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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O que fazer com uma centena de F-35?

Caças F-35 alinhados em Edwards - foto Lockheed Martin
Os caças F-35 já produzidos possuem versões de software limitadas. Em função disso estas aeronaves possuem restrições operacionais (não podem voar a noite ou com mau tempo, por exemplo) e não podem entrar em combate. Até mesmo para simples treinamentos eles se mostram deficientes. A solução seria atualizar todos os aviões, mas a que custo?

A Força Aérea dos EUA (USAF) está planejando uma atualização individual ou em blocos múltiplos de pelo menos 80 aeronaves Joint Strike Fighter já entregues com pacotes de software que incluem pouca ou nenhuma capacidade de combate, com o objetivo de tornar estes aviões plenamente capazes de combater. A mudança vai adicionar ainda mais custos de curto prazo para o programa F-35, mas, segundo esperanças das Forças Armadas, reduzirá o custo do ciclo de vida dos aviões ao longo do tempo e impedirá que os aviões fiquem restritos a missões de treinamento diurnas.

No momento os oficiais da USAF não estão debatendo muito sobre a melhora na capacidade dos aviões, e os jatos podem até ficar em suas configurações atuais enquanto a Força Aérea preenche sua frota projetada para 1.763 caças F-35. Em vez disso, a USAF está trabalhando para definir a forma mais eficiente de realizar as atualizações.

As duas principais opções são: esperar até que uma versão mais avançada do software, a Bloco 3F, esteja disponível por volta de 2018 ou atualizar gradativamente esses jatos com softwares intermediários, como 2A e 2B, até que o 3F esteja pronto. O último processo poderia começar no ano fiscal de 2015, disseram as fontes, e parece ser a opção preferida, enquanto se aguarda os resultados de uma análise de custos.

Estes aviões modernizados poderiam ser utilizados em treinamentos nas unidades operacionais de F-35. Em contraste, outro caça de quinta geração da Força Aérea – o F-22 – está sendo submetido a um upgrade rigoroso e caro depois que a produção terminou.

Similar aos programas de aquisição de aeronaves do passado, os F-35 foram entregues à Força Aérea e outros usuários com aumento da capacidade à medida em que o tempo passa. Mas a forma como programa se desenvolveu significa que a primeira centena de aeronaves deverá ser atualizada – alguns de forma mais branda, outros de forma mais significativa – até que elas possam ser consideradas operacionais. A primeira versão de software considerada como tendo a capacidade de combate limitada é chamada Bloco 2B e deve estar disponível no final do próximo ano, enquanto o bloco esperado para conter muito mais opções de combate, a Bloco de 3F, está programada para completar os ensaios em voo no final de 2017.

Por volta desse ano, as aeronaves que estiverem saindo da linha de produção da Lockheed Martin serão entregues com muitos ou todos os sistemas definitivos que tornarão as funcionais as características únicas do F-35. Os demais usuários do JSF, no entanto, terão que decidir como as aeronaves previamente entregues devem ser configuradas e a que custo. Esse ônus pertence principalmente à Força Aérea e aos Fuzileiros Navais, que possuem cerca de 90% de todos os F-35 atualmente em atividade.

A Lockheed possui um gráfico com a lista de todos os aviões entregues até janeiro deste ano, incluindo o modelo, o cliente, a variante, o bloco de software que foi instalado e quando saiu da fábrica de Fort Worth. A Força Aérea e os Fuzileiros receberam cada um cerca de 40 aviões, enquanto a Marinha dos EUA, o Reino Unido e a Holanda receberam um outro tanto de seus respectivos modelos encomendados.

Na frota atual da Força Aérea, 15 aeronaves são do bloco 1, enquanto 21 foram entregues como aeronaves Bloco 2A e serão atualizadas para o Bloco 2B. Com os recursos já disponíveis a USAF adquirirá outras 47 aeronaves no sexto e no sétimo lotes de produção que serão entregues como Bloco 3i, de acordo com os “press releases” emitidos pela Lockheed e pelo escritório do programa após a formalização desses contratos. Isso traria uma estimativa conservadora de 83 aeronaves pertencentes aos sete primeiros lotes que necessitariam de atualizações, não incluídas aqui as plataformas de teste. Essa estimativa também não inclui as unidades adquiridas no Lote 8, composto por aeronaves Bloco 3i, e que ainda está sendo negociado entre a Lockheed e o governo e portanto não estão incluídos oficialmente. É provável que o número fique próximo de 20.

O quadro atual, composto por 83 aeronaves, representa cerca de 5% por cento do programa proposto pela Força Aérea para o F-35A.

Em uma entrevista recente o coronel Sam Shaneyfelt e o tenente coronel David Chace, ambos da USAF, disseram ao ‘Inside the Air Force’ que a Força Aérea está comprometida em elevar todos os seus jatos ao padrão Bloco 3F, em havendo recursos, ao invés de relegar um papel secundário para estas aeronaves apenas em operações básicas de voo de treinamento. Shaneyfelt e Chace são, respectivamente, o comandante e subcomandante do escritório de gerenciamento do sistema F-35 no Comando de Combate Aéreo da USAF, que será responsável pela operação do F-35A da Força Aérea.

“A autorização do Congresso representa um segundo passo, mas nós planejamos[em nosso programa de defesa futuro] financiar as melhorias do bloco e elevar todas as nossas aeronaves ao padrão 3F”, disse Chace.

Considerações de custos de missão e simultaniedade

A decisão de atualizar a frota em alguns aspectos desempenha a pior face da simultaniedade [quando o desenvolvimento do produto ocorre em conjunto com a produção de aeronaves] o que levou e levará a modificações caras para produtos já entregues apenas para torná-los operacionalmente relevantes. Essas despesas poderiam ser minimizadas ser o Pentágono esperasse até que o programa estivesse mais maduro antes de iniciar as compras . Por outro lado, Shaneyfelt e Chace disseram que deixar os F-35 que a Força Aérea já comprou em uma configuração inferior limitará imprudentemente a sua utilidade, criará desafios logísticos, aumentará os custos de apoio e, provavelmente, necessitará de financiamento para atualizar aeronaves antigas.

A Força Aérea pretende declarar a capacidade operacional inicial (IOC) com o software Bloco de 3i em 2016. O Corpo de Fuzileiros Navais espera atingir IOC um ano antes, provavelmente colocando ainda mais pressão sobre o corpo para atualizar seus caças F-35, logo que o progresso do desenvolvimento e financiamento disponível permitirem.
Os custos para atualizar o hardware e o software, necessários para elevar os jatos inicialmente produzidos até um nível totalmente operacional, serão somados ao preço já pago pela Força Aérea por cada aeronave . De acordo com dados fornecidos pela Lockheed Martin, o preço “flyaway” de um F-35 do LRIP 1 começou em US $ 214 milhões e caiu – embora alguns tenham questionado estas estatísticas – para 98 milhões de dólares americanos no LRIP 7.

As aeronaves que exigirão as modificações mais sérias para atingir o nível Bloco 3F foram construídas nos primeiros cinco lotes de produção e entregues com software Bloco 1A , Bloco 1B e Bloco 2A. O custos destes aviões: US$ 214 milhões para LRIP 1, US$ 159 milhões para LRIP 2, US$ 127 milhões para LRIP 3, US$ 11o0milhões para LRIP 4 e US$ 106 milhões para LRIP 5, segundo Siebert da Lockheed. O financiamento para a modernização destes aviões está incluído no programa de defesa dos anos vindouros, de acordo com Chace e Shaneyfelt , mas exigiria a aprovação do Congresso. E Chace disse que todos os aviões Bloco 1A já foram elevados ao padrão Bloco 1B.

Chace disse que o custo previsto de modificação de aviões específicos ainda está em estudo, e o valor dessa modernização deve variar de acordo com o que está sendo proposto para o F-35 atualizado, quando essa modificação será realizada , e a que padrão do jato deverá ser elevado. Chace disse que informações mais detalhadas sobre o custo provável deveriam ser endereçadas ao escritório do programa do F- 35, que não respondeu a várias chamadas e e-mails solicitando comentários. Ele e Shaneyfelt também não responderam a uma série de perguntas de acompanhamento previstos para Comando de Combate Aéreo , em 3 de fevereiro.

Análises em andamento estão avaliando se é mais eficiente em termos de custo esperar até que o Bloco 3F seja liberado para a frota e, em seguida, iniciar a atualização de aeronaves ou começar a fazê-lo em breve. Se a diferença de custo é insignificante, Chace disse que a preferência da Força Aérea é, de longe, iniciar a modernização das atuais aeronaves imediatamente.

“Quando você olha para a forma como este programa é planejado, ele deverá ser feito em um par de anos até o 2B, e outro par de anos até o 3F, por isso a partir de uma perspectiva de formação e para maximizar o uso de um bem que já foi pago, estamos pedindo e analisando para que o processo de atualização ocorra o mais cedo possível” , disse ele.

Como exemplo do benefício proveniente das atualizações, Chace citou o processo pelo qual a Força Aérea libera seus aviões para voos noturnos e sob mal tempo. O Joint Strike Fighter deve possuir uma configuração Bloco 2 ou superior para voar em outra condição que não seja sol e céu azul, deixando assim qualquer aeronave Bloco 1 inútil para voos à noite ou em sob tempo ruim. Além disso, ter aeronaves em várias configurações de software – como bloco 2A, 2B , 3i e 3F – , necessitaria de certificações separadas para cada um, criando um trabalho considerável e custos para Air Force Life Cycle Management Center.

Possuir pequenas frotas de aviões F-35 com softwares específicos também aumenta os custos de sustentabilidade, disseram Chace e Shaneyfelt. Essa ideia é consistente com a filosofia emergente da Força Aérea de operar frotas relativamente grandes de aeronaves multimissão e despojar-se de plataformas dedicadas, como o C-27J , MC-12, e , possivelmente, o A-10 e KC- 10.

“Se tivéssemos que optar por manter nossas aeronaves, digamos, no padrão 1A, 1B ou mesmo um bloco 2 quando todo o resto está no padrão 3F, então eu teria uma pequena frota de aeronaves com componentes diferentes da maior parte da frota de 3.000 aviões ou mais”, disse Chace. “Portanto, se eu mantiver aeronaves com uma configuração diferente, seja um processador, um software, uma antena, então eu tenho que pagar mais dinheiro para estoques, laboratórios, bancadas de teste para manter a frota. No final, se você gastar um par de milhões de dólares por avião para atualizá-los para os blocos seguintes, no longo prazo você poupa o seu dinheiro”.

Além disso, os funcionários do Comando de Combate Aéreo sugerem que é muito mais inteligente treinar um piloto no nível máximo possível em sua unidade de treinamento antes de transferi-lo para uma unidade operacional que eventualmente poderia se engajar em um conflito. Essa estratégia garante que o piloto possa se concentrar em táticas de guerra, ao invés das qualidades de voo do avião quando ele chega à ala operacional. Para que isso ocorra na comunidade F-35, esquadrões de treinamento deveriam ter o software Bloco 3F disponível nas aeronaves de treinamento ao invés de Bloco 1 ou 2.

A outra opção, manter os aviões como estão hoje até que o Bloco 3F esteja pronto para a instalação nas aeronaves operacionais, seria similar ao programa de atualização de pós-produção desenvolvido para o F-22, disse uma fonte. Os Raptor estão sendo equipados hoje com sistemas verdadeiramente modernizados, mas também com alguns recursos que faziam parte do conjunto de exigências originais do jato. O mesmo poderia ocorrer no F-35 , dependendo das preferências de cada um dos clientes.

Modificação de expectativas

Ir de uma versão de um determinado bloco para outro – de 1A a 1B , por exemplo – supostamente envolveria apenas atualizações de software, que custam menos, levam menos tempo e tornam as aeronaves disponíveis para a frota mais rapidamente do que o trabalho de hardware. Mas Chace disse a Força Aérea teve que realizar algumas alterações de hardware quando modificou seus jatos Bloco 1A para uma configuração 1B, e é provável que ocorra o mesmo para passar de Bloco 2A para o Bloco 2B.

A atualização de um bloco para outro é mais significativa e mais cara. Chace reconhece que a mudança de aeronaves do Bloco 1B para o Bloco 2A vai exigir mudanças de hardware e software , e o salto do Bloco 2B para Block 3i será ainda mais exigente. O conteúdo dos softwares Bloco 2B e 3i são quase idênticos, mas rodam em hardwares diferentes, incluindo um novo processador central que é fundamental para as capacidades do Bloco 3.

“Em teoria, uma atualização de 1A para 1B passa somente pelo software”, disse ele. “Atualizar do Bloco 1 para Bloco 2, posteriormente, requereria uma combinação de hardware e software. Com os Blocos 2 , 2A e 2B, trata-se apenas software, em teoria. Vamos ver. Com o passar do tempo, se eles acharem que há um componente de hardware que deve ser devidamente alterado no momento certo, então assim será”. Ele referiu-se ao salto do Bloco 2B para Block 3i e, posteriormente, para o Bloco 3F, como “uma modificação muito maior de hardware porque você está mudando o núcleo do processador”.

Onde essas modificações seriam realizadas e por quem permanece como uma questão em aberto para as aeronaves dos Blocos 1 e 2 . Mas a modificação do Bloco 3i para Block 3F é projetada para ser bastante simples e envolver apenas atualização de software. Chace disse que a Força Aérea espera fazer essas alterações com as equipes de campo e evitar ter que levar os caças F-35 para outras instalações como os parques de manutenção.

Uma exceção a toda a discussão em torno dos jatos JSF dos lotes de produção inicial é o estado do programa de teste do F-35. Na Base Aérea de Edwards, na Califórnia e na Naval Air Station Patuxent River, os jatos de teste foram atualizados ao longo do tempo conforme o avanço do programa de teste de desenvolvimento avançou de um bloco para o outro, disse o tenente-coronel Mark Massaro em uma entrevista. Massaro, o diretor de operações do 461 Flight Test Squadron e um piloto de teste de JSF, disse que alguns dos aviões em sua frota foram projetados para teste, e pelo menos dois foram concebidos como F-35 de produção, mas em seguida transferidos para teste após um grande revisão do programa há vários anos. Não importa a sua origem, essas aeronaves foram modernizadas sequencialmente conforme as configurações de software e hardware mais recentes tornaram-se disponíveis, disse ele, e eles acabarão por ser equipado com o bloco 3.

FONTE: Inside Defense (tradução e edição do Poder Aéreo a partir do original em inglês)

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