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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Analistas veem presidente sírio mais confiante do que nunca

Beirute — O presidente sírio, Bashar al-Assad, que disse estar disposto a buscar a reeleição, sente-se confiante, graças ao apoio internacional de seus aliados e ao temor ocidental da ascensão do extremismo islâmico na Síria – de acordo com analistas consultados pela AFP.

Acrescenta-se a isso os elogios feitos pelo governo dos Estados Unidos à colaboração do regime sírio com a missão conjunta das Nações Unidas (ONU) e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), encarregada de supervisionar a eliminação do arsenal químico sírio.


Em entrevista divulgada na segunda-feira à noite por uma emissora de televisão libanesa, Assad afirmou que não vê problemas em se candidatar à eleição presidencial de 2014. Ele disse também que "ainda não estão dadas as condições" para um diálogo de paz com a oposição, previstas para acontecer em Genebra, em novembro próximo.

Para o cientista político Hilal Jashan, da Universidade Americana de Beirute, situada na capital libanesa, essas declarações são uma manobra de Assad para obter vantagem nas negociações, já que "a força que ele tem sobre o terreno e as condições gerais permitem isso".

Assad "se sente mais seguro do que nunca", afirma o diretor de Pesquisa no Brookings Doha Center, Shadi Hamid. Segundo ele, a ideia de que terá de deixar o poder imediatamente foi descartada, e "Assad é, agora, um sócio da comunidade" internacional no processo de desarmamento químico.

"Até os Estados Unidos recuaram em seu discurso sobre 'a necessidade de uma saída de Assad'", completou Hamid.

A renúncia do presidente era até então reivindicada pelo movimento de contestação, que teve início em março de 2011 e se militarizou devido à sangrenta repressão que mergulhou o país em uma guerra civil. Segundo uma ONG local, já são mais de 115 mil mortos.

Desde o início, os aliados de Damasco Rússia e Irã insistem em que Assad deve permanecer no poder. O mandato do presidente sírio termina em meados de 2014.

Damasco "conta" com o fato de "o bloco aliado do regime sírio ser coerente", afirma Jashan.

Além disso, completa o cientista político, o regime de Assad saiu fortalecido das consequências do ataque químico de 21 de agosto – ataque esse pelo qual a oposição e os países ocidentais responsabilizaram o governo sírio.

No final de setembro, quando uma intervenção de Washington na Síria parecia iminente, Rússia e Estados Unidos chegaram a um acordo sobre o fim do arsenal químico sírio. A resolução da ONU depois desse acordo estipulou que a eliminação do arsenal químico deve ser concluída até 30 de junho de 2014 e estabeleceu uma missão conjunta ONU-Opaq para trabalhar no terreno desde o início de outubro.

– Jogo mudou a favor de Assad –

A responsável pela missão conjunta ONU-Opaq, Sigfrid Kaag, declarou nesta terça-feira que, até o momento, a Síria "cooperou plenamente". Ainda segundo ela, "ao ratificar a Convenção sobre as Armas Químicas, o governo sírio mostrou seu compromisso com a tarefa" de destruir seu arsenal químico.

No começo de outubro, o secretário de Estado americano, John Kerry, elogiou "o consentimento da Síria" para a destruição de suas armas químicas, iniciada em um "prazo recorde".

O fato de Kerry ter elogiado o regime sírio por seu compromisso na questão das armas químicas significa "uma autêntica mudança", destaca Hamid.

"O acordo foi uma vitória para Assad (…) Se tivesse ocorrido a intervenção militar, a capacidade de Assad para se manter no poder teria ficado ameaçada", completa.

Hoje, são "os combatentes rebeldes, que haviam desejado a intervenção, que estão decepcionados" quando pedem armas aos ocidentais para enfrentar o Exército do regime, comenta.

Os países ocidentais temem, contudo, que as armas caiam nas mãos de grupos jihadistas ligados à rede Al-Qaeda, que vem ganhando protagonismo no terreno.

"Assad sente que isso joga a seu favor (…) Hoje ele pode dizer ao mundo: 'essa é a alternativa?'", conclui Hamid.

AFP

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