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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Brasil se prepara para abocanhar fatia comercial da UE

O número de animais de corte também está crescendo consideravelmente, a produção nacional começa a ter volumes visíveis, e ocorre ainda a segmentação das produções Foto: AFP/East News


Produtores brasileiros de carne podem ser vir a ser um dos principais beneficiários com o esfriamento das relações entre a Rússia e a União Europeia. Vendas só não devem crescer tanto porque a Rússia está aumentando a produção interna.

Em janeiro passado, o Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor) abriu pela primeira vez o acesso ao mercado interno ou levantou temporariamente as restrições a seis empresas brasileiras de abate e processamento de carne bovina, quatro de carne de porco e três de aves.

A cota total da produção brasileira nas importações de carne na Rússia alcançou 32,5% nos quatro primeiros meses de 2014, contra 22,6% para o mesmo período do ano passado, de acordo com os dados do Instituto de Conjuntura de Mercado Agrícola (Ikar, na sigla russa). Mesmo assim, em termos absolutos, foi registrada uma redução de 9%.

O aumento da cota se deve ao declínio geral das importações de carne por parte da Rússia, especialmente de carne suína da União Europeia. “Foi neste enquadramento econômico que uma certa recuperação no comércio com o Brasil resultou em valores tão elevados”, explicam os analistas do Rosselkhoznadzor.

A Europa, onde começou a rápida propagação da peste suína africana, se recusou a realizar a segmentação de mercado proposta por Moscou e, como resultado, não conseguiu garantir a segurança da carne exportada. Depois de semanas de polêmica, o Kremlin proibiu a importação de carne de porco e produtos derivados da carne suína da UE, embora a doença não tenha sido identificada na maioria dos países europeus.

“As abordagens que a União Europeia faz demonstram a existência de padrões duplos. Isso preocupa a nós e aos brasileiros”, disse o assistente administrativo do Rosselkhoznadzor, Aleksêi Alekseenko, em entrevista à Gazeta Russa enquanto esperava o voo para o Brasil no último dia 8.

A visita atual tem como objetivo a avaliação da possibilidade de aumento da venda de carne brasileira à Rússia sob medidas de controle mais rigorosas. O programa também inclui negociações no Ministério da Agricultura, visitas às produtoras e encontros com representantes de associações brasileiras de produtores de carne.

Parceria na substituição

De acordo com dados do Ikar, o principal aumento da participação brasileira nas importações russas ocorreu graças à carne suína. Durante o primeiro trimestre de 2014, a entrada desse tipo de carne proveniente do Brasil aumentou de 25,9 mil toneladas para 31,5 mil toneladas – um aumento de 13%. Já nos outros setores, os dados não são tão animadores.

As importações de aves do Brasil durante o mesmo período caíram de 11,6 para 8,6 toneladas, apesar de a demanda interna ter crescido como um dos principais ingredientes dos produtos de salsicharia e derivados. “Se o preço das aves nacionais continuar a subir, quem sabe se as aves brasileiras não se tornam competitivas e as importações aumentem? No entanto, para já isso é pouco provável”, disse à Gazeta Russa o especialista em mercado de carne do Ikar, Daniel Khotko.

Enquanto o Brasil conseguiu aumentar a exportação de carne suína e manter o mesmo nível de venda da carne bovina resfriada, a exportação de carne bovina congelada e de aves diminuiu 18% e 22%, respectivamente. “A Rússia continua implantando a política de substituição das importações de aves e de carne bovina por produção nacional, apesar de permanecermos bastante dependentes da importação em relação à última”, explicou Khotko.

Quanto à carne de porco, ao limitar drasticamente a importação da UE, observou-se certo desespero no mercado interno, acompanhado pelo acentuado aumento nos preços. “Agora é essa situação que exige uma resolução”, continuou o representante do Ikar, Khotko, acrescentando que o mais conveniente seria aumentar a cota de importação de carne do Brasil e do Canadá, o que já acontece parcialmente.

Estímulo interno

A situação no setor de criação de animais mudou nos últimos 10 anos, depois de o país ter ficado totalmente dependente da importação de carne do exterior na década de 1990. Hoje em dia, a produção nacional consegue cobrir quase integralmente as necessidades internas em termos de aves, e grande parte em carne suína (75%).

O número de animais de corte também está crescendo consideravelmente, a produção nacional começa a ter volumes visíveis, e ocorre ainda a segmentação das produções. Por exemplo, são criadas empresas que compram gado, a partir do qual, posteriormente, obtêm-se carne marmorizada para venda em restaurantes. O movimento já começou a ter impacto nos valores das importações.

De acordo com o analista da Investkafe, Roman Grintchenko, desde o início deste ano até 20 de abril, o volume total de importações de carne bovina na Rússia caiu 24,4%. As importações de carne suína também diminuíram 32,4%, e a de aves, 35,1%. “A diminuição do consumo por parte da população e a desaceleração do crescimento econômico na Rússia também têm tido impacto nesse números”, aponta o analista.

Gazeta Russa

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