O fim das sanções econômicas irá facilitar a vida dos iranianos, mas, ao mesmo tempo, criará dificuldades para os países membros da OPEP. O retorno do petróleo do Irã para o mercado mundial terá impacto sensível no preço desta matéria-prima.
Até 2012, Teerã ocupava o 2º lugar pelo volume de petróleo produzido. O Irã extraia 3,5 milhões de barris diários que fornecia para 23 países. Após a introdução das sanções, o peso de Teerã no mercado mundial de petróleo foi partilhado por outros membros da OPEP, antes de mais, pelo Iraque. Ultimamente, o Irã produz 700 barris por dia que se destinam para a China, Taiwan, Índia, Coreia do Sul, Japão e Turquia.
Agora, as sanções foram levantadas em troca da colaboração com os EUA e a UE no âmbito do programa nuclear. O Irã poderá, pois, recuperar as exportações de petróleo em pleno volume. A OPEP, por sua vez, terá de elaborar medidas a fim de impedir a saturação do mercado e a eventual queda de preços, sustenta Serguei Khestanov, diretor do grupo financeiro Alor:
“O prolongado regime de sanções levou à conservação das capacidades produtivas iranianas, o que vem dificultando a análise quanto aos futuros fornecimentos de petróleo iraniano. Todavia, é claro que a chegada ao mercado de mais um exportador irá se repercutir nos preços. A questão é saber qual será o volume das exportações iranianas e até que ponto os demais participantes do mercado estarão dispostos a reduzir a sua extração para prevenir a baixa de preços. Infelizmente, nem todos os exportadores são membros da OPEP. E nem todos os membros da OPEP têm sido disciplinados. É uma situação comum a OPEP fazer promessas de diminuir a extração mas não cumprir tais compromissos”.
É evidente que ninguém irá vender seus hidrocarbonetos por uma pechincha. Mas os limites de diminuição de preços também variam de um país para outro. Para que o Orçamento da Arábia Saudita não tenha défice, 80 dólares por barril serão suficientes. Para o mesmo efeito, a Venezuela irá precisar de 115. Por isso, Caracas tem lançado insistentes apelos no sentido de fazer uma revisão das cotas perante o regresso de Teerã ao mercado. A maioria dos países produtores se mantém reticente e parece não se apressar a reduzir seus fornecimentos, frisou Alexei Gromov, diretor do Departamento de Recursos Energéticos do Instituto de Energia e Finanças:
“É verdade que pode surgir uma situação em que o aparecimento de tamanhos volumes de petróleo iraniano causará a queda dos preços. Mas não diria que isso possa influir, em perspectiva de longo prazo, no mercado de petróleo. O quadro econômico geral não será alterado radicalmente com a chegada de mais um jogador, por mais forte que seja. Os demais jogadores irão reagir e a situação se normalizará com o andar do tempo”.
Atualmente, a OPEP se responsabiliza pela produção sumária de 30 milhões de barris de petróleo por dia, equivalente aos 40% das exportações mundiais. Por isso, decisões da OPEP exercem uma influência significativa sobre o estado do mercado de petróleo. Em 14 de dezembro, os representantes do cartel, nomeadamente, do Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Venezuela, Qatar, Líbia, Emirados Árabes Unidos, Argélia, Nigéria, Equador e Angola, tencionam reunir-se em Viena para uma sessão ordinária. Pelo visto, os debates serão muito sérios.
Voz da Rússia
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