“No mesmo dia em que o nosso secretário de Estado perora sobre a Rússia estar supostamente armando rebeldes antigovernamentais num país, o nosso presidente decide gastar meio bilhão de dólares para armar rebeldes antigovernamentais noutro. Como esses caras podem falar que são sérios?”
Foi assim que um leitor do jornal The New York Times, do estado de Ohio, comentou a notícia de que o presidente dos EUA Barack Obama, em 26 de junho, pediu ao congresso 500 milhões de dólares para ajudar a oposição moderada síria.
Sendo incapaz de derrubar o regime de Assad, a oposição “moderada”, seguindo o exemplo do grupo EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante), agora vai tentar criar o seu próprio quase-Estado. E nisso vai ajudá-la o projeto de lei dos EUA sobre a política militar. Ele dá ao Pentágono o direito de “treinar e equipar os elementos comprovados da oposição armada síria para ajudá-los a defender o povo sírio, estabilizar as áreas controladas pela oposição, facilitar a prestação de serviços básicos à população, combater ameaças terroristas e promover condições para uma solução pacífica”.
A representante do Conselho de Segurança Nacional junto da Casa Branca, Caitlin Hayden, acrescenta: “Embora nós continuemos a acreditar que não há solução militar para esta crise e que os Estados Unidos não devem colocar tropas norte-americanas em combate na Síria, este pedido representa mais um passo para ajudar o povo sírio a se defender contra os ataques do regime, resistir contra o número crescente de extremistas como os EIIL que encontram refúgio seguro no caos, e a tomar seu futuro em suas próprias mãos”.
Resumindo, no meio do caos que reina nos territórios ocupados pela oposição, os EUA identificaram “pessoas de confiança” que eles vão treinar e equipar. (Houve uma altura em que uma das pessoas de mais confiança dos EUA era Osama bin Laden). Além disso, os militares norte-americanos pretendem ensinar a oposição síria a estabilizar o caos e protegê-la de ataques do regime. O esquema norte-americano, testado pelo tempo, de infinitamente “criar condições para uma solução pacífica”. Ele, aliás, já confirmou a sua “alta eficácia” no Iraque, Afeganistão e Líbia.
Aparentemente, estando cansados do surrealismo militar dos Estados Unidos, os países da região começaram a lidar independentemente com a ameaça de surgimento de novos Estados em seus territórios. Os exércitos sírio e libanês realizam operações conjuntas contra militantes ao longo da fronteira comum e a Força Aérea síria bombardeia posições do EIIL no Iraque. Mas o secretário de Estado norte-americano John Kerry não deixou de declarar que tais atos são uma interferência prejudicial num grave conflito interno. É verdade, como podíamos ter esquecido a quem pertence o direito exclusivo de bombardear e se apoderar de territórios de estados soberanos, bem como o financiamento, o armamento e o treinamento de protestos antigovernamentais em todo o mundo?
No entanto, mesmo por 500 milhões de dólares é problemático vencer simultaneamente o exército sírio e seus colegas do “califado” vizinho. Mas quanto a gastá-los, isso vão com certeza.
O leitor tem razão: como conseguem os líderes dos Estados Unidos, ao expressar tais ideias, manter uma cara séria?
Voz da Rússia
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