As relações comerciais entre Rússia e Brasil vão ganhando mais densidade em várias frentes. Entre um novo empreendimento acordado, o desdobramento de negócios já consolidado e outros em perspectiva, os dois países estão fechando a semana com mãos à obra.
Pela ordem, ao portfólio bilateral foram acrescentados uma futura fábrica em parceria entre a russa Power Machines e a Fezer Indústrias Mecânicas; a chegada de técnicos da vigilância veterinária russa, em visita a 14 frigoríficos, visando encontrar uma solução para os impasses sobre a carne brasileira; e o anúncio da Gazprom, exclusivo à Voz da Rússia, de que a “timidez” da estatal no país vai acabar em breve.
Binacional de turbinas hidrelétricas
Até agora, quatro usinas hidrelétricas brasileiras – Capivara (Paraná), Sobradinho (Bahia), Porto Goes (São Paulo) e São João (Rio Grande do Sul) -, produzem energia com turbinas russas apenas importadas. Em até três anos, no mínimo, futuras plantas de geração de energia terão à disposição equipamentos feitos em Caçador chancelado pela Power Machines, de São Petesburgo.
O presidente da metal-mecânica de Santa Catarina, Fernando Fezer, acaba de chegar da Rússia com o negócio fechado pelo CEO Igor Kostin. A presença do governador Raimundo Colombo garante que o Estado oferecerá incentivos fiscais ao novo empreendimento, que também produzirá certos tipos de geradores.
Fezer, a pedido dos parceiros, ainda não pode divulgar os valores do investimento, a participação societária de cada parte e se a recorrerão a recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Mas é certo que a Power Machines deverá ser destaque, na medida em que é a detentora da tecnologia e uma gigante do setor: entre as cinco maiores do mundo, com uma participação de 70% na Federação Russa, presente também em 57 países, empregando perto de 20 mil funcionários, faturamento US$ 2,095 bilhões e lucro líquido de US$ 377 milhões o ano anterior.
A Fezer Indústrias Mecânicas, nascida em 1948, é estreante nesse segmento de bens de capital. O seu negócio é máquinas e equipamentos de todos os tipos para a indústria madeireira. De porte médio, mas igualmente presente em todos os continentes, incluindo importante mercados no processamento da madeira, como Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia, Finlândia, China e Rússia.
Na carne, boa vontade recíproca
Há duas semanas, o Rosselkhoznadzor liberou três frigoríficos de carne bovina – como aqui foi noticiado – que estavam impedidos de exportar para a Rússia por terem sido flagrados em seus produtos o hormônio ractopamina. Desde segunda os técnicos do Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária estão percorrendo o Brasil em inspeção a 14 abatedouros e outros poderão ser autorizados.
Pode até resultar em novas plantas embargadas – afinal, como reconhece a entidade setorial Abrafrigo, o uso do hormônio “lamentavelmente ” ainda existe – mas o relevante é que os dois lados procuram encontrar uma solução para um negócio importante para ambos.
Se a Rússia não aceitar algumas sugestões do Brasil, como a segregação de pecuaristas recalcitrantes e dar prazos para os frigoríficos mostrarem que estão em ordem, os preços naquele mercado explodirão, segundo o presidente executivo da Abrafrigo, Péricles Salazar.
Com menor oferta do produto brasileiro, o maior fornecedor mundial e também ao país, o consumidor russo via pagar mais caro. Os outros produtores internacionais vão especular na cotação da carne, como já aconteceu.
“E os nossos parceiros russos sabem disso, não há como negarem e por isso estão percorrendo o país tentando encontrar mais exportadores aptos”, lembra Salazar, enquanto defende maior fiscalização do Serviço de Defesa Agropecuária do Brasil, que tem na Rússia o segundo maior comprador mundial (US$ 1,046 bilhão/266 mil t. de janeiro a outubro).
Gazprom irá às compras futuramente
Nos leilões de 240 blocos exploratórios que estão acontecendo nesta quinta e amanhã, no Rio de Janeiro, a Gazprom não está participando. O que interessa à estatal russa é sair comprando futuramente as empresas, ou participações acionárias, que conseguirem mostrar que seus poços apresentam bons volumes de gás.
A Gazprom, inclusive, vinha conversando sobre essas possibilidades com algumas das 12 empresas habilitadas ao leilão pela Agência Nacional de Petróleo, estabelecendo as bases de possíveis acordos.
É o que garante o vice-diretor no país, Yuri Ribeiro, em resposta à surpresa que causou a ausência, mais uma vez, da companhia especializada em gás em uma nova rodada de concessão de jazidas com potencial exclusivo para gás.
“Não é que somos tímidos no Brasil, mas é que nossa estratégia não é entrarmos nas fases de prospecção, mas sim na exploração, processamento e distribuição desde que os volumes compensem”, afirma o executivo.
Desde 2011 com escritório oficial no Rio de Janeiro, responsável também pelos negócios na América do Sul – até agora, operacionalmente, apenas na Bolívia e Venezuela – a equipe do CEO Shakarbek Osmonov apenas estuda o mercado.
“Em breve deveremos investir definitivamente”, destaca Ribeiro.
Pode até demorar um pouco mais – os primeiros resultados dos poços que estão sendo leiloados podem levar de três a cinco anos – mas a Gazprom quer somente negócios maduros.
Fonte: Voz da Rússia
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