Na Síria realizam-se trabalhos com vista à reconstrução da herança arqueológica afetada durante os combates. Mamun Abdulkarim, diretor-geral do Departamento de Defesa da Herança Arqueológica da Síria, falou à Voz da Rússia de como se realizam esse trabalho, bem como da situação atual da herança arqueológica síria.
“Nos últimos tempos, aceleramos o trabalho de recuperação e conservação da herança arqueológica com o apoio de uma série de países e de organizações. Graças à sua cooperação com o diretor-geral do Departamento de Museus e Herança Cultural, foram salvos mais de 100 objetos que tinham sido anteriormente roubados de coleções de museus. Felizmente, muitos deles já foram hoje recuperados e encontram-se inteiros e em segurança.
Somos ajudados, nomeadamente, por colegas do Líbano e da Alemanha, bem como pela Interpol, UNESCO e representantes da Organização Alfandegária Mundial. Por exemplo, acabamos de receber fotos de fragmentos de mosaicos roubados do nosso país. A investigação desse caso foi realizada na Alemanha, eles entraram em contato conosco para receberem a confirmação do valor histórico desses fragmentos de mosaico. Atualmente, muitas obras são descobertas graças aos nossos próprios esforços, bem como existem confirmações documentais do lugar onde se encontram monumentos que foram levados para fora da Síria. As investigações continuam com o apoio da polícia internacional.
Claro que, tendo em conta que o país, por enquanto, ainda não saiu da crise e atravessa um período complexo, não se pode dizer que todos os monumentos culturais se encontram num estado satisfatório. Porém, no que diz respeito aos museus, hoje, eles entram gradualmente na normalidade e os objetos mais valiosos são guardados em sítios seguros. Em estado lastimável encontram-se os complexos arqueológicos distantes do centro, tais como as cidades antigas de Dura Europos e Mari.
Há alguns dias atrás, visitei a parte histórica da cidade de Homs, libertada dos guerrilheiros, vi diferentes monumentos arquitetônicos: a mesquita Khalid ibn al-Walid, Dar al-Mufid, o Templo do Cinto de Nossa Senhora (Omm Al-Zanar). Todos esses monumentos se conservaram, embora tenham sofrido algumas destruições. Mas hoje os monumentos estão protegidos.
Juntamente com o ministro da Cultura, nós, recentemente, visitamos Qalajat al-Husn (Krak dos Cavaleiros). Está quase pronta para receber os turistas, Mas há ainda muitos milhares de monumentos sírios que necessitam de restauração e defesa.
É insuficiente restaurar a herança cultural e arqueológica, precisamos também de a conservar para as gerações futuras. Para isso são necessários não só os esforços da parte dos cidadãos sírios, mas também a ajuda da comunidade internacional na chamada de atenção para este problema. Recentemente, realizou-se um encontro organizado pela UNESCO e dedicado à questão da defesa da herança cultural da Síria. Nele estiveram presentes 120 representantes de 22 países.
Considero ser necessário, através da realização de conferências nos países da Europa, bem como com a ajuda de missões culturais internacionais, chamar a atenção para o problema da defesa da herança cultural síria, pois trata-se de um valor histórico não só para a própria Síria, mas também para toda a humanidade”.
Voz da Rússia
terça-feira, 8 de julho de 2014
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Salvando a herança arqueológica da Síria
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