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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Parceira da Saab estima criação de 1,8 mil empregos no setor

A escolha do caça sueco Gripen para equipar a Força Aérea Brasileira (FAB) vai promover a geração de 1,8 mil empregos diretos e indiretos na indústria aeroespacial do país, durante os próximos dez anos, disse Cesar Augusto da Silva, presidente da Akaer, principal parceira brasileira da Saab no desenvolvimento de partes do caça.

Cerca de 80% da estrutura do caça será produzida no Brasil. A indústria do setor emprega 25 mil pessoas, sendo 18 mil só na Embraer. “Com a participação no desenvolvimento do Gripen, as empresas do setor no Brasil e não apenas a Embraer, terão capacidade para exportar material aeronáutico para o mundo inteiro”, disse o presidente da Akaer.

Silva calcula que a produção do Gripen, que já conta com 118 encomendas, incluindo as da FAB, terá impacto de US$ 15 bilhões na economia nacional, pela venda de serviços e exportação de partes do avião a outros países. “A escolha do Brasil vai atrair outros países para a compra do caça. Além de ser um ótimo avião, é considerado relativamente barato, da ordem de US$ 50 milhões.”

O impacto do Gripen na indústria aeroespacial brasileira será semelhante ao do caça AMX, que a Embraer fez com empresas italianas, na década de 80, prevê Silva. Graças ao desenvolvimento do avião, a Embraer conseguiu absorver tecnologia para desenvolver sua família de jatos comerciais e alcançar a liderança mundial no segmento de 70 a 120 assentos.

Além do desenvolvimento e produção da estrutura do Gripen, a indústria brasileira poderá participar de toda a parte de engenharia de sistemas de integração de armamentos e sensores, sistemas táticos e aviônicos, integração, montagem final e ensaios em voo.

Segundo estimativa do coordenador da cadeia produtiva da indústria de defesa na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Jairo Cândido, as atividades da Embraer relacionadas aos 36 caças -integração, certificação e ensaios em voo – deverão gerar receita adicional para a empresa da ordem de US$ 10 bilhões.
A parceria da Akaer com a Saab já dura quatro anos. A empresa foi contratada para projetar a fuselagem central, traseira e as asas do Gripen NG, nova geração do caça sueco. A Saab também adquiriu 15% do capital social da Akaer. A operação poderá ser estendida até o limite de 40%, segundo a Akaer.

A sinergia da companhia com a Embraer também é grande. Considerada a mais avançada empresa de engenharia aeronáutica do Brasil, a Akaer teve atuação intensiva em quase todos os projetos de aeronaves da Embraer e de alguns fabricantes internacionais.

Toda a parte de estrutura do avião será produzida em uma nova fábrica que a Saab pretende construir em São Bernardo. O investimento previsto é de US$ 150 milhões. Segundo Cândido, que também preside a empresa Inbra, a nova fábrica, batizada de São Bernardo Tecnologia Aeronáutica (SBTA), terá 60% de capital nacional e 40% de participação da Saab, conforme prevê a nova lei das empresas estratégicas de defesa no Brasil.

Nesse arranjo de indústrias para produzir o Gripen, segundo Cândido, a Inbra se responsabilizará pela produção das asas, tampa traseira do trem de pouso e uma seção da fuselagem traseira da aeronave. “Isso é só o começo. Depois teremos todo o processo de integração dessas partes”, disse.

A francesa Dassault, que disputou a concorrência com o caça Rafale, lamentou, em comunicado, a escolha feito pelo Brasil. Segundo a empresa, o Gripen não pertence à mesma categoria do Rafale. Além de ser monomotor e mais leve, não é equivalente em termos de desempenho e preço. “Essa lógica financeira não leva em conta nem a relação custo-benefício favorável ao Rafale nem o nível da tecnologia oferecida pelo consórcio francês”, declarou a empresa.

A americana Boeing, que participou da disputa com o F-18, também divulgou comunicado, onde afirma que o resultado da concorrência não irá interferir no comprometimento da empresa em expandir sua presença e ampliar parcerias no Brasil. “Nossa participação na concorrência ofereceu a oportunidade de estabelecer parcerias importantes e colaboração com a indústria e o governo brasileiro, as quais continuaremos a expandir independentemente da decisão”, afirmou a empresa.

FONTE: Valor Econômico/Defesa Aérea & Naval

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