Ricardo Varela Corrêa – Foto - Inape, Instituto de Astronomia e Pesquisas Espaciais, de Araçatuba, SP
O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o engenheiro eletrônico pela UNB, mestre e doutor em computação aplicada Ricardo Varela Corrêa, foi um o pioneiro dentro da área científica espacial e admitir e estudos os Objetos Voadores Não Identificados (OVNIS) no Brasil. Centenas de casos passaram por suas mãos e análises dentro do instituto.
Chefe do setor de balões atmosféricos (Coordenadoria de Ciências Espaciais e Atmosféricas Setor de Lançamento de Balões) e com larga experiência em analisar fenômenos e anomalias surgidas no céu, ele passou a ser o principal defensor da necessidade de se estudar seriamente o assunto no Brasil e derrubar os preconceitos que existem no meio científico sobre o tema.
Atualmente Ricardo Varela Corrêa é um dos mais respeitados e conceituados ufólogos do país, com intercâmbio internacional sobre atividades que estão ainda longe de uma explicação científica e tecnológica plausível. Ele concedeu essa entrevista exclusiva e altamente reveladora ao DefesaNet na qual comenta sobre os bastidores das investigações, a relação entre militares e os relatos de civis e estudiosos, além das repercussões no meio científico.
DefesaNet - O Brasil tem algum grupo oficial, integrado ao governo ou as armadas, que estude seriamente o assunto dos OVNIS e contatos Extra Terrestres?
Ricardo Varela Corrêa -Não tenho conhecimento de qualquer grupo oficial de estudos do fenômeno.
A recente liberação de documentos relacionados ao fenômeno UFO e gerados por pesquisas de nossas Forças Armadas mostram que existem investigações temporárias e pontuais.
Objetos observados por militares são investigados apenas na coleta de dados sobre o evento em particular. Dentre as milhares de páginas liberadas, não existe nenhum documento que mostre um trabalho continuado e que siga procedimentos investigativos padronizados.
Observa-se que cada caso é descrito com detalhes ou observações diferentes e que não há nenhum formulário padrão.
Foto do OVNI é de JAMIL VILA NOVA, Ufólugo e companheiro de RICARDO VARELA. Imagem feita em Aparecida, SP, conforme caso citado na entrevista.
Acredito que exista uma luz no fim desse túnel. Em 18 de abril de 2013,, a Comissão Brasileira de Ufólogos reuniu-se em Brasília em um evento intermediado pelo Ministério da Defesa para discutir o acesso a documentos militares que tratam de UFOs. Um fato inédito e muito importante !
Essa reunião seria um novo norte para a pesquisa ufológica em que observações do fenômeno UFO seriam compartilhadas em conjunto com pesquisadores civís e militares.
DefesaNet - Atualmente há uma categoria de cientistas que já admite a existência de vida inteligente extraterrestre visitando o planeta e mesmo como habitantes. Há indicativos sobre isso e por que os que se dizem céticos tentam ridicularizar a questão ?
A ridicularizarão do fenômeno tem uma razão histórica. Após o avistamento de Kenneth Arnold em 24 de junho de 1947, a mídia foi apresentada ao fenômeno, o que determinou o início da chamada era moderna dos discos voadores.
A partir da década de 1950, surgiram vários grupos de contactados que criaram seitas de fundo ufológico. Esses grupos criaram espaçoportos e aparatos como antenas, roupas e adereços engraçados, o que contribuiu enormemente para o descrédito do fenômeno.
Existem ufólogos que consideram que esse grupos foram criados com o incentivos dos serviços de contraespionagem dos EUA. O objetivo seria ridicularizar um fenômeno que não temos controle. Esses objetos entram nos espaços aéreos de nações com enorme poder de destruição e pouco se importam com fronteiras.
No Brasil não foi diferente! Houve um forte crescimento de grupos místicos em que o fenômeno UFO era a base de sua estrutura. Muitos desses grupos afirmavam contato direto com comandantes de naves espaciais que se encontravam na órbita terrestre e pretendiam intervir
A maioria dos cientistas acredita que exista vida em outros planetas. Alguns, acreditam que poderiam ser mais evoluídos tecnicamente e que poderiam dominar a tecnologia das viagens espaciais. Porém, a maioria acredita que seria uma vida monocelular.
O fenômeno é inegável. As testemunhas fazem relatos impressionantes e impactantes. Mas, a ciência terrestre exige provas mais contundentes e isso é realmente importante dentro de um contexto científico.
Nós ufólogos, entendemos que a ciência atual não tem condições e nem interesse em entender o fenômeno UFO.
Pelo menos por enquanto, a única forma de nossa ciência aceitar o fenômeno UFO como algo produzido por entidades extraterrestre seria com o contato direto de seres com determinados governos (alguns ufólogos acham que isso já aconteceu) ou com a captura e sua divulgação(existem fortes indícios que isso também já aconteceu, só que sem a divulgação).
DefesaNet - Sua experiência é vasta nos estudos de OVNIS e contatos dos mais diversos graus, inclusive muitos deles foram casos que chegam oficiosamente até o INPE. Existem segredos quando o assunto é vida extra terrestre inteligente?
Em 1980, havia um pesquisador do fenômeno UFO que era militar e da área científica, o General Uchôa. Assisti a uma de suas palestras em Brasília e comecei a me interessar pelo fenômeno.
Em 1981, ocorreu em Brasília o Primeiro Congresso Internacional de Ufologia. Fiquei 3 dias colado nos ufólogos e procurei me informar ao máximo. Assim comecei na pesquisa ufológica.
Cheguei ao INPE em 1983 quando comecei a investigar diversos relatos de pousos de naves em fazendas próximas à rodovia dos Tamoios.
Quanto ao INPE, por manter o “Espacial” em seu acrônimo, passa a ser ponto de referência quando uma testemunha deseja entender o que viu.
As pessoas desejam uma resposta de uma autoridade! Ficam muitas vezes assustadas , anseiam pela garantia de que seu testemunho seja ouvido e que seja confirmado que seu testemunho foi real. Assim, há uma quantidade razoável de ligações de pessoas que descrevem avistamentos ou que tiveram contato mais próximo com um disco voador ou com um possível ser extraterrestre.
No INPE não mantemos registro oficial de contatos. São analisados caso a caso e sem qualquer referência ou análise. A testemunha faz seu relato, eu anoto e acaba aí.
Quando existem evidências como fotos e vídeos, encaminho para discussão com nosso grupo de Análise de Imagens mantido pela Revista UFO.
Portanto, não existe nada secreto sobre o assunto no INPE.
DefesaNet - Há um intercâmbio de informações entre institutos civis, como o INPE e a AEB, e militares do Brasil com a Nasa e o JPL e departamentos dos Estados Unidos quanto a informações sobre esse tipo de assunto?
Entre a AEB e o INPE o assunto não é discutido. O fenômeno UFO é ignorado sendo considerado inadequado para discussões sérias.
A lei americana de liberdade de informação trouxe à luz alguns relatórios que foram entregues pela Embaixada Americana ao seu Departamento de Defesa. Tratavam de avistamentos registrados por pilotos militares brasileiros.
Isso mostra que havia um bom relacionamento entre os militares brasileiros e a embaixada americana, embora poucos relatos apareceram.
DefesaNet - Com que frequência isso ocorre, pois há informações que o INPE tenha esse tipo de contato desde os anos 80 ?
Iniciei um trabalho de investigação do fenômeno UFO no INPE em 1983. No inicio do ano, o INPE foi contatado por diversas testemunhas de que haviam avistado o pouso de naves na região da Serra da Mantiqueira próximo a São José e Cruzeiro. Fui em dezenas desses casos. Nenhum deles mostrou qualquer indício de verdade. Havia muitos “ninhos de fada” e nenhuma testemunha de um pouso. Pesquisei com colegas no Inpe se havia alguma referência a contatos de testemunhas. Solicitei apoio às telefonistas que encaminhassem qualquer relato para o meu ramal. Portanto, era a única pessoa do Inpe que recebia esses relatos.
DefesaNet - O primeiro caso reconhecido internacionalmente como uma invasão alienígena ocorreu nos céus de São José dos Campos em meados dos anos 80, envolvendo inclusive o coronel Ozires Silva, que foi proibido de se pronunciar a respeito pelo alto comando da Aeronáutica. O que de tão misterioso ocorreu para esse assunto ficar trancafiado nos arquivos militares por mais de duas décadas e só ter seu conteúdo liberado parcialmente?
Não concordo com essa afirmação. O Cel Ozires deu diversas entrevistas e contou com detalhes esse avistamento. Seu testemunho foi importante e responsável pela abertura de uma comissão de investigação pela Força Aérea Brasileira. Essa foi a segunda vez na história brasileira em que um Ministro abre à imprensa o acesso a todos os envolvidos! Ele inclusive descreveu em seu livro o que aconteceu. Embora houvesse uma promessa do Ministro da Aeronáutica de liberação do relatório final da comissão de investigação, nada foi liberado.
Por essa razão, ditada a mim pessoalmente pelo Cel Ozires de que só se pronunciaria sobre o assunto após a divulgação desse relatório. Temos o relatório considerado secreto até recentemente. Até agora, não consigo identificar a razão de ter sido classificado como secreto. Não traz nenhuma revelação, simplesmente faz um levantamento dos fatos. Talvez a razão da classificação seja a vulnerabilidade de nosso sistema de defesa aérea da época.
DefesaNet - Qual o caso mais intrigante que foi alvo de suas pesquisas e investigações?
Em 1995, os jornais noticiaram luzes estranhas que estavam se manifestando sobre a chamada Serra do Quebracangalha próximo à cidade de Aparecida. Fomos ao local e começamos a investigar com a população local. Ouvimos relatos incríveis e inclusive uma possível abdução em que testemunhamos marcas na vítima e queimadura de córnea. A vítima, um artesão da região, ficou tão apavorada que se mudou do estado! Outra testemunha descreve uma bola de luz de um metro que estava em frente ao portão de sua casa. Ele descarregou sua pistola na luz e nada aconteceu.
Ficamos vários dias fazendo vigília. Na segunda noite, vimos um princípio de incêndio e ficamos preocupados. Estávamos nos preparando para procurar os Bombeiros quando vimos um carro se aproximar do incêndio, retornar e o incêndio se extinguir. Na manhã seguinte, fomos ao local e conseguimos identificar a pessoa que foi até o incêndio. Seu testemunho foi muito interessante! Era uma mulher, filha do dono da fazenda. Ela viu o incêndio e correu para o local para identificar o que acontecia para providenciar e acionar o grupo de Bombeiros.
Ao chegar no local, viu uma bola de luz acima do incêndio que começou a se deslocar na direção do veículo. A Moça ficou assustada e voltou pela Estrada. Ficou apavorada uma vez que o objeto começou a perseguir o carro por diversos quilômetros e desapareceu. Ao olhar a região do incêndio, ela viu que havia se extinguido. Fomos ao local e vimos algumas árvores queimadas mas, apenas a parte superior. Em outra vigília, vimos um enorme objeto que obscureceu as estrelas acima de onde nos encontrávamos.
DefesaNet - Esse tabu que se criou no meio científico e militar sobre ETs e naves denominadas de disco voadores é, em sua opinião, uma estratégia para descredenciar as informações ou existem equívocos graves ao se reportar os casos ?
A única razão que consigo enxergar para manter os relatórios como secretos é divulgação de que nossos sistema de defesa é falho. Recentemente, o Reino Unido liberou uma quantidade enorme de material relacionado a avistamentos de UFOs, alguns muito impactantes. A cada ano, os governos liberam uma quantidade razoável de documentos. A grande quantidade de documentos comprova que em determina época, esses governos consideraram o fenômeno UFO como uma ameaça. Temos um belo exemplo de como deveria ser o relacionamento do governo com o fenômeno.
Foi criado um grupo oficial permanente de estudos do fenômeno UFO. Eles treinam os controladores de voo a identificar tráfego desconhecido e os pilotos podem relatar sua experiência sem medo de qualquer ação retaliação. Isso tráz veracidade ao estudo do fenômeno. Temos pessoas treinadas para agir sobre pressão como os pilotos civis e militares e que conhecem fenômenos atmosféricos e identificam facilmente estrelas e planetas, portanto, são dificilmente enganados a um erro de interpretação.
DefesaNet - Qual região do Brasil tem a maior incidência de avistamentos e de registros de ações extraordinárias que mereçam investigações ?
Não existe um estudo estatístico sobre isso no Brasil. No Mundo, temos apenas os EUA com grupos bem formados e aparelhados para a pesquisa ufológica e que geram estatísticas de locais, tipologia das naves e de tipos de avistamentos. Aqui, essa importante atividade não existe. Mas, as regiões de serra apresentam mais avistamentos, talvez pelo afastamento dos centros urbanos.
DefesaNet - Existe hoje algum tipo de preparo especial junto aos militares para enfrentar um evento que envolva OVNIS ?
Pelo menos no Brasil, aparentemente, desconheço qualquer protocolo. Temos conhecimento de normas para tratar o tráfego Hotel, denominação para o tráfego aéreo desconhecido. Sempre que um objeto voador não identificado, não necessariamente um disco voador, dispara uma série de ações e vi isso acontecer em 1981 durante a Guerra das Malvinas. Nessa época, trabalhava no CINDACTA (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo).
DefesaNet - Se tem registros de ataques alienígenas à humanos e, particularmente, a equipamentos militares, como caças ?
No mundo há vários casos. No Brasil, são esporádicos, pois os relatos ainda são secretos. O caso mais interessante ocorreu no Irã em 1976 quando objetos foram do tamanho de um jato comercial foram registrados a altíssimas velocidades e perseguidos por caças. Os caças ao se aproximarem do objeto tinham falha no motor e na comunicação. Em 1986, nossos caças perseguiram 21 objetos sobre o céu de São José dos Campos gerando uma investigação oficial da Força Aérea Brasileira em que o Ministro da Aeronáutica da época afirmou que o relatório seria tornado público.
Isso só aconteceu após intensa briga da Comissão Brasileira de Ufólogos na justiça para que fosse liberado. Em 1954, na base dos Afonsos no Rio de Janeiro, um objeto metálico sobrevoou a pista de pouso da Base Aérea, visto por diversas testemunhas. Um caça foi acionado que perseguiu o objeto até ficar com pouco combustível.
DefesaNet - Por ser pesquisador do INPE e também estudar assuntos que ainda carregam uma forte carga de preconceito, já sofreu algum tipo de censura ?
Existe sim um certo preconceito, mas nunca censura. Com a massiva divulgação de pesquisas realizadas por cientistas e o aumento considerável de pessoas que contam contatos com objetos voadores discoides metálicos e que fazem evoluções incríveis provocaram uma certa mudança.
Há uns 10 anos existia uma certa animosidade por me interessar sobre o assunto. Mas, nada vindo da direção do Inpe. Eram sempre de colegas que não se interessam pelo assunto. Esses são os piores críticos! Simplesmente não se informam, não tem a mínima ideia sobre o assunto e já fornecem palpite emitindo forte opinião contra, o que vai totalmente contra qualquer conceito de ciência.
DefesaNet - Por que não há uma discussão clara sobre esses episódios com a opinião pública que envolva cientistas, militares e a sociedade civil?
Existe uma evolução clara nesse contato. Recentemente, a Comissão Brasileira de Ufólogos teve um encontro em Brasília no Ministério da Defesa com representantes de todos os comandos para discutir isso. Infelizmente, esses representantes parece que perderam o interesse nessa parceria.
No início de maio houve uma declaração no Congresso americano de alto impacto para a ufologia. Cientistas declararam que é inevitável contato com vida extraterrestre nos próximos 20 anos! Embora se referiam a vida microbial, é um fato fantástico. Antes, nem isso consideravam. E já acreditam que se houvesse inteligência extraterrestre e que tentassem entrar em contato, nós não teríamos a tecnologia necessária para entender a mensagem.
DefesaNet - Em sua opinião, quando teremos uma transparência maior sobre questões como abduções, invasão de espaço aéreo por OVNIS, contatos estabelecidos com outras formas de vida extra terrestre?
A mídia tem dado amplo espaço a relatos de UFOs. A TV paga tem criado cada vez mais programas seriados sobre ufologia. Acredito que essa exposição do público à pesquisa sobre o assunto, acabará chegando às pessoas que poderiam abrir as portas para uma cooperação real e efetiva entre os ufólogos, militares e cientistas.
Não há necessidade de medo! O que observamos é que entram em nosso espaço aéreo a hora que querem como querem e o tempo que for necessário sem que possam fazer qualquer ação. Portanto, qual o problema em divulgar os contatos? Precisamos de estatística e de investigação científica. O fenômeno precisa ser estudado seguindo os preceitos da ciência que conhecemos. Nos relatos que foram liberados para análise mostram que não há ciência, sendo apenas relatos descritivos de avistamentos e cada caso recebe uma sequência diferente de investigação.
Defesa Net
quarta-feira, 28 de maio de 2014
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Pesquisador do INPE revela os bastidores da ufologia no Brasil
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