A Rússia irá entregar ao Conselho de Segurança hoje (dia 19 de setembro) ao fim da tarde, ou na sexta-feira (20 de setembro) de manhã, novas provas que as armas químicas foram usadas na Síria precisamente pela oposição e não pelas tropas de Bashar Assad. O MRE russo aguarda o regresso de Damasco do vice-ministro das Relações Exteriores Serguei Ryabkov, que realizou consultas com o seu homólogo sírio Walid Muallem, tendo recebido deste último novas provas que as substâncias tóxicas foram usadas pelos militantes da oposição.
A questão sobre quem terá usado o gás tóxico nos arredores de Damasco no dia 21 de agosto é hoje o maior travão para a elaboração da nova resolução para a Síria do Conselho de Segurança da ONU. Se os EUA, o Reino Unido e a França interpretam o relatório dos peritos da ONU sobre o ataque com armas químicas como uma sentença ao regime de Assad, já a Rússia e a China partilham outra opinião. Moscou está convencida que o gás tóxico foi usado pelos opositores como uma provocação.
Washington, Londres e Paris tentam impor ao CS da ONU uma nova resolução dura para a Síria que daria, na sua essência, à ONU o direito de usar a força contra a Síria. Moscou afirma que isso contraria os acordos russo-americanos e altera completamente o mecanismo acordado de tomada sob supervisão internacional das armas químicas da Síria.
O MRE russo espera que as provas a apresentar por Serguei Ryabkov permitirão clarificar essa situação, disse hoje o enviado especial do presidente russo para o Oriente Médio e vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia Mikhail Bogdanov:
“Nossos parceiros sírios partilharam informações que tinham recolhido sobre o uso de armas químicas, segundo afirmam as autoridades sírias, por parte da oposição. Nós iremos transmitir esses documentos ao Conselho de Segurança e à Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) para uma análise e um estudo profissional para que se retirem as respectivas conclusões.”
Mikhail Bogdanov recordou que o mecanismo de supervisão das armas químicas sírias está claramente descrito nos acordos realizados entre o titular do MRE russo Serguei Lavrov e o secretário de Estado dos EUA John Kerry a 14 de setembro. As tentativas de impor ao Conselho de Segurança da ONU de mais uma resolução dura para a Síria ficam de fora desses acordos e dificultam o seu cumprimento:
“O papel principal na neutralização do arsenal químico sírio deverá ser atribuído à Organização para a Proibição de Armas Químicas, a qual deverá realizar os trabalhos preliminares correspondentes e tomar a decisão correspondente sobre como esse trabalho será organizado na Síria em colaboração com as autoridades sírias. Essa decisão deverá depois ser aprovada e apoiada pelo Conselho de Segurança da ONU. Depois a comunidade internacional representada pelo Conselho de Segurança irá monitorizar o decorrer desse processo.”
No dia 17 de setembro, na missão dos EUA na ONU, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança já discutiram o projeto de resolução americano-franco-britânica para a Síria. Ele prevê a aplicação do capítulo VII da Carta das Nações Unidas que determina o uso da força. A Rússia voltou a declarar a sua discordância dessa abordagem. Moscou e Pequim já exerceram por três vezes o direito de veto contra resoluções igualmente coercivas. Parece que a discussão do novo documento promete ser tão extenuante como as de todos os documentos anteriores.
Apesar de os EUA apresentarem a sua posição relativamente à Síria como a posição única e monolítica de todos os aliados de Washington, na prática a situação é bastante diferente. Isso foi dito por Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, na sua última entrevista ao jornal francês Le Figaro. “Os países da UE consideram que na área da segurança as suas prerrogativas nacionais têm um maior peso que alguma posição comum”, disse Schulz. A Alemanha, referiu, nem sequer se orienta pelos EUA, mas sim pela ONU.
Entretanto, a agência de notícias independente norte-americana WND informou que, pela sua composição, o gás sarin descoberto pelos peritos da ONU em Guta é semelhante ao sarin “de laboratório” produzido artesanalmente pela Al-Qaeda nas oficinas clandestinas do Afeganistão, do Iraque e da Turquia. Citando documentos secretos do Pentágono, a WND afirma que os serviços secretos dos EUA têm conhecimento da existência dessas tecnologias de fabrico desde 2001. Este tipo de laboratórios da Al-Qaeda continua hoje a funcionar.
Voz da Rússia
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
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Gás sarin desgasta membros do Conselho de Segurança da ONU
Gás sarin desgasta membros do Conselho de Segurança da ONU
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