Em setembro deste ano será concluído o projeto do primeiro no mundo reator russo de neutrões rápidos e bloco térmico de metais líquidos Brest-300.
O agregado foi projetado pelo Instituto de Pesquisas Científicas Dollezhal. A Rússia tem mantido a liderança na criação de reatores de neutrões rápidos. Há já muito que na usina atômica de Beloyarsk (região de Sverdlovsk) está funcionando um reator industrial BN-600. Hoje em dia, este é um único no mundo bloco energético a neutrões rápidos. Todavia, o projeto Brest representa uma vertente energética diferente, constata Andrei Gagarinsky, do Instituto Kurchatov:
“Trata-se de uma inovação que ainda não foi posta em prática. O reator de neutrões rápidos com o chumbo líquido. Os reatores rápidos produzidos no mundo se refrigeram por sódio líquido. Mas este elemento é inflamável e interage mal com a água, razão pela qual tem de ser isolado. Ainda por cima, possui outras caraterísticas negativas”.
O chumbo carece de caraterísticas como essas. Os reatores em ação funcionam sob a pressão, senão a água entra em ebulição devido a temperaturas altas. O chumbo se funde com a temperatura superior a 300 graus. Por isso, a pressão pode ser mantida em nível mais baixo. Em termos químicos, o chumbo é passivo ao contrário de sódio ativo. Eis porque a ideia de novo reator chegou à etapa de projeção. O projeto se chama Brest-300 devido à potência do reator estimada em 300 mega vátios.
Os seus autores consideram que ele permite criar uma instalação de reator mais segura, se comparada com outros blocos a neutrões rápidos. Praticamente todos são reatores que utilizam o sódio. Os oponentes mais cépticos afirmam não haver, nem nunca ter havido tal reator com chumbo. Para não falar de instalações experimentais.
Por enquanto, a ideia fica no papel, embora as caraterísticas do chumbo e a sua interação com vários tipos de combustível já tenham sido estudadas. Por isso, iniciar a construção de um reator novo, sem análogos, com uma potência de 330 megavátios, iria constituir um enorme risco. Seria melhor, criar, na primeira etapa, um reator experimental que precisasse de um combustível novo. Enquanto isso, o BN-600 funciona na Rússia há já 60 anos.
Os partidários do Brest têm um “argumento de peso”. Após o acidente na Fukushima, o sector atômico continua procurando novos elementos energéticos que não possuam, por exemplo, caraterísticas perigosas e que, ao contrário de água, não entram em reações químicas com a formação de hidrogênio. O chumbo fica no centro da atenção de especialistas, adianta Gagarinsky:
“Hoje, na Rússia estão sendo estudadas três opções para o desenvolvimento de reatores rápidos – o tradicional, com o sódio, mediante o projeto BN-1200. O projeto experimental, usando o chumbo com a potência de 100 megavátios, será construído nos arredores de Dimitrovgrad e, por fim, o projeto Brest”.
O mundo da ciência manifesta um interesse moderado. No âmbito do projeto de reator da quarta geração, de uma centena de propostas foram selecionadas seis, incluindo um reator com chumbo. Uma atenção especial foi dispensada por uma empresa romeno-italiana. A Romênia se dispõe a conceder infraestruturas e a Itália – os estudos técnicos e científicos. De notar que ambos os países são pioneiros nesse domínio. Até hoje, vale dizer que os partidários de reatores rápidos com o sódio mantêm posições fortes. Apenas os franceses têm revelado interesse em relação aos reatores rápidos a gás.
Voz da Rússia
quinta-feira, 22 de maio de 2014
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Projeto Brest-300 abre nova página no setor nuclear
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