Novos documentos vazados pelo ex-analista de inteligência Edward Snowden revelam que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) e seu correspondente britânico, o Escritório de Comunicação do Governo (GCHQ), monitoraram conjuntamente, entre outros alvos, os governos de Alemanha e Israel, além de um importante funcionário da União Europeia, a ONU, duas empresas francesas e pelo menos uma ONG de médicos.
Sede da NSA em Forte Meade, em Maryland, leste dos Estados Unidos
O total da nova leva de interceptações detectadas ultrapassa mais de mil alvos em 60 países entre os anos de 2008 a 2011. As informações foram publicadas nesta sexta-feira (20/12) pelos jornais The New York Times e The Guardian, do Reino Unido. Dentre os alvos também estão suspeitos de terrorismo, incluindo alguns cidadãos norte-americanos.
Questionada pelo NYT, a agência afirmou que está revisando as ações coordenadas com seus aliados. O GCHQ se recusou a responder à reportagem dizendo apenas que “leva suas obrigações com a lei muito a sério”.
Os alvos
Ehud Olmert, premiê israelense entre 2006 e 2009, foi espionado em janeiro, no último ano de seu mandato. O monitoramento ocorreu enquanto ele lidava com as consequências da intervenção militar de Israel em Gaza na Operação Chumbo Fundido.
“Era um alvo inexpressivo”, disse Olmert sobre si mesmo, afirmando que as conversas mais importantes com o então presidente George W. Bush ocorreram em privado. No mês seguinte, o alvo foi seu ministro de Defesa, o ex-premiê Ehud Barak, que se recusou a comentar o ocorrido, mas disse que sempre preferiu ignorar as suspeitas de que era espionado. Outras duas embaixadas israelenses aparecem no relatório. Apesar de grandes aliados, EUA e Israel têm um histórico de espionagem mútua desde os anos 1970, fazendo com que o país no Oriente Médio fosse alvo, e não parceiro de espionagem norte-americana.
Quem também aparece como alvo, entre 2008 e 2009, é o espanhol Joaquín Almunia, vice-presidente da Comissão Europeia, que, entre outras atribuições, é o responsável por supervisionar litígios antitrustes na Europa e puniu uma série de empresas norte-americanas, como a Microsoft e a Intel. Ele disse à reportagem estar “extremamente desapontado” com o fato de ter sido espionado.
Os britânicos, por sua vez, usaram a comunicação por satélite para espiar prédios do governo alemão e as comunicações com Geórgia e Turquia, assim como a embaixada germânica em Ruanda.
Duas empresas francesas, a petrolífera Total e a Thales, do ramo de logística e transportes, também foram investigadas – tratam-se das primeiras empresas de origem europeia na mira da inteligência norte-americana.
O mesmo ocorreu com missões da ONU como a Unicef e o Instituto de Pesquisa para o Desarmamento, além da ONG MDM (Médicos do Mundo) – Leigh Daynes, um dos diretores da organização, afirmou que “simplesmente não há qualquer razão para nossas operações serem monitoradas secretamente”.
Anteriormente, já havia sido revelado que a agência investigava sem ordem judicial ou suspeita fundamentada a chanceler alemã Angela Merkel e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, além do presidente do México, Enrique Peña Nieto enquanto ainda era candidato ao cargo.
Fonte: Opera Mundi
domingo, 22 de dezembro de 2013
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Snowden: EUA espionaram Alemanha, Israel, UE e missões da ONU
Snowden: EUA espionaram Alemanha, Israel, UE e missões da ONU
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