O novo pacote de sanções da União Europeia agravará ainda mais a situação do Irã, principal apoio econômico do atual regime na Síria. Provavelmente, segundo peritos, o Irã terá de reduzir a ajuda a Bashar Assad. Contudo, o presidente sírio ainda tem reservas e a ajuda iraniana não é um fator determinante.
Teerã, antigo aliado estratégico de Damasco, fornece à Síria combustível e equipamentos militares, para além de conceder ajuda financeira. Uma parte do dinheiro é canalizada para pagar salários aos militares sírios. Mas o volume de ajuda pode diminuir consideravelmente em resultado das sanções da União Europeia, diz o diretor do Centro de Pesquisas Sociais e Políticas, Vladimir Evseev:
“Há sistemas indiretos de canalização de dinheiro iraniano para a Síria. Com certeza, estas possibilidades irão diminuir. Nestas condições, quando forem reduzidas as exportações de petróleo iraniano, o Irã, pelos vistos, limitará a ajuda direta, o que irá enfraquecer o poder de Bashar Assad”.
Mas Bashar Assad tem um “airbag” financeiro e um plano de ação que poderá ser aplicado em caso de os fornecimentos iranianos serem cortados. Como alternativa, será possível a reorientação para outras fontes, por exemplo, para Moscou ou Pequim. Damasco não solicitou por enquanto ajuda econômica. Moscou apoia pontualmente a Síria no quadro do Conselho de Segurança da ONU e pela linha da Cruz Vermelha, aponta Serguei Serioguitchev, perito do Instituto do Oriente Médio:
“Podemos supor por que razão a Síria não solicita ajuda a Moscou ou a Pequim. Um tal pedido seria visto como um grito desesperado de uma pessoa em apuros. Mas Damasco quer demostrar que domina perfeitamente a situação. Se solicitar, tudo será claro: a situação é ruim”.
Por outro lado, não se deve esquecer que a fronteira entre a Síria e o Irã é relativamente transparente e através dela as autoridades sírias podem também completar parcialmente suas reservas. Ao mesmo tempo, as forças governamentais podem utilizar vias de contrabando, tal como fazem os rebeldes sírios, admite Serguei Serioguitchev. No caso de quaisquer provocações, por exemplo do lado da Turquia, os sírios, na opinião de analistas, irão unir-se ao redor de Bashar Assad. Mas a probabilidade de uma intervenção militar na Síria é pouco provável. Segundo observadores, na região irá manter-se uma situação tensa mesmo não havendo uma guerra de grande envergadura. Serguei Seriogitchev não duvida que, para os turcos, é desvantajoso provocar uma guerra:
“Os turcos não irão fazê-lo porque, em caso contrário, os curdos irão intensificar sua atividade, terão as mãos livres e começarão a praticar atos terroristas ainda mais terríveis, fazendo explodir bombas em cidades. Apesar de os curdos possuírem uma rede hoteleira no litoral turco, eles poderão fazer detonar estes hotéis em conjunto com turistas, para inflingir danos mais dolorosos ao Governo de Ancara”.
Washington tampouco precisa de uma intervenção na Síria:
“Um segundo Iraque na Síria e, posteriormente, um terceiro Iraque no Irã é um pesadelo para qualquer presidente americano. O Oriente Médio será transformado numa zona de preparação de terroristas. A meu ver, Washington também contribui para que as contradições entre a Turquia e a Síria não levem a uma guerra de envergadura”.
Na opinião dos interlocutores da Voz da Rússia, são possíveis duas variantes em caso da suspensão da ajuda iraniana. A primeira: a oposição tomará a iniciativa, ocupará todas as grandes cidades e vencerá. A segunda e a mais provável variante: não vencerá ninguém, o conflito continuará. Em qualquer caso, o regime de Bashar Assad não ruirá pelo fato de ficar sem meios, tanto mais que Moscou não deixará que isso aconteça.
Voz da Rússia
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