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quarta-feira, 2 de julho de 2014

Israel lança ataques a Gaza e Cisjordânia; soldados matam adolescentes

Força Aérea de Israel lançou cerca de 30 ataques aéreos contra a Faixa de Gaza durante a madrugada desta terça (1º/7).

O governo de Israel ameaçou o Hamas pela morte de três colonos desaparecidos há mais de duas semanas, que teriam sido encontrados na tarde de segunda-feira (30). Nesta madrugada, foram relatadas dezenas de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza, governada pelo partido islâmico que Israel classifica de “organização terrorista”. Soldados israelenses também dispararam contra um adolescente de Jenin, na Cisjordânia, elevando o número de palestinos mortos pela operação militar lançada em 12 de junho.
Haaretz


O Hamas – partido que acaba de reintegrar o governo palestino, após um acordo de reconciliação nacional – já havia negado a responsabilidade pelo alegado sequestro de três jovens colonos israelenses, que tinham entre 16 e 19 anos de idade. Na noite da segunda-feira, os corpos dos adolescentes foram encontrados na região da colônia de Karmei Tzur e da cidade palestina Halhul, ao norte de Hebron, de acordo com o jornal israelense Haaretz.

A resposta israelense foi a ameaça e a intensificação da violência, já escalada desde a notícia sobre o desaparecimento dos três colonos. Antes disso, o anúncio de reintegração do Hamas ao governo, após um período de sete anos de ruptura política com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), também havia sido veementemente condenada por Israel, que ameaçava, então, a Autoridade Palestina.

Embora tenha identificado “suspeitos” do sequestro e da morte dos colonos, o governo israelense liderado pelo agressivo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu – e composto por fortes representantes do movimento de colonos, como o ministro da Economia, Naftali Bennett – já ordenou a continuidade das operações contra Gaza e contra a Cisjordânia.

Na Faixa de Gaza, as casas de alguns dos “suspeitos” – que o jornal israelense mais lido, Yedioth Ahronoth, tem classificado apenas como “terroristas” – de dispararem foguetes contra o sul de Israel já foram atacadas por bombardeios aéreos durante o fim de semana e na madrugada desta terça-feira (1º/7), quando o Ministério palestino do Interior e fontes do Exército israelense contabilizaram cerca de 30 ataques, segundo a mídia local.

Cerco na Cisjordânia

No nordeste de Hebron, na Cisjordânia, as forças israelenses também explodiram as casas de dois palestinos, Marwan al-Qawasmeh e Amer Abu Eisha, cujas famílias negaram as acusações sobre o envolvimento em “atividades terroristas” ou no sequestro dos três colonos. A região foi cercada e declarada “zona militar fechada”, enquanto as famílias foram forçadas a deixar suas casas, de acordo com fontes locais, citadas pela agência palestina de notícias Maan.

Além da explosão das duas casas, as fontes também disseram que os soldados estavam se preparando para demolir outras. Um porta-voz do Exército israelense negou que as casas tenham sido destruídas, mas afirmou que os soldados as estavam revistando. A fonte disse ainda que as casas foram explodidas porque o poder de fogo usado para derrubar as portas de entrada “ficou um pouco fora de controle”. Uma gravação disponibilizada pela Maan mostra a explosão da casa de Abu Eisha.

Também foram relatados confrontos entre os palestinos, com garrafas e pedras, e soldados israelenses, que usaram bombas de gás lacrimogênio e outras de efeito moral, enquanto as entradas para Halhul e Hebron foram bloqueadas.

Apenas na Cisjordânia, durante a operação militar “Guardião Fraterno” (uma referência bíblica), as forças israelenses detiveram cerca de 570 e mataram quase 10 palestinos, inclusive um adolescente de 15 anos, Mohamed Dudin, na semana passada. Já nesta terça, outro adolescente, Youssef Abu Zagha, de 16 anos, foi morto por disparos dos soldados israelenses no campo de refugiados de Jenin. O Exército de Israel afirmou que os disparos foram feitos porque Youssef era um “operativo do Hamas” que se preparava para lançar um “dispositivo explosivo”.

Entretanto, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, referia-se à morte dos três colonos quando disse, em um comunicado, que seu país “condena nos termos mais firmes possíveis este ato de terror sem sentido contra a juventude inocente,” tom em que foi correspondido pelo primeiro-ministro britânico David Cameron, pelo presidente da França, François Hollande e pela chanceler alemã, Angela Merkel.

O Hamas acusou Israel de ter fabricado tanto o sequestro quanto as mortes dos três colonos para justificar a escalada da sua presença militar e dos ataques contra os territórios palestinos, principalmente para perseguir o grupo. “A ocupação está tentando usar esta história para justificar sua guerra extensiva contra o nosso povo, contra a resistência e contra o Hamas,” disse Sami Abu Zuhri, porta-voz do partido, à Agence France Presse (AFP).

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