Os planos ambiciosos da Polônia de adquirir independência energética tornam-se cada vez menos realistas. A italiana ENI aumentou a lista de companhias de petróleo e gás que abandonaram a prospeção de gás de xisto no país, informa a respeito a mídia polonesa. Esta é mais uma decepção.
O otimismo de Varsóvia em relação ao gás é cada vez menor. Há seis meses o governo da Polônia declarava literalmente, para quem quisesse ouvir, que o país possuía trilhões de metros cúbicos de gás de xisto, suficientes para 200 anos. Posteriormente, indicaram a data do início da extração comercial do combustível – primeira metade de 2014. Entretanto os fatos indicam outra coisa. A maioria dos projetos declarados anteriormente era economicamente desvantajosa. Três companhias de petróleo e gás pararam a prospeção, entre elas a grande companhia americana Exxon Mobil. Agora juntou-se a ela a ENI. A decisão era esperada, explica o principal estrategista do grupo financeiro BKC Maxim Shein, porque vários fatores influem negativamente sobre o desenvolvimento do ramo na Polônia:
“Primeiro – todo o tipo de obstáculos burocráticos, legislação muito vaga... Perde-se muito tempo com a obtenção de autorizações. Segundo – os vários organismos envolvidos no licenciamento levam muito tempo a coordenar o processo. Terceiro – não se entende como será a tributação das companhias, quanto elas irão pagar ao Estado, não há um esquema preciso. Quarto fator – não se sabe quais são as reservas na Polônia. É necessário avaliá-las o mais depressa possível. E para tanto é necessário escavar poços no mínimo seis vezes mais do que já foi escavado.”
Um outro argumento contra a exploração são os riscos ecológicos, consideram os especialistas. As tecnologias existentes de extração do gás de xisto – com a ajuda de hidro-explosão da camada – serve perfeitamente para os amplos territórios dos EUA e Canadá. A Europa é outra coisa. Aqui é simplesmente inadmissível fazer a exploração desse modo em virtude da densidade da população e da profundidade da jazida. Sobretudo porque existe a ameaça de terremotos, vazamento de produtos químicos nas águas subterrâneas e poluição do meio ambiente. Em virtude destes receios o Parlamento Europeu endureceu as normas ecológicas para exploração de jazidas de xisto. E estes são fardos complementares e gastos complementares aos já declarados 80 bilhões de dólares. Tais volumes de investimentos com a prospeção e extração comercial do gás de xisto foram citados por especialistas poloneses.
Como resultado, os planos das autoridades polonesas de adquirir independência energética são adiados por tempo indeterminado, considera o chefe do grupo de pesquisas analíticas de investimento Univer Capital, Dmitri Aleksandrov:
“Em princípio apenas países ou extremamente pequenos, ou muito grandes, que disponham de muitos recursos, podem ser independentes energeticamente, pelo menos enquanto tivermos o tipo clássico de recursos energéticos básicos – os hidrocarbonetos. Por isso, naturalmente, não se pode ainda falar de independência energética no caso da Polônia.”
Na opinião de Dmitri Aleksandrov nos próximos 10 anos a variante mais aceitável para a Europa são os tradicionais hidrocarbonetos e a cooperação com fornecedores clássicos de matéria-prima, entre os quais está a Rússia. Desta forma, agora ninguém pode dar 100% de garantia de que o gás de xisto será suficiente para a independência energética da Polônia.
Voz da Rússia
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
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Polônia se decepcionou com o gás de xisto
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