Vitória de Obama enfurece paquistaneses vítimas de drones
ISLAMABAD – Os gritos na televisão em comemoração pela reeleição do presidente dos EUA, Barack Obama, deram a Mohammad Rehman Khan uma dor de cabeça lancinante, conforme anos de dor e raiva vieram à tona.
O paquistanês, de 28 anos, acusa o presidente norte-americano de ter tirado dele o pai, três irmãos e um sobrinho, todos mortos em um ataque de uma aeronave não tripulada dos EUA, os chamados drones, um mês depois de Obama tomar posse para o primeiro mandato.
"A mesma pessoa que atacou a minha casa foi reeleita", disse Rehman à Reuters na capital paquistanesa, Islamabad, para onde ele fugiu depois do ataque a sua vila no Waziristão do Sul, uma das várias regiões tribais da etnia pashtun na fronteira com o Afeganistão.
"Desde ontem, a pressão no meu cérebro aumentou. Lembro-me de toda a dor novamente."
Em sua campanha de reeleição, Obama não deu nenhuma indicação de que iria interromper ou alterar o programa de drones, que ele adotou em seu primeiro mandato para matar militantes da Al Qaeda e do Taliban no Paquistão e no Afeganistão, sem arriscar vidas norte-americanas.
Ataques aéreos são altamente impopulares entre muitos paquistaneses, que os consideram uma violação da soberania que causam inaceitáveis mortes de civis.
"Sempre que tem uma chance, Obama vai morder os muçulmanos como uma cobra. Olha quantas pessoas ele matou com ataques de drones", disse Haji Abdul Jabar, cujo filho de 23 anos também foi morto em um bombardeio deste tipo.
Analistas dizem que a raiva com o avião não tripulado pode ter ajudado o Taliban a recrutar militantes, o que complica os esforços para estabilizar a incontrolável região de fronteira entre Paquistão e Afeganistão. Isso também poderia atrapalhar o plano de Obama de retirar as tropas norte-americanas do Afeganistão em 2014.
Obama autorizou cerca de 300 ataques aéreos no Paquistão durante seus primeiros quatro anos de mandato, mais de seis vezes o número durante a administração de George W. Bush, de acordo com o instituto New America Foundation.
Desde 2004, um total de 337 ataques de drones norte-americanos no Paquistão já mataram entre 1.908 e 3.225 pessoas.
O instituto estima que cerca de 15 por cento dos mortos não eram militantes, embora esse percentual tenha diminuído drasticamente para cerca de 1 a 2 por cento este ano. O governo norte-americano diz que ataques aéreos são muito necessários e causam o mínimo de mortes de civis.
A obtenção de dados precisos sobre as vítimas e os efeitos dos drones é extremamente difícil nas perigosas, remotas e muitas vezes inacessíveis regiões tribais. O Taliban frequentemente isola os locais de ataques.
Chávez espera que Obama reflita após reeleição e pare de “invadir países”
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comentou nesta quinta-feira a reeleição de Barack Obama nos Estados Unidos e disse esperar que o líder reflita em seu novo mandato, se dedique a governar seu país e se esqueça de "invadir países".
"Foi reeleito o presidente Obama. Tomara que ele e seu governo reflitam", declarou Chávez durante um conselho de ministros transmitido pelo canal estatal "VTV".
O venezuelano, que no último mês de outubro conseguiu sua terceira reeleição consecutiva e prolongou seu mandato até 2019, considerou que Obama deve cuidar de seu país. "que tem bastantes problemas" econômicos e sociais.
"Esse, sim, é um país dividido, um país com uma fratura social, econômica, uma pobreza que cresce a cada dia, e uma elite explorando esse país, essa sociedade e, além disso, envenenando-a, enganando-a, manipulando-a através da guerra midiática", comentou.
Nesse contexto, Chávez pediu a Obama "que se dedique a governar seu país e se esqueça de invadir países, desestabilizando povos".
Na segunda-feira passada, um dia antes do pleito americano, Chávez se mostrou pouco esperançoso que o resultado das eleições nesse país gere "mudanças importantes" na relação com a Venezuela já que, segundo disse, democratas e republicanos são "a mesma coisa, com algumas diferenças de tom".
Porém, em outubro, o governante venezuelano havia manifestado seu desejo que Obama conseguisse sua reeleição e que pudessem normalizar as relações.
Os dois países mantêm as relações tensas desde que no final de 2010 os EUA revogaram o visto do então embaixador venezuelano Bernardo Álvarez em resposta à decisão da Venezuela de não aceitar como embaixador Larry Palmer, a quem o governo vetou por declarações polêmicas no Senado.
Neste momento as embaixadas de cada um nos países estão dirigidas por encarregados de negócios.
Naval Brasil
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