfinhos para detectar minas.
O modelo Kingfish prestes a ser testado
Além da Kongsberg Maritime também desenvolvem drones navais a Bluefin Robotics, que oferece o seu modelo Bluefin-21, a General Dynamics, que produz o Knifefish, e a Lockheed Martin com o seu Sistema de Caça-Minas Remoto RMS – todos projetados para mapear as minas navais inimigas.
Drone Bluefin-21
Plano Brasil
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