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sábado, 10 de novembro de 2012

Iraque anula bilionário contrato para compra de armas da Rússia.Sudeste Asiático é decisivo para as exportações russas de armamentos

O Iraque anulou um contrato de 4,2 bilhões de dólares (3,3 bilhões de euros) para comprar armas da Rússia, alegando suspeitas de corrupção, disse à AFP um porta-voz do primeiro-ministro Nouri al Maliki neste sábado.

De acordo com o porta-voz Ali Mussawi, quando Maliki voltou de sua viagem à Rússia, havia suspeitas de corrupção, e por isso ele decidiu revisar o acordo. "Há uma investigação em andamento", disse Mussawi, que não quis revelar a identidade das pessoas que estão sendo investigadas nem se o Iraque pretende renegociar o contrato firmado com Moscou.

O contrato havia sido assinado no mês passado durante a uma visita de Maliki à Rússia. Moscou, por sua vez, havia anunciado ter firmado com o Iraque diversos contratos sobre venda de armamento por um valor superior a 4,2 bilhões de dólares, no início de outubro, em um momento no qual Maliki estava em visita à Moscou. Contudo, a Rússia não havia dado detalhes sobre estas compras. Segundo o jornal econômico russo Vedomosti, a negociação envolvia, entre outros, 30 helicópteros Mi-28 e 42 sistemas de mísseis terra-ar Pantsir-S1.

Durante a visita à Europa feita por Maliki, a República Checa também havia anunciado que o Iraque compraria 28 aviões supersônicos checos de treinamento do tipo L-159, em sua versão de dois lugares, por cerca de 1 bilhão de dólares (770 milhões de euros). Cerca de 80% dos componentes do L-159 em serviço vêm do exterior, em particular dos Estados Unidos.

Durante esta visita à Praga, no mês passado, Maliki disse que o Iraque negociava ainda a compra de aviões supersônicos norte-americanos F-16. Moscou esperava desenvolver negócios com Bagdá em matéria de defesa e segurança. Em maio de 2011, durante uma visita ao Iraque do ministro russo de Relações Exteriores, Serguei Lavrov, este havia se pronunciado pelo fortalecimento da cooperação bilateral para a segurança.

A capital russa está buscando novas alianças regionais, em um momento no qual seu único aliado árabe, o regime sírio de Bashar al-Assad, enfrenta uma rebelião armada.

O Iraque, cujas tropas já não estão respaldadas pelas forças norte-americanas após sua retirada em dezembro de 2011, carece de meios para proteger suas fronteiras e depende das entregas de armas de Washington. "A base de nosso armamento é norte-americana, mas se tivermos que comprá-las de outros países, o faremos", explicou um assessor em matéria de segurança nacional, Safa Husein, no mês passado em uma entrevista à AFP.

Sudeste Asiático é decisivo para as exportações russas de armamentos

Moscovo está planejando assinar diversos contratos.

Os mercados do Sudeste Asiático continuam entre os mais importantes para as exportações de armas russas. Na exposição Indo Defense 2012 que abriu na Indonésia, um dos maiores fóruns de armas na região, a Rússia apresenta uma ampla gama de produtos militares e civis do complexo militar-industrial.

É nos mercados da região Ásia-Pacífico que tiveram lugar os êxitos mais significativos das exportações de armas russas das últimas duas décadas. A maior parte das receitas de exportação provêm de China, Índia, Indonésia, Malásia, Vietnã, e o valor deste mercado só vai crescer. No entanto, hoje para a Rússia está chegando um momento em que o seu sucesso futuro dependerá diretamente da rapidez com que os produtores russos consegam mudar a linha de produção.

As armas oferecidas hoje em dia pelos fabricantes russos estão perfeitamente de acordo com as especificações modernas. No entanto, o potencial de atualização dos modelos criados em plataformas de concepção soviética está se esgotando gradualmente. Nos próximos 10-15 anos, à medida da entrada no mercado de sistemas da próxima geração, isso será mais perceptível. Nessa altura, a aposta em modelos reusados deixará de ser justificada.

Um claro sinal de alerta foi a perda na concorrência para a Força Aérea Indiana do avião-tanque (tanker aircraft) Il-78M frente ao concorrente europeu, baseado no avião A-330. Nem o fato de a Índia já estar usando aviões deste tipo ajudou o Il-78M. A principal razão da derrota da aeronave russa foi um aumento acentuado de seu custo na sequência da transferência da produção de Tashkent para Ulianovsk, onde ela teve que ser recriado praticamente do zero.

O avião russo é inferior ao A-330 em muitos aspectos, principalmente econômicos. Tendo quase igualado o A-330 em preço (o avião-base da série Il-78, o Il-76MD-90A construído em Ulianovsk custa mais de 100 milhões de dólares), ele, embora modernizado, continua sendo uma aeronave de quarenta anos.

O exemplo do Il-76 modificado é suficientemente indicativo. O projeto é necessário para aumentar a produção em Aviastar, em Ulianovsk, e atualizar toda a frota de aviões de transporte da Força Aérea russa. Mas máquinas soviéticas modernizadas já não são adequadas para uma promoção de sucesso em mercados estrangeiros.

Para fechar o intervalo de tempo até o lançamento de sistemas mais recentes foram criados modelos de transição desenvolvidos com amplo uso de tecnologia e equipamentos da próxima geração. Tais são, por exemplo, os caças Su-35 e Su-30, que consistirão a base das exportações russas de aviões militares nos próximos 10-12 anos.

Outra importante direção do desenvolvimento da indústria russa de alta tecnologia e da indústria da aviação é o setor civil, que na Rússia ainda é subdesenvolvido. Aqui, o foco é sobre o projeto SuperJet 100 e também sobre o avião de médio curso MS-21, a venda dos quais deve dar à indústria da aviação russa um ponto adicional de apoio. Saber em que grau a aposta nesses projetos é justificada ficará claro nos próximos 5-7 anos.

Defesa Net

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