As transformações produzidas pela internet se estendem a bem mais que o comportamento do ser humano, mudanças de hábitos, novas formas de relacionamento, a descoberta de redes sociais, enfim, a rede mundial de computadores é hoje, dentre outras coisas, um instrumento de guerra, de lutas partidárias, cada vez mais assume proporções e contornos que o transformam, o instrumento, em um acelerado processo de mudanças estruturais no ser e no mundo.
Não tem donos, mas já sofre os avanços dos grandes conglomerados de mídia na tentativa de evitar a derrocada de um controle sobre a informação que, em países como o Brasil é absoluto. O impacto sobre a tiragem de jornais, revistas, os questionamentos e críticas à televisão e rádio, já se fazem sentir de maneira bem acentuada.
Ídolos ou ícones da tevê e do rádio que jamais sofreram críticas públicas começam a ser expostos em sua totalidade, seguindo inclusive uma tendência constatada pelo jornalista Millôr Fernandes há alguns anos, aquela que leva pessoas a expor suas vísceras de público. Políticos percebem que cada vez mais é curta a distância entre o mundo de fantasia em que vivem a realidade dos que gravitam ao redor da farsa institucional.
E claro, uma infinidade de grupos ou tribos que vão sendo construídos sob os mais variados títulos, matizes, etc, uns agregadores, formadores de relacionamentos saudáveis, outros manifestando a vocação totalitária que existe em boa parte das pessoas. O monstro adormecido que desperta ou se manifesta reproduzindo a realidade, muitas vezes escondida.
Ou a capacidade de buscar o resgate do ser humano como tal, perdido numa sociedade de espetáculo, onde o cotidiano se mostra de tal forma brutal que os rios se convertem em leitos de sangue.
Deixando de lado os grupos que se formam no relacionamento humano, nem por isso escapam da participação política no sentido pleno da palavra (o ato em si, grupo, já é uma ação política), percebe-se que a tendência de tentar circunscrever a rede a uma verdade absoluta se manifesta cada vez mais viva.
Adjetivos vagos, que tanto se prestam à direita ou à esquerda, como a vocações totalitárias camufladas em lutas populares, em avanços políticos, econômicos e sociais que sempre se restringem a esse tipo de grupo. É comum as discussões apontadas como de alto nível dar lugar à ofensas, geralmente disparadas de um trono onde a coroa do rei é de lata.
Sem qualidade e diversidade não existe mudança de fato .
Uma das lutas mais importantes é a de buscar manter a rede mundial de computadores livre dessas tentativas de dominação e censura para que o ser humano possa se reencontrar, em todos os sentidos e gerar uma nova alternativa de vida no sujeito e no todo, que resulte no fim do caos que vivemos sob o disfarce de show da vida, apresentado todos os domingos ao soar dos sinos convocando os que já foram rotulados de Homer Simpson, o pacato e desinteressado personagem de um dos mais famosos desenhos da tevê, aliás, a prova que vida inteligente é possível nesse monstrengo, para além de Xuxa, por exemplo. Ou Luciano Huck e outros tantos.
A mídia de mercado que no Brasil é controlada por seis famílias e no curso do processo político desfechado pela rede mundial de computadores será transformada, democratizada, ocorra isso em um, ou em dez anos, mas será. As pessoas começam a perceber que VEJA ou a GLOBO defendem interesses que nada têm a ver com os brasileiros e assim acontece em vários países do mundo. Que robotizam e alienam.
O caso dos recentes ataques do estado terrorista de Israel contra palestinos na Faixa de Gaza. Se a mídia tentava a todo custo evitar o horror das imagens do genocídio nazi/sionista contra palestinos, a internet exibia os corpos mutilados de crianças, mulheres, os estupros praticados por soldados/bestas contra mulheres e crianças, proporcionando a realidade, o conhecimento do fato em si sem dissimulações.
E inclusive que os ataques, como sempre tem acontecido, ocorreram no momento em que os protocolos para a paz já estavam sendo ultimados. A paz nunca interessou ao estado terrorista e artificial de Israel.
Ou a intromissão indevida e ofensiva do cônsul de Israel em São Paulo a criticar atos de protestos contra os crimes que seu país cometeu e comete, logo alvo de protestos na rede, que se materializaram em protestos populares, que o governo brasileiro ignorou por sua capacidade de não ser, até o momento que se viu na contingência de tomar uma atitude, ainda que óbvia, mesmo na esteira das concessões feitas a Israel em setores estratégicos de nossa economia.
A própria fragilidade da presidente da República. Os escândalos de uma funcionária que troca favores por um cruzeiro com Bruno e Morrone, ou por cirurgias plásticas, no afã de ter acesso ao chamado high society. O desespero de falar ao telefone com um dos reis que usam coroa de lata, para evitar a ação policial.
Na esteira da liberdade concedida a Carlos Cachoeira a posse do faraó da justiça, o novo presidente do STF – Supremo Tribunal Federal –, o ministro Joaquim Barbosa, um espetáculo que contou com a presença de atores, atrizes, um campeão mundial, autoridades, produção e direção da GLOBO e suas equipes, que bem poderia chamar-se O PALADINO DA JUSTIÇA e virar série. Fabricaram o caçador de marajás, esse seria barbada.
Mas nada sobre o silêncio do Procurador Geral da República – aquele que nomeou a mulher para o próprio gabinete e retardou o processo contra Cachoeira o máximo que pode, como retarda o da máfia tucana – o caráter aos amigos tudo, aos inimigos nada, ou pior, o fogo via Eliane Catanhede, figura de proa no falido “serrismo”, seita de adoradores de José Serra, um dos maiores blefes da política brasileira nos últimos anos.
A semana foi pródiga em espetáculos, horas gastas com o julgamento do ex-goleiro Bruno e as estratégias mequetrefes de sua defesa, a “traição” do parceiro Bola, ou Macarrão, sei lá, mas tudo destrinchado milimetricamente na rede mundial de computadores.
Dia 28, quarta-feira, começa em Porto Alegre, RS, o FÓRUM MUNDIAL PELA PALESTINA, resgatado pelo governador Tarso Genro (a princípio tímido, agora seguro), depois que o prefeito da capital roeu todas as cordas cedendo à pressão das SS nazi/sionistas. ( uma batalha de luta iniciada via INTERNET)
E Dilma ensinando aos europeus como fazer para sair da crise, naquela velha história do faça o que eu falo e não o que eu faço, nas políticas neoliberais por aqui, dentre outras, o desmanche dos serviços públicos para que o deus mercado seja entronizado em sua totalidade perversa e que escraviza a classe trabalhadora.
O caráter da internet se mostra pleno em cada um desses momentos, o de ser uma revolução sem donos, que marcha nas múltiplas forças que ali se formam para mostrar que um outro mundo é possível e que esse no qual vivemos está escorado na barbárie e na estupidez.
Quem disse que esse mundo é virtual, o da internet? É vivo, pulsante e cada dia vai se mostrando mais real.
É esse o medo dos que vivem a realidade construída na farsa da mídia de mercado, como naquele filme do agente James Bond, em que um imperador da mídia, um Marinho qualquer, um Civita, quer uma grande guerra para ter os direitos exclusivos de cobertura. Na afirmação de Hearst, o que deu origem ao filme CIDADÃO KANE, aos seus fotógrafos – “providenciem as fotos que eu providencio a guerra”.
A net é de fato uma revolução sem donos. Uma perspectiva real que se possa perceber que a Terra é redonda e não existe possibilidade de ir andando e chegar ao fim do mundo caindo no vácuo da insensatez dos que querem uma só verdade e esses são muitos.
O que Roma fala já não faz mais o mundo calar. Roma só não deixou de ser uma bela cidade.
Gílson Sampaio
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