Conferência sobre Síria:Genebra 2 - Noticia Final

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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Conferência sobre Síria:Genebra 2

Oposição síria recusa negociação direta com governo em reunião sobre paz

GENEBRA - As primeiras negociações de paz sobre a Síria cambalearam antes mesmo de começarem nesta sexta-feira, depois de opositores do presidente Bashar al-Assad se recusem a se encontrar com a delegação governista se ela não apoiar o protocolo que defende um governo transitório.

Planos para que os dois lados sentassem e conversassem pela primeira vez foram no último minuto colocados de lado. Em vez disso, se reúnem separadamente com o mediador da Organização Nações Unidas (ONU), Lakhdar Brahimi, na sede de Genebra da organização.

As discussões a portas fechadas começaram nesta sexta-feira, dois dias depois da reunião formal de abertura ter ocorrido num clima tenso, com os dois lados e os seus aliados internacionais fazendo discursos críticos. Uma negociação direta parece no momento improvável.

A oposição diz que veio até as negociações para discutir uma transição que retire Assad do poder. O governo afirma que está presente somente para debater a luta contra o terrorismo – a palavra que tem usado para se referir aos seus inimigos – e que ninguém pode obrigar o presidente a sair.

Os representantes da oposição decidiram que não se encontrariam com a delegação do governo se ela não apoiasse Genebra 1, um protocolo de 2012 que defende uma transição política.

"Nós de forma explícita exigimos um compromisso por escrito da delegação do governo de que ela aceita Genebra 1. Caso contrário, não haverá negociações diretas", afirmou à Reuters o representante da oposição Haitham al-Maleh.

Uma porta-voz da ONU confirmou os encontros com as delegações separadamente. "Não há diálogo entre os sírios neste momento", disse Alessandra Vellucci. "Não posso dizer nada sobre o que vai acontecer nos próximos dias."

Mesmo antes do anúncio de que as negociações diretas haviam sido canceladas, as perspectivas não eram as melhores.

"O objetivo era que a primeira rodada de negociações durasse até a próxima sexta, mas as expectativas estão tão reduzidas que vamos ver como as coisas se desenvolvem dia após dia", declarou um diplomata ocidental.

"Cada dia que eles discutem é um pequeno avanço."

Brahimi tem indicado que o seu objetivo é buscar no início coisas práticas, como cessar-fogos locais, libertações de presos e acesso para a ajuda internacional, antes de se concentrar nas negociações políticas mais difíceis.

A guerra civil síria já matou pelo menos 130 mil pessoas e obrigou cerca de um terço da população de 22 milhões a deixar suas casas.

Entre os obstáculos para os avanços das negociações está o boicote ao diálogo dos militantes islâmicos, que controlam a maior parte do território tomado pelos rebeldes.

O principal aliado do presidente Assad na região, o Irã, também não está presente em Genebra. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, convidou o governo iraniano, mas depois retirou o convite quando o país se recusou a apoiar o protocolo Genebra 1.

Reuters

Governo sírio acusa oposição de hipocrisia por ausência em reunião

Genebra – O governo sírio manifestou nesta sexta-feira sua "decepção" com a ausência da delegação opositora na primeira reunião realizada nesta manhã com o mediador para o processo de paz, Lakhdar Brahimi, e a acusou de "hipocrisia".

O vice-ministro de Relações Exteriores da Síria, Faiçal Maqdad, disse que o governo está "decepcionado" com a ausência, o que demonstra a "hipocrisia da oposição".

A ideia inicial era que as negociações começassem nesta manhã com a presença das duas delegações em salas separadas, com Brahimi atuando como intermediário, mas os representantes da oposição só devem chegar à tarde.

EFE

Kerry diz que ainda há muitas formas de Irã se unir às negociações sírias

MONTREUX - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, deixou a porta aberta nesta quarta-feira para que o Irã participe das negociações de paz da Síria, dizendo que Teerã pode fazer a diferença para acabar com o conflito.


"O Irã certamente tem uma habilidade para ser útil e fazer a diferença", disse Kerry em entrevista coletiva no fim de uma conferência internacional destinada a acabar com a guerra civil na Síria.

"Esperemos que decidam ser construtivos e que tomem a decisão de operar olhando pra frente, de um modo que permita que façam isso", disse Kerry. E acrescentou: "Há muitas maneiras para que a porta seja aberta nas próximas semanas ou meses, e minha esperança é que eles (Irã) vão querer participar de uma solução construtiva."

O Irã havia sido convidado para participar da conferência de paz síria pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, mas o chefe da ONU teve que retirar o convite após ameaças de boicote da oposição síria e da pressão dos EUA.

Reuters

Brasil diz que não há solução na Síria se as partes recebem apoio externo

Montreux – O Secretário-Geral das Relações Exteriores do Brasil, o embaixador Eduardo dos Santos, afirmou nesta quarta-feira, na abertura da Conferência de Paz para a Síria, na Suíça, que "não pode haver uma solução para o conflito se as partes que se enfrentam continuam recebendo recursos financeiros e armas a partir do estrangeiro".

Ele se referia assim ao apoio, tanto financeiro quanto logístico, que países como Arábia Saudita e Catar estão emprestando aos grupos armados da oposição; enquanto o regime de Damasco conta com a ajuda de seu principal aliado na região, o Irã.

"Só as negociação podem levá-los a um compromisso aceitável que conduza a uma paz substancial", afirmou Eduardo dos Santos.

Ele instou às partes a iniciar um "diálogo urgente e indispensável" para poder avançar em uma "reconciliação nacional" que ponha fim à violência e aos abusos dos direitos humanos.

O Secretário-Geral das Relações Exteriores do Brasil pediu ainda que a transição política que se espera concordar no fórum seja conduzida "unicamente por sírios" para cumprir com as legítimas aspirações de seu povo, "sem intervenção estrangeira nem a militarização do conflito".

"Esta conferência precisa impulsionar o processo sírio com o apoio da comunidade internacional, o que não é o mesmo que um processo internacional que conte com a participação dos sírios", ressaltou.

Embora consciente das dificuldades do processo, Eduardo dos Santos se mostrou otimista a respeito das possibilidades da diplomacia de chegar a um bom termo nas negociações, esforços que, conforme detalhou, já culminaram na adoção da "Declaração de Genebra I" em junho de 2012, e no acordo para o desarmamento químico da Síria, em setembro de 2013.

Ele também lembrou que o Brasil, desde o setembro de 2013, decidiu facilitar a concessão de vistos a todos os sírios que buscam asilo. Somente no ano passado, 283 cidadãos da Síria chegaram ao Brasil fugindo da guerra.

China: Tudo deveria estar na mesa sobre Síria, inclusive futuro de Assad

MONTREUX – O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, disse na quarta-feira que as conversações para o fim da guerra na Síria deveriam abranger todas as questões de interesse dos dois lados, incluindo o futuro do presidente sírio, Bashar al-Assad.

Indagado sobre o futuro de Assad, Wang disse a repórteres: "Todos os assuntos que preocupam os dois lados deveriam ser colocados na mesa, incluindo aquele que você acabou de mencionar".

Ele disse que as conversações deveriam começar com a abordagem de temas mais fáceis e, então, passar para os mais difíceis.

"Acredito que enquanto a negociação continuar sem entraves, e à medida que o diálogo se aprofundar e a confiança entre as duas partes aumentar, todas as questões deverão e poderão ser resolvidas."

O governo e a oposição da Síria, reunidos pela primeira vez, manifestaram hostilidade mútua nesta quarta-feira e o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moualem, insistiu que o futuro de Assad não está em questão.

"Ninguém neste mundo tem o direito de retirar legitimidade de um presidente ou governo… a não ser os próprios sírios", disse ele.

Wang declarou que no início das conversações de paz, que começam para valer na sexta-feira em Genebra, a comunidade internacional deveria impelir as duas partes a estabelecerem um esboço indicando a direção e os princípios das negociações.

"No começo, eles não deveriam se embrenhar em argumentações ou debates sobre questões em que suas posições estão bem distantes", disse ele.

Para Wang, os dois lados deveriam se empenhar para obter uma "colheita antecipada" para construir a confiança, algo como libertação de prisioneiros, cessar-fogos locais e cooperação humanitária.

O mediador internacional Lakhdar Brahimi disse que as duas partes poderiam estar prontas a adotar tais medidas.

Quanto à possibilidade de o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovar uma resolução sobre acesso humanitário, Wang afirmou que a China está profundamente solidária com a má situação dos 2,4 milhões de refugiados sírios, mas seria um erro politizar a questão humanitária.

Reuters

EFE

Conferência sobre Síria termina com apelo de chefe da ONU a ambos os lados

MONTREUX – Uma conferência internacional sobre a Síria terminou nesta quarta-feira com um apelo do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, às delegações de ambos os lados do conflito sírio para que trabalhem sinceramente em busca de uma solução para o conflito de quase três anos.


Ban, em discurso no final da reunião realizada na cidade suíça de Montreux, pediu aos participantes que apoiem o comunicado de Genebra de junho de 2012, que prevê a instalação de um governo de transição com total poder executivo.

"Espero que as negociações reais comecem com toda a sinceridade e com velocidade máxima para adotar estas metas. Que ambas as delegações sírias sejam guiadas pela sabedoria, um profundo senso de urgência, um espírito de compromisso e uma determinação de preservar seu país e seu tecido social único, para encerrar o sofrimento de seu próprio povo."

Reuters

Naval Brasil

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