Jihad Assimétrica: As Doutrinas Mosaico e de Guerra irrestrita da República Islâmica do Irã - Noticia Final

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sábado, 9 de novembro de 2013

Jihad Assimétrica: As Doutrinas Mosaico e de Guerra irrestrita da República Islâmica do Irã

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Plano Brasil
Vympel
Como um país com forças armadas claramente inferiorizadas em meios de combate como o Irã, pode oferecer um desafio desproporcional para as forças muito mais poderosas dos EUA, da OTAN e de Israel em um possível enfrentamento na região do Golfo Pérsico? A questão do enriquecimento de urânio, que alguns anos atrás certamente envolveria um ataque preventivo por parte dos EUA ou mais provavelmente de Israel (como ocorrido em Osirak e Al Kibar), ainda não ocorreu, o que demonstra uma cautela destes países muito maior do que o normal, quando comparada a situações de anos anteriores (principalmente quando se leva em consideração que o Irã não é um país com armas nucleares, ao contrário da Coréia do norte). O que torna o Irã diferente de outros países da região que sucumbiram ao emprego de meios militares modernos, embargos econômicos e operações de desestabilização interna?  Este artigo tenta elucidar de forma simplista essa questão, servindo de exemplo para nós brasileiros do que significa “adaptar-se aos novos tempos”.
A República Islâmica do Irã possui grande experiência em guerra assimétrica, ao contrário que muitos pensam. Desde a guerra contra o Iraque (1980-1988), onde um Irã inferiorizado em meios militares utilizou seus meios humanos para superar suas limitações em um conflito militar convencional contra o Iraque (o qual ocasionou cerca de 1.000.000 de baixas iranianas em comparação com os 375.000 iraquianos mortos no conflito), vem através dos anos aprimorando suas técnicas assimétricas de combate, visando formas mais eficientes de empregar seu poder militar.
A falta de um orçamento militar comparável as maiores potências militares do planeta, a falta de uma base tecnológica para o desenvolvimento de tecnologias sensíveis e a falta de confiança existente para com os principais fornecedores de armamentos mundiais (vide o embargo dos S-300 pela Rússia), em virtude do governo de Teerã estar alinhado com o radicalismo islâmico mundial, fizeram com que este país buscasse soluções nacionais, dentro das possibilidades, para suprir o atraso tecnológico requerido para o desenvolvimento de armas modernas. O tempo para o desenvolvimento da economia nacional e destas tecnologias sensíveis pode levar décadas. Enquanto isto não acontece, o Irã criou uma força que se propõe substituir um exército moderno organizado convencionalmente (nos níveis necessários) por um exército voltado para operações de resistência, em um quadro de guerra não-convencional, o IRGC.
A exportação de treinamento militar iraniano, especialmente pelo IRGC (Army of the Guardians of the Islamic Revolution – Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica) para conflitos do Líbano (1982 e 1985) e outros países (Afeganistão, Chechênia, Iraque) proporcionaram uma experiência operacional extremamente valiosa para o Irã, pois através principalmente do Hezbollah (treinados pela força Quds) foram testadas técnicas de combate assimétrico contra exércitos muito mais poderosos, modernos e organizados convencionalmente, que no futuro serão empregadas contra os seus adversários.
1 – As Áreas de Operações: O Golfo Pérsico, O estreito de Ormuz e o Golfo de Oman
O Golfo Pérsico
O Golfo Pérsico compreende a principal área de operações, com cerca de 900 km de comprimento e de 50 á 350 km de largura, com uma profundidade que varia de 50 á 110 metros, sendo um local de águas restritas, o qual contribui para uma estratégia de guerra assimétrica.
É o local onde se concentram cerca de 75% das reservas mundiais de petróleo e cerca de 45% das reservas de gás natural. De janeiro a maio de 2008, as nações do Golfo Pérsico (excluindo Bahrain e Oman) exportaram 267 bilhões de dólares. A província oriental da Arábia Saudita (onde se encontram as maiores concentrações de gás natural e petróleo do país) tem sua área costeira no Golfo Pérsico.
Concentrações dos terminais de petróleo e gás natural dos países produtores do Golfo Pérsico e Golfo de Oman
Suas características geográficas favorecem as operações assimétricas, devido principalmente á:
  • Proximidade da malha rodoviária litorânea do Irã, o qual permite flexibilidade tática de suas operações (lançadores de mísseis antinavio móveis);
  • As águas confinadas do Golfo Pérsico limitam a capacidade de manobra das forças navais de organização convencional de grande porte e suas águas de pouca profundidade favorecem a operação de mini-submarinos (midgets);
  • Antecipação das áreas de engajamento, devido ao golfo ser uma área restrita e que tem contato com toda a faixa costeira do Irã.
O Estreito de Ormuz
Uma das mais importantes vias de comunicação marítima do mundo, com aproximadamente 200 km de comprimento e 90 km de largura em sua porção oeste e 40 km em sua porção leste, ligando o Golfo Pérsico ao Golfo de Oman, com uma profundidade média de 50 metros. Cerca de 20% do comércio mundial de petróleo (17 milhões de barris/dia) e 30% do de gás natural passam pelo Estreito de Ormuz diariamente.
Um eventual fechamento do estreito de Ormuz paralisaria o comercio de petróleo e gás na região, causando uma crise econômica mundial. Tal fato é alardeado sempre pelo regime de Teerã, o que torna indesejável em suas formas iniciais, um conflito militar nesta área. Tal fato é explorado por Teerã como um ganho político. Países tradicionalmente contrários aos EUA e a OTAN, os quais dependem grandemente do petróleo e do gás natural desta região (Ex: China), provavelmente apoiariam Teerã devido ao desejo de manter suas vias de comunicação marítimas em segurança, garantindo assim o fornecimento de matérias primas (vide a matéria “Visão de futuro da Marinha Chinesa: A Estratégia das três Cadeias de Ilhas”). A Rússia também apoiaria nações contrárias aos EUA e a OTAN, devido a presença no mar mediterrâneo de sua única base nesta região, o porto de naval de Tartus, na Síria.
Alcance dos mísseis antinavio lançados a partir do território iraniano (Noor, Qader, Raad e Khalij Fars). 180 mi = 288 km e 75 mi = 120 km.
O Golfo de Oman
Tem aproximadamente de 340 a 950 km de largura, conectando o Golfo Pérsico ao Mar da Arábia / Oceano Índico, sendo muito mais profundo que o Golfo Pérsico, com uma profundidade máxima de 3.400 metros. Provável local de concentração da frota da USN, antes de uma incursão no Golfo Pérsico.
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O Estreito de Ormuz
2 – Antecedentes: A guerra Irã x Iraque
Durante a guerra contra seu vizinho Iraque, que durou de 1980 a 1988, ocorreram campanhas convencionais e não convencionais, de acordo com o desenrolar da guerra. Um acontecimento marcante foi a chamada “guerra dos petroleiros”, em que ambos os países atacavam navios petroleiros e mercantes do adversário e de países neutros, visando “estrangular” a economia do inimigo, a qual basicamente se sustentava nas exportações de petróleo.
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Navio petroleiro atingido por míssil Exocet durante a guerra dos petroleiros (1984-1987).
No início de 1984, com derrotas sucessivas e o risco de invasão pelo Irã, o Iraque foi duramente pressionado por uma grande ofensiva iraniana. Saddam esperava que, ao atacar os petroleiros iranianos, estes poderiam fazer algo extremo em retaliação como fechar o Estreito de Ormuz para todo o tráfego marítimo e assim trazer intervenção norte-americana para a guerra, salvando o regime de Saddam de uma possível derrota.
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Neste cenário, foram utilizadas pelo regime iraniano as IRGC (Army of the Guardians of the Islamic Revolution – Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica), que diferentemente dos outros setores das forças armadas (Marinha, Exército e Força Aérea), especializou-se na utilização de táticas não-convencionais de guerrilha contra o inimigo em um quadro de resistência, devido a sua limitações de meios de combate quando comparados com as forças armadas iraquianas.
Com a experiência em guerra assimétrica adquirida durante a guerra contra o Iraque, o IRGC desenvolve atualmente táticas de guerra assimétrica voltadas para o enfrentamento da USN (United States Navy – Marinha dos Estados Unidos) nas águas restritas do Golfo Pérsico, do estreito de Ormuz e provavelmente nas aguas do Golfo de Oman, além de seu próprio território continental. Com o fim da guerra em 1988, Teerã definiu como metas para o IRGC a defesa da navegação comercial, o controle das rotas de comunicações marítimas e a capacidade de enfrentamento de uma força adversária no Golfo Pérsico. Para tanto, foram identificados os seguintes requerimentos para as forças navais do IRGC:
  • Acúmulo de misseis antinavio a serem lançados de várias plataformas móveis de lançamento;
  • Pequenos barcos de alta velocidade e pesadamente armados com mísseis e foguetes antinavio;
  • Grande número de pequenos navios lança-minas;
  • Aumento da capacidade de guerra submarina, através de novos submarinos, armas e sensores;
  • Grande número de plataformas de combate que sejam rápidas, pequenas e de difícil detecção (mini-submarinos, VANT’s);
  • Treinamento especializado, ao invés de quantidade;
  • Melhores comunicações e coordenações entre as unidades de combate;
  • Melhora na capacidade de inteligência e contra-inteligência;
  • Capacidade de degradar o C4ISR do inimigo, paralisando ou prejudicando suas operações.
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Quadro comparativo do número das plataformas navais iranianas em relação aos outros países do golfo pérsico.
(Iran’s Two Navies: A Maturing Maritime Strategy – Commander Joshua Himes, U.S. Navy).

3 – O IRGC: Finalidade, organização e ramos militares subordinados
O IRGC, mais conhecido como “Guardas revolucionários”, é uma força de segurança interna que complementa as funções das forças armadas do Irã (Marinha, Exército e Força Aérea) sendo totalmente independente destas (inclusive se sobrepondo as mesmas). É subordinada diretamente ao Aiatolá Ali Khamenei.
São finalidades do IRGC:
  • Proteger o sistema islâmico do país;
  • Eliminar revoltas internas dissidentes ao regime islâmico;
  • Monitoramento dos militares;
  • Organização de resistência armada voltada para guerra não-convencional ou assimétrica em auxílio as forças armadas;
  • Controle do Estreito de Ormuz;
  • Controle das forças de mísseis balísticos;

Organização do IRGC
O IRGC tem um efetivo de aproximadamente 125.000 integrantes (excetuando a força Basij) e possui suas próprias forças terrestres, navais e aéreas. Divide-se em
  • Força Aeroespacial: Opera basicamente pequenas aeronaves que seriam utilizadas para apoio das forças irregulares em um ambiente assimétrico. Tem como principal função operar e manter os mísseis balísticos de curto, médio e longo alcance da força de mísseis balísticos do Irã.
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Lançamento de um MRBM Sejil
  • Forças terrestres: Tem como função básica em tempo de paz a segurança interna, e em tempo de guerra operaria como força de guerrilha. Tem um efetivo de 100.000 integrantes;
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Forças terrestres do IRGC
  • Forças navais: Tem como função básica o desenvolvimento de táticas assimétricas para operações no Golfo Pérsico e no estreito de Ormuz. Possui um efetivo de 20.000 integrantes e cerca de 1.500 embarcações em sua maioria barcos de ataque rápidos e mini-submarinos;
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Barcos rápidos de ataque classe Nasr-1 e mini-submarinos classe Ghadir
  • Força Quds Jerusalém”: É a força de elite do IRGC, sendo responsável pelas operações extraterritoriais e a “exportação da revolução islâmica” para outros países. É capacitada a organizar, treinar, equipar e financiar movimentos revolucionários islâmicos ou não em vários países. A Força Quds tem treinado e equipado grupos como o Hezbollah, o Hamas, os insurgentes xiitas iraquianos e até mesmo elementos do Talibã. Já foram usadas para atacar os EUA e outras forças ocidentais no Líbano, no Iraque e no Afeganistão, e podem ser utilizadas contra alvos norte-americanos fora do Irã em caso de um conflito futuro. Tem um efetivo que pode variar de 5 a 15.000 integrantes.
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Força Quds em treinamento de CQB
Algumas operações conhecidas da força Quds:
  • Milícia Basij “Libertação dos oprimidos”: É uma milícia paramilitar voluntária que tem a função de auxílio a segurança interna, podendo ser utilizada em combate (como quando foi utilizada na guerra contra o Iraque, onde atacou com “ondas humanas” e abrindo caminho em campos minados através de “operações de martírio”) ou como apoio nas próprias missões do IRGC. A milícia Basij serve como uma força auxiliar envolvida em atividades como a segurança interna, auxiliares da aplicação da lei, prestação de serviço social, organização de cerimônias religiosas públicas, e mais notoriamente, o policiamento da moral e da supressão de reuniões de dissidentes (eleição presidencial iraniana de 2009). Tem um efetivo pronto de 90.000 integrantes mais 300.000 reservistas em idade militar, podendo chegar a até 13.6 milhões de integrantes (20% da população total) de ambos os sexos e em todas as idades. 
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Treinamento de reservistas da milícia Basij
3 – A Doutrina Mosaico e a Doutrina de Guerra Irrestrita
A Doutrina Mosaico:
Para o Irã, uma intervenção no estreito de Ormuz envolveria Israel, a OTAN e os EUA, numa força conjunta com consequências catastróficas para o próprio Irã. Superado por muitas vezes no aspecto militar convencional, o Irã elaborou uma estratégia assimétrica chamada Doutrina Mosaico, onde ocorreu uma total descentralização da cadeia de comando do IRGC, passando de uma força de estabilização interna organizada convencionalmente em batalhões e brigadas para os atuais “corpos” existentes em cada província do país (30 províncias, com a capital Teerã com um corpo adicional), sendo estes corpos otimizados para operarem em pequenas unidades de combate muito ágeis e de forma autônoma (ou seja, sem a necessidade de ser orientada em combate pelo comando nacional), visando a defesa da província onde se localiza. Este e o primeiro caso nos dias atuais que um estado-nação assimila a idéia de guerra assimétrica como doutrina principal, ao invés de adotá-la somente após uma derrota de seus meios convencionais.
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Províncias Iranianas em 2006
A vantagem mais clara deste tipo de organização descentralizada é uma enorme capacidade de sobrevivência contra ataques cirúrgicos realizados normalmente no início das hostilidades, os quais tem como função a destruição do C2 (comando e controle) e que em outras ocasiões (Ex: Guerra do Golfo em 1991 e invasão do Iraque em 2003) decapitaram organizações hierárquicas de estrutura vertical, como são praticamente todas as forças armadas organizadas de maneira convencional. Ao destruir os órgãos diretores da cadeia de comando, as unidades militares subordinadas são desprovidas de ordens de como agir durante o combate, criando assim o caos no sistema de comando e controle, tornando impossível o gerenciamento eficaz de uma força militar.
Este tipo de organização descentralizada e voltada para operações assimétricas favorece o emprego de técnicas de combate irregulares a serem utilizadas contra um exército de composição convencional, o qual é otimizado para combater uma força adversária de características semelhantes a sua própria, não tendo sucesso normalmente contra um adversário que opera em pequenos grupos altamente ágeis e integrados com a população local.  Estas técnicas de combate irregular tem suas origens nos ensinamentos colhidos durante os enfrentamentos entre o Hezbollah e o exército israelense em 2006 (além das aprendidas em operações em outros lugares do mundo), onde membros do Hezbollah orientados por agentes do IRGC (força Quds), utilizaram armamentos de infantaria de última geração (RPG-7, RPG-29 e ATGM Kornet) em pequenas unidades de guerrilha altamente móveis baseadas em vilas da área de operações, sendo os habitantes do local utilizados como uma rede de informações e alerta (HUMINT). Para se ter idéia do nível de treinamento do Hezbollah na ocasião, foram utilizados até VANT’s e um míssil antinavio C-802 em uma operação que terminou com uma corveta da marinha israelense, o INS Hanit, seriamente danificada e quatro marinheiros israelenses mortos.
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Equipes de mísseis antiaéreos (SA-18) e anticarro (RPG-7) do IRGC. Observem que as mesmas são organizadas em equipes de dois homens em motocicletas, evidenciando assim a preocupação com a alta mobilidade destas equipes, fator preponderante em operações de guerra assimétrica.
O mesmo raciocínio se daria com as forças navais e aéreas no caso de um enfrentamento assimétrico, sendo os principais aeroportos e portos (militares e comerciais, que seriam alvos prioritários) abandonados, e seus meios militares espalhados e camuflados no litoral e no interior do país, sendo apoiados pela milícia Basij, visando manter sua localização em sigilo e assim favorecendo um ataque surpresa em massa, coordenando contra forças navais superiores.
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Dada a superioridade numérica e tecnológica do inimigo, o IRGC usará técnicas de guerra assimétrica, tais como aquelas usadas ​​pelo Hezbollah em sua guerra de 2006 com Israel no Líbano. A estratégia iraniana também reflete os pontos fortes e fracos das forças dos EUA no Afeganistão e no Iraque. 
General Mohammad Ali Jafari – Chefe do IRGC
A Doutrina de Guerra Irrestrita:
A doutrina de guerra irrestrita tem como finalidade proporcionar a uma nação mais fraca uma vitória contra um inimigo muito superior, ao se utilizar um modelo de guerra econômica e social para se ganhar a guerra política. O conceito de guerra irrestrita foi oficialmente criado em 1999 por dois altos coronéis chineses, Qiao Liang e Wang Xiangsui, os quais publicaram um livro no qual mostram uma nova maneira de um estado muito mais fraco conduzir uma guerra contra outro estado, este muito mais poderoso, expandindo a guerra para além do domínio tradicional, usando o conceito de “guerra irrestrita”.
O Irã é atualmente, o país que mais se prepara militarmente nos moldes da guerra irrestrita, a qual se propõe a anular a vantagem tecnológica exercendo ações de contra-pressão” através de ações políticas, econômicas e sociais e outras “operações militares de não-combate”, baseadas nas vulnerabilidades do inimigo assimétrico, seja no plano militar (através do estudo das possibilidades e limitações mostradas em combate em outras regiões do mundo e a exploração das mesmas), no plano econômico (dificultando através do apoio de representações políticas contrárias ao interesse do país inimigo a obtenção de materiais estratégicos que são necessários a economia deste país, como petróleo, minerais e acordos econômicos) e no plano social(análise dos problemas sociais do país inimigo e financiar o agravamento destes, como tráfico de drogas, criminalidade, problemas raciais e étnicos) além de apoiar países ou organizações que são contrários a política externa do país inimigo em escala global.
“Ou seja, o conceito de guerra irrestrita propõe que não é necessário vencer batalhas para ganhar a guerra, e sim ganhar as representações políticas que o conflito cria.”
Para conseguir tais representações políticas, é necessário atingir certos objetivos:
  1.  A negação de objetivos a serem alcançados pelo inimigo: Não importa se você não ganhar a guerra, desde que o inimigo também não a ganhe. Isso quer dizer o alongamento do conflito o máximo possível, impedindo que o país inimigo não possa fazer previsões de quando conseguirá a vitória, pelo fato de não conseguir atingir seus objetivos estratégicos;  
  2. A necessidade de criar pressão coerciva constante sobre o inimigo: A ameaça constante de afundamento de porta-aviões, de ataques com a força de mísseis balísticos a alvos militares e civis, a interrupção do fornecimento de petróleo (causando uma crise financeira global) e de uma guerra santa (Jihad) contra Israel, mesmo que de difícil (ou quase impossível) cumprimento, causam sempre grandes apreensões que acabam por influenciar no julgamento da comunidade internacional quanto as exigências do Irã na arena internacional; 
  3. Trazer a guerra para o campo econômico e social: A guerra irrestrita engloba todas as facetas da sociedade. Países como Israel e os EUA (pelo fato de serem democracias, onde o povo tem participação direta nas decisões) são mais vulneráveis ao espectro de mais uma guerra de longa duração (com muitas baixas) no plano social. Economicamente, o temor que um fechamento do estreito de Ormuz produziria na economia mundial devido ao exponencial aumento do consumo de petróleo por estas nações, causando assim uma sensação de que, devido ao desenvolvimento de um novo método de guerra assimétrica pelo Irã, talvez os EUA e Israel não consigam de fato alcançar seus objetivos propostos em curto espaço de tempo e com poucas baixas; 
  4. Apoiar estados constituídos ou organizações contrárias á política externa dos EUA e de Israel: É notório o apoio que o Irã presta á organizações e a países que são contrários á politica externa dos EUA, de Israel e seus aliados da OTAN, através do financiamento, treinamento e equipamentos destes, visando causar um agravamento da situação política destes países em todo mundo, enfraquecendo assim sua posição politico/militar global. Tal função é cumprida pela Força Quds, a qual opera fora das fronteiras do país. São alguns destes países ou organizações: 
  • Apoio as facções xiitas iraquianas;
  • Apoio ao regime sírio de Bashar al-Assad;
  • Apoio ao regime líbio de Kaddafi;
  • Apoio ao Hezbollah em sua luta contra Israel;
  • Apoio ao Hamas na palestina;
  • Apoio aos bósnios muçulmanos contra os sérvios na Iugoslávia;
  • Apoio aos curdos contra Saddam Hussein no Iraque;
  • Operações na Índia, Líbano, Iêmen, Jordânia, Chechênia.
Muito tem se falado
 4 – Influências do Irã na América do Sul
Governos como os do Equador, Venezuela e Bolívia que são claramente opostos ás políticas norte-americanas mantém relações estreitas com o Irã, o qual este fornece apoio tecnológico nas mais variadas áreas (principalmente militar) com o motivo sugerido de “combater o imperialismo”, e assim enfraquecer a posição dos EUA na região.
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Mahmoud Ahmadinejad com líderes latino-americanos (Evo Morales, Hugo Chávez e Rafael Corrêa).
A República Bolivariana da Venezuela, a qual recebe apoio iraniano, aparentemente organiza suas forças policiais e militares nos moldes de suas congêneres iranianas. O melhor exemplo disso são os “comandos antigolpe” fundados pelo ex-presidente da Venezuela, os quais têm a função de manter o regime atual no poder, sendo planejado um efetivo de cerca de 1 milhão de homens até 2019.
Maduro afirmou que estes “comandos anti-golpe”, cuja estrutura, número e composição não detalhou, estarão presentes em cada um dos 23 estados da Venezuela e na capital Caracas. 
                                                                                              Agência de notícias Terra – 26 out 2013
Será que é mera coincidência ou o IRGC está exportando o know-how iraniano para a garantia da existência do regime islâmico para ser aplicado na Venezuela, visando garantir a continuidade do bolivarianismo venezuelano?
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Milícia bolivariana em Caracas
5 – Conclusão
O Irã pretende compensar sua falta de desenvolvimento econômico e  tecnológico em áreas sensíveis utilizando-se de uma estratégia assimétrica desenvolvida através dos anos e voltada para o enfrentamento de adversários de doutrina militar ocidental,   conseguindo assim tempo para para a consecução de seus objetivos estratégicos como nação, ao mesmo tempo que detém uma concentração de poder de combate que, devido as suas características únicas, causa apreensões desproporcionais entre seus adversários.
Bibliografia:
Iran’s Asymmetric Naval Warfare – Fariborz Haghshenass
Iran’s Naval Forces: From Guerilla Warfare to a Modern Naval Strategy
Iran’s Two Navies: A Maturing Maritime Strategy – Commander Joshua Himes, U.S. Navy
Army-tecnology.com
milicia.mil.ve
Wikipédia
Plano Brasil

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