Segundo "Haaretz", pedido de desculpas veio após lobby de fabricante de aviões
O pedido de desculpas feito à presidente Dilma Rousseff pelo presidente de Israel, Reuven Rivlin, teria sido motivado por interesses econômicos e acontecido a despeito das orientações da Chancelaria israelense. Foi o que sustentou o jornal israelense "Haaretz" em extensa reportagem sobre os bastidores do telefonema entre os dois dignitários, que aconteceu na segunda-feira.
Rivlin pediu desculpas a Dilma pelos comentários feitos pelo porta-voz do Ministério dasRelações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, há três semanas. Palmor classificou o Brasil de "anão diplomático" depois que o Itamaraty chamou de volta a Brasília, para consultas, o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Henrique Sardinha Pinto.
Rivlin pediu desculpas a Dilma pelos comentários feitos pelo porta-voz do Ministério dasRelações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, há três semanas. Palmor classificou o Brasil de "anão diplomático" depois que o Itamaraty chamou de volta a Brasília, para consultas, o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Henrique Sardinha Pinto.
Segundo a matéria, o telefonema aconteceu por pressão da Israel Aerospace Industries (IAI), fabricante de aviões do governo israelense que participaria, neste momento, de uma concorrência de milhões de dólares para a venda de aviões de reabastecimento para o Exército Brasileiro. A empresa acreditaria que o mal-estar diplomático entre os dois países poderia diminuir suas chances de vencer a concorrência.
Retorno do embaixador
A reportagem afirma que a Chancelaria israelense teria orientado o ex-embaixador de Israel em Brasília, Rafael Eldad (que deixou o posto há alguns dias) a não pedir desculpas ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, mas apenas tentar acalmar os ânimos.
- Não queríamos exacerbar a situação, mas também não queríamos pedir desculpas. Comparado o que o Brasil nos fez, nossa crítica foi delicada - disse uma fonte diplomática ao "Haaretz".
O jornal sustenta que, antes do telefonema de segunda-feira, Rivlin notificou a Chancelaria e afirmou que considerava um pedido de desculpas apropriado.
Com o pedido oficial de desculpas, o Brasil já avalia mandar o embaixador de volta a Tel Aviv. Porém, até o início da noite de ontem, a volta de Sardinha ainda era vista como uma hipótese para a diplomacia brasileira. Não se descartava, entre outros passos adicionais para uma decisão final, outros avanços diplomáticos, como a maior participação do Brasil nas negociações de paz e um cessar-fogo mais duradouro.
- A ligação do presidente de Israel, e a repercussão positiva que teve no Brasil, é um elemento que terá muito peso na avaliação para o retorno do embaixador Sardinha. Agora, talvez não seja o único elemento. Provavelmente se tenha que esperar mais um desdobramento positivo para que se justifique mais solidamente o retorno do embaixador - disse uma fonte do governo.
O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou que o pedido de desculpas do presidente de Israel encerra o episódio. Garcia disse que o gestou de Rivlin, recém-empossado, foi "simpático".
- Foi um gesto muito simpático onde o presidente de Israel, no telefonema à presidente Dilma, expôs os motivos de seu país. Ficou clara a disposição dos dois governos de manter as relações históricas. É um assunto encerrado- disse o auxiliar da presidente.
Defesa Net/O globo
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