Esqueça os tanques russos, Kiev tem um medo diferente

Fort Russ - Ruslan Ostashko, PolitRussia - traduzido por J. Arnoldski

O que assusta políticos Kiev mais do que qualquer coisa? Qual é o seu medo número um? Não, não os tanques russos descendo a rua Kreshchatik. Eles não têm medo de tanques russos por duas razões. Em primeiro lugar, os políticos de Kiev fizeram tanto dinheiro vendendo desinformação de mídia para o Ocidente sobre tanques russos invadindo a Ucrânia que eles mesmos não têm mais medo de que isso aconteça. Eles têm todo um negócio, uma imagem inteira desta e todas as relações com o Ocidente são construídas sobre as suas promessas de provocar a Rússia em intervenção militar aberta. Essas promessas lhes trouxeram dinheiro e poder, de modo que o próprio pensamento de uma invasão militar russa aquece sua alma.

Agora, pela segunda razão. Kiev é agora governado por pessoas muito otimistas que estão 100% convencidos de que, se algo acontecer, eles vão conseguir chegar a Borispol e voar para longe. Eles esperam que, depois de fugir dos tanques russos, recebam empregos, dinheiro e respeito pelo resto da vida. Eles vão formar um governo ucraniano no exílio e seguir Khodorkovsky com processos intermináveis ​​em tribunais internacionais e viajar pelo mundo dando palestras sobre o quanto eles sofreram de Putin e quanto eles sentem falta da Ucrânia infeliz. Assim, o regime de Kiev não tem medo de uma invasão russa. Eles têm um pesadelo inteiramente diferente, e é precisamente este outro pesadelo que está rastejando em sua realidade diária.

Procuro periodicamente explicar aos especialistas ucranianos que encontro nos estúdios de televisão que a Ucrânia desgastou até mesmo os seus mais fortes partidários no Ocidente. Eles os cansaram tanto e tão completamente que esses partidários já estão começando a discutir coisas que eram impensáveis ​​um ano atrás. Lembre-se da PACE - aquele bando de burocratas europeus que condenou a Rússia por agressão contra a Ucrânia e privou a delegação russa de seus direitos de voto? Bem, agora os deputados ucranianos estão dizendo que a PACE está preparando um relatório devastador sobre as falhas dos direitos humanos na Ucrânia. O presidente da PACE afirmou mesmo que é necessário trazer de volta a delegação russa para trabalhar na PACE, e ele mesmo escreveu uma carta a Vyacheslav Volodin com a proposta de se reunir pessoalmente para discutir esta questão. Membros da delegação ucraniana à PACE estão escrevendo artigos sobre o poderoso lobby russo que poderia roubar a PACE e forçá-la a "trair a Ucrânia".

Aqui está outro exemplo. Após as autoridades ucranianas terem cumprido todas as 144 condições para obter um regime sem viragem, os políticos europeus voltaram-se para zombar deles. Durante as discussões da Rada, foi recentemente revelado que Martin Schulz, o presidente do Parlamento Europeu, agora vincula o regime de isenção de vistos ao cumprimento dos Acordos de Minsk. Uma situação desagradável se desdobrou para Kiev. Se eles culpam a Rússia por não cumprir os Acordos de Minsk, então eles terão que admitir que a UE tornou Kiev dependente da boa vontade do Kremlin. Se isso não for assim, então eles terão de admitir que Martin Schulz culpou de facto Kiev por perturbar os Acordos de Minsk e puniu o lado ucraniano, privando-o de seu regime cobiçado de isenção de vistos. Em meio a tudo isso, a propaganda ucraniana de Poroshenko que todo o mundo suporta parece muito pouco convincente.

Ontem perguntei se Trump iria colocar a Ucrânia para a venda como um todo ou em partes . Hoje eu posso apresentar a versão finlandesa da resposta a esta pergunta ardente. O ex-comandante do Exército finlandês, General Gustav Hagglund, disse à imprensa local que "dividir a Ucrânia em duas partes vai pôr fim ao conflito no país" e disse que Trump chegará a um acordo com Putin para concluir o conflito. Um ano atrás, imaginar que um representante de um exército europeu expressaria tal posição na mídia era impensável, mas agora é normal.

Na verdade, não estou convencido de que Trump irá optar por esta variante, mas ela não pode ser excluída. O ponto mais importante é que ninguém vai perguntar aos políticos ucranianos sobre suas opiniões sobre o futuro do seu país. Este é o maior medo de Kiev. Em um belo dia, eles vão acordar em um país que foi simplesmente dotado para Putin.

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