As despesas dos EUA com as tropas cibernéticas irão duplicar em 2014. No total o departamento de segurança interna e o Pentágono irão gastar com a ciberdefesa e os ciberataques mais de 1,2 bilhões de dólares. Na Rússia a ideia de tropas cibernéticas ainda está começando a se impor: os fundamentos para um cibercomando russo deverão estar criados até ao fim do ano corrente. O que poderá a Rússia opor aos EUA num campo de batalha virtual?
Os militares norte-americanos explicam o aumento da despesa com a guerra informática pela crescente quantidade de ataques. Os fundos irão sobretudo para o aumento do seu quadro de especialistas: dos atuais 830 o seu número irá subir em 2 mil por ano. As ciberforças dos EUA se dedicam a detectar e bloquear ameaças que partam de outros países e que visem as redes informáticas industriais e militares. O seu objetivo é igualmente proteger dos ataques de piratas informáticos as infraestruturas social e comunitária do Estado. Mas apesar de a atividade do cibercomando estar se desenvolvendo sob a fachada do lema da “defesa dos interesses norte-americanos”, é evidente que ela não se limita apenas à defesa, refere o editor principal da revista Natsionalnaya Oborona (Defesa Nacional), Igor Korotchenko:
“Hoje o ciberespaço é visto pelas potências mundiais como um teatro de operações independente. Quem vai à frente são, claro, os Estados Unidos: nós sabemos disso até pelas revelações feitas por Edward Snowden. A propósito disso, o cibercomando dos EUA é chefiado pelo general Keith Alexander, o atual diretor da Agência de Segurança Nacional (NSA). Isso demonstra que a espionagem eletrônica participa atualmente, com a sua máxima força, em operações de combate reais no espaço virtual.”
Os detalhes do funcionamento da NSA norte-americana ficaram conhecidos graças às revelações do antigo colaborador desses serviços Edward Snowden. Ficamos sabendo que os serviços secretos não apenas monitorizam a Internet, mas também, furam os protocolos de segurança, analisam a correspondência e as contas bancárias e escutam os telefones de milhões de pessoas sob o pretexto do combate à ameaça terrorista. A personalidade do seu chefe, o general Alexander, que também acumula o cargo de chefe do cibercomando dos EUA, é digna de atenção. Recentemente a revista Foreign Policy o tinha apelidado de “super-geek”. Afinal, ao criar o seu próprio centro de comando operacional em 2005, o general convidou um designer de Hollywood que, a pedido de Alexander, recriou o ambiente da ponte de comando do seriado “Jornada nas Estrelas: A Nova Geração”. As criações favoritas do general, incluindo o programa de vigilância Prism, foram desenvolvidas com a colaboração do seu próprio “gênio do Mal” James Heath, que concebeu muitas soluções para a mineração de dados. Alguns chamavam o Dr. Heath de “gênio louco e perigoso”. Outros diziam que não se entendia onde o general Alexander e o seu “Dr. Evil” gastaram o dinheiro dos contribuintes. Neste momento esse tandem já se desfez, mas as soluções encontradas funcionam com sucesso.
Na Rússia a decisão de criar um cibercomando foi tomada pelo ministro da Defesa Serguei Shoigu em 2013. As suas bases deverão ser criadas até finais de 2014. Na imensidão da Rússia há bastantes cientistas programadores capazes de constituir uma concorrência de respeito aos norte-americanos. Frequentemente o software desenvolvido na Rússia é superior aos seus análogos ocidentais, sublinha o chefe do Departamento de Guerras Informáticas do Laboratório de Desenvolvimentos Promissores Igor Nezhdanov.
“Nós verificamos isso quando fazíamos a análise do software com que o cibercomando norte-americano trabalha. Eles fizeram-no para o seu próprio uso, para controlar eficazmente o seu setor da Internet e para entrar nos dos outros. Afinal o algoritmo não é complicado, nós já quase o replicamos. Mais meio ano e podemos entregá-lo ao governo, sem problemas.”
Claro que os detalhes do projeto russo não são tornados públicos. Os senadores russos estão entretanto desenvolvendo para o país uma Estratégia de Segurança Informática. Está previsto, nomeadamente, o recrutamento de especialistas com experiência na detecção de falhas de segurança em sistemas informáticos sem ligações ao mundo do crime, os chamados hackers brancos. Eles irão trabalhar em colaboração com os serviços de segurança, como é evidente. Está previsto que as equipes de informática realizem verificações regulares dos sistemas de segurança dos sites das estruturas governamentais. Depois de terminada, a “Estratégia” irá ser analisada pelo Conselho de Segurança da Rússia.
Voz da Rússia
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
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Cibersegurança: a “guerra nas estrelas” em universo virtual
Cibersegurança: a “guerra nas estrelas” em universo virtual
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