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sábado, 12 de julho de 2014

Na fronteira com Gaza, israelenses querem o fim do Hamas

Cansados dos ataques aéreos, muitos cidadãos de Israel apoiam investida contra o lado palestino. Em Sderot, próxima à Faixa de Gaza, as aulas foram canceladas e o comércio permanece fechado em meio ao clima de tensão.

"É o governo do Hamas que está nos atacando. No momento, não tenho sentimento algum pelos que vivem na Faixa de Gaza. Se quiserem fazer alguma coisa e viver em paz, precisam mudar o próprio governo", diz Kogan Baruch, morador de Sderot, a apenas um quilômetro da fronteira com Gaza. Ele é um dos 24 mil habitantes da cidade israelense, atualmente tomados pelo medo constante de serem atingidos pelo próximo foguete.

Baruch, de 56 anos, vivencia de perto os efeitos do conflito com o Hamas, o partido no poder na Faixa de Gaza. A fábrica de tintas que ele dirigiu por 30 anos pegou fogo há quase duas semanas, ao ser atingida por dois foguetes não interceptados pelo sistema de defesa antimíssil Iron Dome. Baruch conhece bem a difícil situação no lado israelense da fronteira e se mostra insensível quanto ao crescente número de mortos na Faixa de Gaza.

As vítimas fatais dos ataques israelenses já passam de 100, divulgaram as autoridades palestinas nesta sexta-feira (11/07). Além disso, o serviço de emergência na Faixa de Gaza contabilizou 670 feridos desde o início da ofensiva de Israel, nesta terça-feira.

Foguetes destrutivos

No início da noite desta quarta para quinta-feira escutaram-se quatro explosões em Jerusalém, que fizeram com que as pessoas corressem para os abrigos aéreos. Dois dos mísseis foram interceptados, e outros dois caíram fora da cidade, sem ferir ninguém.

O Exército israelense afirma que mais de 550 foguetes foram lançados contra Israel nos últimos três dias. Enquanto isso, a Força Aérea de Israel bombardeou 1.100 alvos na Faixa de Gaza, segundo as autoridades do país, sendo metade deles rampas de lançamento de foguetes.

Enquanto a reportagem da DW visitava Baruch em sua fábrica em Sderot, dois foguetes foram interceptados. A fábrica de Baruch, seriamente avariada após pegar fogo, empregava 30 pessoas. Por sorte, nenhum dos funcionários ficou ferido, pois os foguetes caíram num fim de semana. Mas as explosões foram tão fortes que quatro trabalhadores da fábrica vizinha ficaram feridos.

Baruch, que prometeu reconstruir sua fábrica e seu negócio em Sderot, diz ser a favor da invasão da Faixa de Gaza, mesmo não estando seguro de que isso trará alguma resultado.

"A cada quatro ou cinco anos, nossos militares avançam adentro e limpam todas essas redes terroristas, retiram toda a munição, mas eles já começam a coletar novamente. Isso nunca tem fim", diz Baruch. "Mesmo matando todos eles, novos virão e vão começar tudo de novo."

"A vida mudou"

Próximo ao centro de Sderot, veem-se guindastes pontilhando o horizonte. De acordo com o prefeito da cidade, Alon Davidi, 500 novos apartamentos estão sendo construídos, e cada vez mais pessoas querem se mudar para Sderot.

"Por quê? Em Sderot, nós amamos as pessoas, somos um microcosmo de religiosos, não religiosos, jovens e velhos", diz Davidi à DW. Mas a vida em Sderot parou de forma incomum esta semana. Os moradores permaneceram em casa, pois as aulas foram canceladas e lojas e restaurantes estão fechados.

De acordo com Noam Bederin, um morador local, as pessoas em Sderot têm convivido com a incerteza há mais de uma década. "Mas este é um dos momentos mais tensos", diz.

Dov Dracheman, um estudante de 22 anos, conta que os exames finais foram adiados. Devido à tensão e aos foguetes, "estamos dormindo mal por aqui, é realmente muito chato".

Dacheman diz ainda que, desta vez, Israel foi atingido por mais foguetes do que durante o último fogo-cruzado entre a Faixa de Gaza e Israel, em novembro de 2012. "A vida mudou, as pessoas estão com medo e mal saem de casa." O jovem diz que sente muito pelas mortes de inocentes na Faixa de Gaza, reconhecendo que muitos deles não estão associados ao Hamas.

Combate ao Hamas

O general aposentado Uzi Dayan, ex-membro das Forças de Defesa de Israel, acredita que a única solução seja voltar a ocupar a Faixa de Gaza, mesmo que isso leve meses, ou até mesmo um ou dois anos. O ex-militar concorda que os custos podem ser altos e não espera que uma invasão acabe inteiramente com o terrorismo.

Dayan sugere que, se o Hamas deixar a Faixa de Gaza, o presidente Mahmoud Abbas deverá tentar preencher a lacuna de poder na Faixa de Gaza. Mas, para o jovem, não importa se um eventual próximo líder for do Hamas ou não. "Se ele se meter com Israel, vai pagar por isso."

O prefeito de Sderot concorda que os militares de Israel devem fazer tudo o que puderem para desmantelar o Hamas. "O Exército israelense é capaz de destruir o Hamas, e espero que não pare até que execute essa tarefa. Se o Exército tiver que ficar em Gaza por um ano, que assim seja", diz Davidi.

DW/Defesa Net

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