O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, recebeu nesta terça-feira (18) o presidente da companhia sueca Saab, Håkan Buskhe, para iniciar a organização do governo federal para a transferência de tecnologia associada ao desenvolvimento dos aviões de combate Gripen NG, anunciados em dezembro como futuro caça da Força Aérea Brasileira.
Segundo Raupp, o encontro serviu como ponto de partida para a colaboração do MCTI com toda a estrutura do país nórdico por trás do programa de compra dos caças. “A pasta vai ter um papel importante na organização, diretamente com a Defesa, da parte de transferência de tecnologia para empresas e instituições brasileiras”, explicou.
A participação está prevista no pacote negociado entre a Saab e os governos de Brasil e Suécia, mas, na visão do ministro, a presença do MCTI também se deve ao fato de o ministério articular o Plano Inova Empresa e o programa Inova Aerodefesa, pelos quais “nós ofertamos para companhias brasileiras recursos para elas desenvolverem tecnologia e inovação, que, obviamente, devem abranger as áreas relativas à industrialização dessa aeronave aqui no País”.
Durante a reunião, Raupp definiu o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Alvaro Prata, como interlocutor do MCTI nas discussões com a Saab. Também pediu ao secretário executivo, Luiz Antonio Elias, e ao chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais da pasta (Assin), Franklin Netto, que acompanhem de perto os desdobramentos da cooperação.
Além de Buskhe, a delegação estrangeira presente no encontro incluiu o embaixador da Suécia em Brasília, Magnus Robach, entre outros executivos e diplomatas. Do lado brasileiro, compareceram ainda a diretora de Cooperação Institucional do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Liane Hentschke, e o coronel-aviador Paulo Roberto de Barros Chã, representante do Ministério da Defesa.
Inovação
Sede da Saab em Linköping
Para o secretário Prata, a escolha da presidente Dilma Rousseff pelo Gripen NG recaiu sobre uma empresa internacionalmente forte. “A Saab tem muita tradição em investir em pesquisa e desenvolvimento, com um portfólio muito grande associado a invenções”, disse, após a reunião, ao citar como exemplo o air bag, concebido pela companhia sueca, inicialmente para uso militar.
“A intenção é aliar os nossos interesses para ampliar essas parcerias à luz desse convênio chapéu e dessa grande justificativa, que é a transferência de tecnologia associada aos caças”, definiu Prata. De acordo com ele, a parceria deve envolver o uso de instrumentos do ministério “num contexto maior do que aquele restrito exclusivamente à transferência de tecnologia associada a um determinado produto de uma determinada empresa sueca”.
O secretário lembrou a tradição de parceria entre os dois países, expressa atualmente pelo Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (Cisb), em São Bernardo do Campo (SP), e por eventos conjuntos, como um seminário organizado pela Finep/MCTI em maio de 2013, quando Raupp recebeu a ministra sueca de Empresas, Energia e Comunicações, Annie Lööf.
Alvaro Prata conheceu Estocolmo em agosto de 2012, em comitiva chefiada pelo vice-presidente Michel Temer. A delegação visitou agências de fomento, empresas, ministérios e universidades do país nórdico. “A Suécia tem um sistema muito harmônico entre o setor industrial e as instituições de ensino e pesquisa”, observou, na reunião desta terça.
Na viagem, o secretário se reuniu com Håkan Buskhe e toda a direção da Saab. “Discutimos aspectos relacionados a uma possível escolha do Brasil pelo caça da Suécia”, recordou. “Claro que seria uma decisão presidencial, mas, naquela ocasião, buscamos possíveis contornos de uma colaboração.” A fim de ilustrar a relevância do país nórdico no cenário mundial da inovação, Prata citou as empresas Electrolux, Ericsson, Scania, Tetra Pak e Volvo. “A Suécia é um dos países que mais investem em pesquisa e desenvolvimento (P&D), e a Saab é uma das empresas suecas que mais investem em P&D.”
Intercâmbio
O ministro Raupp apontou o programa Ciência sem Fronteiras (CsF) como instrumento fundamental para viabilizar a absorção de tecnologia na fabricação dos caças Gripen NG. “Temos que levar em conta a questão das pessoas, o intercâmbio de gente, porque é através disso que se faz essa transferência”, disse.
De acordo com a página Bolsistas pelo Mundo, o programa de mobilidade acadêmica do governo federal concedeu, até o momento, 170 bolsas para a Suécia, com 99 alunos brasileiros já enviados ao país
Defesa Aérea & Naval
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