Em antecipação da cimeira de Vilnius da Parceria Oriental, os promotores da integração europeia continuam a promover intensivamente os "benefícios" que os países do espaço pós-soviético supostamente receberão da associação com a UE. Um lugar especial nas coleções de mitos e lendas de vida de paraíso na União Europeia ocupam as histórias de que a Europa vai ajudar a Ucrânia, a Moldávia e outros países da Parceria Oriental a adquirir a cobiçada independência energética de Moscou.
Se olharmos para a situação dos países da Europa do Leste membros da UE, surge uma imagem completamente diferente. As promessas de independência energética na prática tornam-se um "cabresto energético".
A atitude da UE para com os interesses econômicos de seus parceiros "júniores" é fácil de estimar olhando para o que as autoridades europeias fizeram com suas indústrias de energia. Exemplo clássico são os países bálticos que se tornaram importadores de energia elétrica europeia cara depois de Bruxelas ter obrigado a Lituânia a encerrar a central nuclear de Ignalina.
Políticos europeus e ucranianos gostam de contar como a União Europeia vai "puxar" a Ucrânia até aos padrões europeus. Mas na prática verifica-se que não haverá nenhum "puxão", não é lucrativo para os europeus criarem concorrentes para si próprios, mas o uso de alavancas administrativas para removê-los é uma prática muito rentável e bem estabelecida.
A usina nuclear de Ignalina não é o único exemplo de uma política intransigentemente egoísta da UE no setor da energia. A julgar pelo fato de que o controle da energia nuclear ucraniana, após a assinatura do Acordo de Associação com a UE, irá passar totalmente para agência europeia Euratom, espera-a uma destruição total.
A política da UE no setor da energia pode ser analisada no exemplo da Bulgária, Romênia e Polônia. A UE cria condições para a inclusão de sistemas de energia de seus parceiros em seu sistema, o que, por um lado, abre a possibilidade de exportação de energia elétrica, mas, por outro lado, provoca um brusco aumento dos preços domésticos. Isto leva à perda de rentabilidade da produção industrial e à desindustrialização.
No caso da Ucrânia, a UE poderia ter ainda um outro motivo adicional: sincronizar o sistema de energia ucraniano com o europeu significa "cortá-lo" do sistema da Rússia, o que, do ponto de vista de Bruxelas, será uma clara vantagem. E para que a Ucrânia não possa manter baixos os preços domésticos de energia elétrica através de medidas administrativas, Bruxelas tem um aliado leal – o FMI.
A experiência romena em negociações com o FMI aponta para um padrão interessante. Bruxelas e o FMI apresentam demandas semelhantes: privatizar o setor de energia e trazer os preços ao nível europeu. É evidente que o FMI, em conjunto com a UE, alcança seus objetivos facilmente, especialmente em negociações com países que têm dificuldades financeiras.
Assim acontece que, em vez da independência energética prometida e ajuda em atingir "padrões europeus", a UE põe no pescoço das economias fracas um "cabresto energético": usinas nucleares são encerradas, eletricidade barata é exportada para a Europa, e os preços domésticos para os habitantes e a indústria crescem até ao nível europeu. Será que vale a pena para a Ucrânia destruir voluntariamente seu setor energético e uma das poucas vantagens competitivas da economia ucraniana? É uma pergunta retórica.
Voz da Rússia
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
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O cabresto energético da União Europeia
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