O gabinete de segurança israelense manterá a sua decisão de não ratificar a Convenção internacional de proibição das Armas Químicas (CWC, na sigla em inglês), embora figuras da liderança na Defesa tenham se pronunciado a favor da assinatura, de acordo com uma fonte oficial superior, citada pelo jornal israelenseHa’aretz.
Operação Chumbo Fundido, das Forças de Defesa de Israel contra a Faixa de Gaza, entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009. O uso de munições com fósforo branco em áreas habitadas foi denunciado pela ONU e por várias ONGs de direitos humanos.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu realizou uma reunião com o gabinete há algumas semanas para discutir a política nacional relativa à convenção, que proíbe a produção, armazenamento e o uso de armas químicas, e prevê a sua destruição.
Israel assinou o documento, mas não o ratificou no Parlamento ou no gabinete, o que à princípio o mantém inválido para os israelenses, embora juristas internacionais defendam um princípio que criminaliza as armas químicas através do costume, e não só através dos tratados.
Uma fonte oficial deu declarações ao Ha’aretz em condições de anonimato, e disse que o debate foi suscitado pelo acordo entre a Rússia e os Estados Unidos para a destruição do arsenal químico da vizinha síria. O governo do país árabe dispôs-se a receber inspetores da Organização das Nações Unidas para o processo de avaliação e destruição do seu arsenal, e ratificou a CWC.
Embora Israel tenha assinado a convenção em 1993, não ratificá-lo significa manter-se afastado do compromisso assentado pelo documento. Enquanto isso, oficiais israelenses fizeram comentários à mídia estrangeira sobre seus estoques de armas químicas e sobre as exigências para destruí-los.
Netanyahu levantou a questão em uma sessão do gabinete de segurança que lidava com a questão da Síria, depois de ministros terem feito pesquisas sobre o processo de destruição do arsenal químico do país árabe. Entretanto, a reunião não durou muito e não houve votação a respeito.
Tanto Netanyahu quanto o ministro da Defesa, Moshe Ya’alon, disseram acreditar que Israel não mudaria a sua política sobre a convenção, e também não trariam a questão para a votação, segundo a autoridade citada pelo Ha’aretz. Depois de uma consulta breve, ficou decidido que Israel manteria sua posição.
Outra autoridade familiar à CWC disse que, apesar da objeção de Netanyahu e Ya’alon, um grande número de oficiais superiores da Defesa acreditavam que, já que a Síria comprometeu-se com o desarmamento, Israel também deveria ratificar o tratado, seja por questões defensivas ou pelo posicionamento diplomático.
“Ratificar o tratado poderia trazer vantagens estratégicas e econômicas”, disse a autoridade citada.
De acordo com especialistas, Israel tem um estoque de armas químicas bastante diversificado. O historiador Avner Cohen afirmou, em um livro intitulado “Israel e a Bomba”, que o primeiro premiê israelense, David Ben-Gurion encomendou secretamente o desenvolvimento de armas químicas durante a Campanha do Sinai, em 1956.
Há algumas semanas, após o anúncio da Síria sobre o desmantelamento do seu arsenal, Israel foi instado, especialmente por diplomatas da Rússia e da própria Síria, a também ratificar a convenção.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Yigal Palmor declarou ao Ha’aretz que Israel não ratificaria o compromisso enquanto outros países da região possuidores de armas químicas se recusassem a reconhecer o país e “ameaçassem a sua destruição”. Palmor alegou que “organizações terroristas, agindo em prol desses Estados”, também poderiam usar essas armas químicas.
Entretanto, o governo israelense foi acusado diversas vezes de usar armas químicas em suas ofensivas contra os palestinos, os sírios e os libaneses, principalmente, em guerras bastante recentes.
Em 2009, uma missão de investigação do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas publicou um relatório de mais de 500 páginas, em que acusou Israel de usar fósforo branco e tungstênio sobre regiões densamente habitadas, durante a Operação Chumbo Fundido, que durou 22 dias e matou mais de 1.400 palestinos.
No âmbito do processo de desarmamento químico da Síria, diversos líderes, inclusive o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, saudaram a colaboração do governo e o comprometimento com o tratado.
Os inspetores internacionais anunciaram, no fim da semana passada, que todos os equipamentos usados para a produção de armas químicas tinham sido destruídos, e o arsenal, propriamente dito, pode ser destruído até meados de 2014, conforme o cronograma.
Com informações do Ha'aretz,Moara Crivelente, da redação do Vermelho
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
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Em reunião, governo de Israel decide manter arsenal químico
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