Segundo informa o jornal Burma Times, Mianmar (antiga Birmânia) começou conversações com a China e o Paquistão sobre a aquisição e a organização de montagem do caças sino-paquistaneses FS-1 em Mianmar. Este pode ser o primeiro êxito do FS-1 nas exportações durante muito tempo.
O FS-1 foi fabricado pela companhia chinesa Chengdu Aircraft Corporation em cooperação com o Paquistão em finais dos 1990 e início dos 2000. Alguns peritos viram no FS-1 uma futura estrela do mercado mundial de armamentos e o coveiro do MiG-29. Porém, desde o momento da produção em série em 2007 e até hoje, este avião não conseguiu chamar a atenção de nenhum comprador, além do Paquistão, praticamente privado de qualquer opção.
Até agora citaram-se numerosos possíveis compradores do FS-1, incluindo o Zimbabué, o Egito, o Azerbaidjão e o Sudão. Mas não foi assinado qualquer contrato. E é possível que, no caso de Mianmar, as conversações não levem à assinatura de qualquer documento. Não obstante, por enquanto, Mianmar parece ser o pretendente mais provável à aquisição desse avião. A situação deste país faz lembrar em muito a situação do Paquistão. Ambos os países têm uma longa história de relações políticas próximas com a China e uma carga de problemas acumulados nas relações com o Ocidente.
Não obstante se ter realizado a normalização das relações de Mianmar com os EUA, as possibilidades do país de aceder ao mercado internacional de armamentos continuam sendo limitadas. Tanto o Paquistão, como Mianmar têm sérias ambições quanto ao desenvolvimento da indústria nacional de defesa. O que é ainda mais importante, Mianmar enfrenta uma longa guerra contra grupos de guerrilha no seu território.
Isto significa que as forças armadas de Mianmar precisam de caças multi-funcionais baratos na manutenção, simples e fiáveis. Semelhantes aparelhos não devem obrigatoriamente concorrer em pé de igualdade com modelos mais complexos e avançados da tecnologia aérea moderna. Em comparação com os últimos modelos do caça MiG-29, o FS-1 tem sensivelmente menos capacidade de transportar armas e de manobrar, os armamentos com que está equipado são menos potentes.
Não obstante, para um país na situação de Mianmar, isso pode ser a variante ideal. Mianmar já utiliza aviões fornecidos pela China, por exemplo, os K-8 de treino e combate na luta contra os guerrilheiros no seu território. O FS-1,com a sua aparelhagem radio-eletrônica de bordo moderna e a sua capacidade de emprego de armas de alta precisão com alvos terrestres, pode ser insubstituível em semelhantes operações.
A entrega de tecnologias, a que a China normalmente está disposta, e a organização de produção licenciada desses aviões em Mianmar dificilmente transformarão esse país numa forte potência da indústria aeronáutica.
É claro que, tendo em conta o estado atual da base produtiva de Mianmar, tratar-se-á principalmente da montagem de aparelhos com componentes enviados da China. Não obstante, mesmo uma entrega limitada de tecnologias permitirá a Mianmar conseguir uma certa autonomia nas questões da sua manutenção e reparação.
No fim de contas, a Rússia também ganha com esse projeto, porque o caça FS-1 utiliza, por enquanto, motores russos RD-33. É possível que, depois de receber o novo caça, Mianmar manifeste interesse em comprar armamentos modernos de alta precisão para si, nomeadamente na Rússia.
Voz da Rússia
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