Como se diz no comunicado dos chefes das diplomacias da União Europeia, a União confirmou ter ampliado as sanções contra a Rússia.
A lista anterior foi alargada em 13 russos, contendo agora 61 nomes. Ao mesmo tempo, foi anunciado o congelamento de ativos de duas companhias da Crimeia e de Sevastopol.
Ainda antes já foi conhecido que funcionários europeus pretendem alargar as sanções. Esta notícia foi confirmada oficialmente segunda-feira. O Ministério das Relações Exteriores russo destacava reiteradamente que é descabido e contraproducente falar com Moscou numa linguagem de sanções, enquanto peritos, inclusive ocidentais, apontam que a introdução de novas sanções irá prejudicar a economia da União Europeia e dos EUA. Esta opinião é apoiada também por um economista, Maxim Bratersky:
“Nos últimos 15-20 anos no mundo vem reforçando a compreensão de que as sanções, frequentemente, não levam a resultados almejados, ou seja causam prejuízos econômicos e não têm efeitos políticos. Por outro lado, são os Estados Unidos que insistem em sanções, perdendo pouco em resultado, porque têm relações econômicas comerciais bastante limitadas com a Rússia. Mas propõem que elas sejam aplicadas pelos europeus que economicamente são mais ligadas à Rússia e sofrerão possíveis danos. São as duas causas pelas quais no Ocidente não há uma opinião comum em relação às sanções contra a Rússia”.
Por sua vez, o antigo chanceler alemão Gerhard Schroeder apelou há dias para que o Ocidente pense menos sobre as sanções contra a Rússia. Em suas palavras, seria melhor em vez disso falar sobre os interesses da Rússia na área da segurança. Frans Timmermans, ministro das Relações Exteriores da Holanda, também expressou-se contra a pressão sobre Moscou. Hoje, em sua opinião, não há necessidade de recorrer à “terceira fase” de sanções econômicas.
Entretanto, o Ministério das Finanças americano já começou a registar perdas. Nas palavras do vice-ministro das Finanças dos EUA, David Cohen, as sanções econômicas introduzidas contra a Rússia já repercutiram negativamente em países europeus. A integração da economia russa na mundial cresceu consideravelmente nos últimos anos. Analistas ainda não estão preparados a referir números exatos. Contudo, de um ou de outro modo, pode-se falar de bilhões de dólares, considera o nosso perito Maxim Bratersky:
“Em termos gerais, se forem congelados investimentos ocidentais na Rússia, o país, por um lado, não terá o efeito econômico almejado desses investimentos – impostos, novos empregos, etc. Por outro lado, investidores ocidentais não receberão lucros esperados. É muito difícil prever quanto tempo durará tal situação e quais serão essas perdas”.
A UE não apenas receia possíveis perdas em resultado da pressão econômica sobre a Rússia. Assim, como escreve o jornal britânico Daily Telegraph, citando um relatório secreto preparado pela União Europeia, as sanções são capazes de diminuir os prognósticos do crescimento econômico da Alemanha, locomotiva europeia, em quase 1%, o que aproximará Berlim de recessão econômica e influirá prejudicialmente na zona europeia. Tal cenário é possível se supormos que, como se diz na edição britânica, sejam proibidas as importações de gás e de petróleo da Rússia. Em perspectiva de longo prazo, as consequências nefastas para a economia alemã serão ainda mais sensíveis.
Por isso, segundo analistas, assiste-se nos últimos tempos a cada vez maior demora na ampliação de sanções contra a Rússia, das quais depende o destino dos 28 países da União Europeia. Quanto pior será sua economia, tanto mais próxima será a decadência da própria UE. Por isso os interesses econômicos foram e continuarão a ser considerados apesar de viragens políticas de líderes mundiais, diz um politólogo, Alexander Kokeev:
“Os interesses econômicos em separado não podem constituir bases políticas, enquanto os interesses puramente políticos ou, como se costuma dizer agora, geopolíticos não podem determinar tudo, ignorando absolutamente a economia, ignorando a opinião de tais companhias como Siemens, Adidas, BMW, etc. Por isso a Alemanha e outros países da UE levarão em consideração aspetos econômicos”.
É evidente que a Europa não tem quaisquer vantagens das sanções contra a Rússia. Sim, a UE pode renunciar por alguns anos ao gás russo, pelo qual paga agora, em média, 380 dólares por mil metros cúbicos. Mas neste caso a Europa terá de comprar gás à Ásia a preços em 50-100% mais altos.
Além do crescimento dos preços de produtos energéticos, companhias europeias perderão também o mercado russo que para muitas delas é um dos mais importantes.
Os EUA podem obter vantagens, recebendo uma parte do mercado energético europeu. É nomeadamente a isso que aspira Washington, dispondo Bruxelas contra Moscou.
Os Estados Unidos, contudo, não levam em consideração um detalhe. O jogo contra a Rússia pode resultar no crescimento de laços econômicos e, como consequência, políticos entre Moscou e Pequim, significando para os EUA a perda de liderança mundial.
Voz da Rússia
terça-feira, 13 de maio de 2014
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Sanções contra Rússia: quem terá mais prejuízos?
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