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domingo, 15 de dezembro de 2013

A guerra do futuro não terá vencedores

Na sua comunicação ao parlamento, o presidente russo Vladimir Putin se referiu ao tema do ataque preventivo incapacitante. Segundo referiu o presidente, Moscou está seguindo atentamente esses planos e ninguém se deve iludir quanto à possibilidade de conseguir alcançar uma supremacia militar sobre a Rússia.

Se trata do conceito norte-americano do Prompt Global Strike (PGS ou Ataque Global Imediato). A ideia de base é possuir a capacidade de realizar um ataque convencional contra qualquer ponto do globo em menos de 60 minutos depois da tomada de decisão.

O conceito do PGS prevê o uso das tecnologias mais avançadas. Das que já conhecemos se destacam os mísseis balísticos intercontinentais com ogivas não-nucleares de alta precisão. As mais modernas incluem os sistemas de ataque hipersônicos e as armas cinéticas. Estas são varas pesadas refratárias de volfrâmio e com vários metros de comprimento, e que são largadas com alta precisão a partir da órbita terrestre. As tecnologias do futuro incluem meios de neutralização remota das cargas nucleares do inimigo com base na física de altas energias.

O cenário PGS não se parece com o cenário, que já se tornou habitual, de uma catástrofe nuclear que horrorizou a humanidade ao longo de toda a segunda metade do século passado. A guerra do futuro não será menos catastrófica, mas será desenhada por padrões completamente diferentes.

O míssil balístico intercontinental “clássico” possui uma série de desvantagens. Antes de mais, o seu lançamento é facilmente detectado. Já os mísseis de cruzeiro são outra coisa. As vantagens desta arma incluem o caráter furtivo do lançamento, o grande alcance e uma excelente precisão. As características mais fracas dos mísseis de cruzeiro, e que facilitam o seu combate, são a baixa velocidade do seu voo, o grande leque temporal de uma salva contra diversos alvos e a complexidade da programação dos objetivos de voo. Neste momento os americanos tentam resolver essas desvantagens, considera o editor responsável da revista Natsionalnaia Oborona (Defesa Nacional) Igor Korotchenko:

“Os novos tipos de mísseis de cruzeiro norte-americanos possuem capacidades muito importantes. Em primeiro lugar, a possibilidade de serem reprogramados já em pleno voo. A segunda especificidade importante é a possibilidade de programar o ataque de tal forma que os alvos sejam atingidos simultaneamente, num momento determinado anteriormente. Os mísseis são lançados a partir de submarinos, de navios de superfície ou de aviões estratégicos. Contudo os alvos são diferentes, cada um tem o seu tempo para o voo de aproximação. Os americanos querem sincronizar a concretização do ataque até à margem de um segundo. Num ataque maciço, em que são lançados 500-600 mísseis de cruzeiro, é tecnicamente impossível abatê-los a todos, Além disso, serão usados drones de ataque contra as posições dos sistemas antiaéreos e radares de controle do espaço aéreo. Serão usados meios de supressão radioeletrônica. Este é um conceito de um ataque global, momentâneo e ofuscante, depois do qual se instala o caos.”

Uma das teses principais do conceito de PGS reside em abdicar total ou parcialmente do uso de ogivas nucleares. Os norte-americanos já hoje conseguem obter os mesmos resultados com armamentos convencionais, mas a um nível tecnologicamente mais elevado. Os analistas, porém, não excluem que depois do ataque global imediato o conflito evolua para o habitual plano termonuclear.

De qualquer forma, o conceito de PGS que o Pentágono está elaborando, já se tornou no novo elemento perturbador das relações entre a Rússia e os EUA. Ambas as partes necessitam de medidas de confiança adicionais. Senão o equilíbrio global ficará comprometido, considera Igor Korotchenko.

“No período anterior foi atingido um equilíbrio dos potenciais bélicos que se baseava em grande parte no fato de a Rússia e os EUA terem nivelado as suas hipóteses numa possível guerra à custa dos arsenais nucleares de ambos os países. Uma guerra mundial globalizada se tornou praticamente improvável. O risco de uma destruição recíproca condicionou uma contenção nos comportamentos. Contudo os programas que os EUA estão desenvolvendo nas últimas décadas, nomeadamente a defesa global antimísseis, assim como os programas relacionados com a criação do potencial para um ataque global imediato com forças convencionais, tudo isso mina a estabilidade estratégica e torna imprevisível o posterior desenvolvimento da situação.”

O período de paz que teve início em meados do século passado, quando a humanidade conseguiu evitar resvalar para uma guerra global, foi possível precisamente devido à inevitabilidade de uma destruição recíproca. Talvez fosse melhor que a paz no mundo não se baseasse no medo. Mas infelizmente as coisas não são assim. No novo século nada mudou: numa guerra do futuro, tal como num conflito termonuclear tradicional, não haverá vencedores.

Fonte: Voz da Rússia

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