O mundo é cruel, mesmo em lugares onde os direitos humanos são proclamados política pública, onde a palavra “tolerância” está inscrita nas bandeiras e há a proteção de todos os tipos de minorias.
No jardim zoológico da capital dinamarquesa, perante uma afluência de espectadores especialmente convidados, uma jovem girafa chamada Marius foi assassinado a sangue frio. E logo depois, na frente de visitantes, incluindo crianças, sua carcaça foi cortada em pedaços, cortaram-lhe a cabeça, os cascos... Diretores de jardins zoológicos europeus apressaram-se a fazer declarações oficiais. Assim, o diretor do zoológico de Praga, Miroslav Bobek, chamou o caso que indignou a comunidade mundial de “lamentável”. E eis o que disse em entrevista à Voz da Rússia a diretora do zoológico de Bratislava, Miloslava Savelova:
“É impossível responder numa só frase à pergunta: “Será que tal é permissível?” Nestes dias eu tive que explicar a minha posição em detalhe na televisão. Eis em que ela consiste. A tarefa principal dos trabalhadores de jardins zoológicos é preservar populações geneticamente diversas e saudáveis de animais selvagens para as futuras gerações. É esta a tarefa que a Associação Europeia de Zoos e Aquários nos propõe, associação da qual fazemos parte tal como os colegas de Copenhaga. Temos o dever de criar boas condições para a vida para nossos animais. Mas como garantir o equilíbrio natural necessário? Afinal, em condições de natureza selvagem animais morrem, os predadores desempenham o papel de “selecionadores”, atacando animais fracos, doentes. E assim se mantem o equilíbrio ecológico. Nos jardins zoológicos, esta função de manter o equilíbrio nos cabe a nós. As regras europeias nos permitem aplicar, em certos casos, a eutanásia. Mas ela é gerida por normas rígidas. Deve ser realizada rapidamente para poupar o animal ao sofrimento.
Mas eu própria me vou contradizer quando lhe disser que me transtorna imenso o que aconteceu em Copenhaga. Para que deixaram crescer a girafa durante um ano e meio? Para a matar? Se ela era suposto ser morta, por que não o fizeram ao nascer?”
Para muitas pessoas, o mais desconcertante foi o fato de terem feito um show da matança de Marius, terem reunido crianças com seus pais. As autoridades do zoo aparentemente queriam ensinar uma lição gráfica de como as coisas acontecem na natureza, mostrar a “cadeia alimentar”, quando a mesma girafa é usada para alimentar leões. Mas a ideia deu um efeito horrível, acredita Miloslava Savelova. Os espectadores ficaram horrorizados.
Entretanto, soube-se que um outro jardim zoológico dinamarquês, o Jyllands Park na cidade de Videbek, anunciou que procura uma girafa fêmea que possa substituir um dos dois machos, ele tem 7 anos e, ironicamente, o seu nome também é Marius. Ele deve ser morto porque, segundo afirma o zoológico, ameaça o programa de reprodução. Mas por que é necessário matar e não dar a girafa àqueles que desejam cuidar dela? Por exemplo, ao líder da Chechênia Ramzan Kadyrov, que disse no Instagram que está disposto a receber Marius por “razões humanitárias”.
Voz da Rússia
sábado, 15 de fevereiro de 2014
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Pessoas e animais: quem são os melhores?
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