Caças Sukhoi, Su-35 na foto, são o principal ponto de contato da Federação da Rússia. Na Índia os Su-27 e Su-30MKI, que é produzido localmente.
Sistema Pantsir-S1 em negociação entre a Rosoboronexport e a Odebrecht Defesa e Tecnologia .
Míssil Supersônico BrahMos , desenvolvimento conjunto Índia-Rússia.
Semana passada, Anatoly Isaykin, diretor geral da Rosoboronexport - agência estatal russa responsável pela importação e exportação de produtos militares - declarou que a empresa pretende desenvolver armamentos e equipamento militar com outras nações do BRICS. “Por enquanto, estamos trabalhando diretamente em cada país, mas também pensamos em projetos colaborativos envolvendo diversas nações ao mesmo tempo. Em particular, negociações entre Rússia, Brasil e África do Sul foram marcadas para o fim deste ano”, disse Isaykin.
O diretor da estatal afirmou ainda que no fim de setembro acontecerá uma grande feira defesa na África do Sul, e na ocasião também serão discutidas questões de cooperação entre os BRICS na área. Até o fim de 2014, a Rússia pode também assinar contrato para fornecer ao Brasil sistemas de defesa antiaérea Pantsir-S1.
Até o momento, Moscou não teve nenhuma interação com os outros dois países, exceto a venda de equipamentos de defesa aérea ao Brasil. Nos anos 1990, foi discutida a possibilidade de a África do Sul equipar seus caças Mirage com motores de fabricação russa, mas a discussão não foi além das palavras.
Para Igor Korotchenko, especialista em assuntos militares e editor-chefe da revista russa National Defence, a cooperação da Rússia com o Brasil ou a África do Sul pode acontecer, por exemplo, com os mesmos sistemas Pantsir-S1 já em vias de aquisição. “O plano é estabelecer linhas de produção de armamentos russos a serem comercializados para mercados menores em regiões específicas”, explica Korotchenko. “Nesse caso, a África do Sul seria a porta de entrada para o mercado africano, e o Brasil para a América Latina. Logicamente, seriam comercializados equipamentos relativamente baratos, de produção mais simples e que encontrariam demanda nesses mercados, especialmente o africano, em que há apenas alguns países com orçamento representativo. Por outro lado, Uganda, por exemplo, comprou caças russos no valor de 740 milhões. Em outras palavras, aqueles que querem reforçar suas defesas têm o dinheiro para isso”.
O editor aponta que as relações com a Índia são um bom exemplo das possibilidades para o restante dos BRICS. “Temos [com a Índia] um contrato de licenciamento para aeronaves Su-30MKI atualmente em fase de implementação”, explica. “Nesse projeto, alguns componentes são produzidos pela própria Índia, e outros são fornecidos por Moscou. As formas de interação podem variar, e tudo depende do nível do Estado parceiro”.
De acordo com levantamento feito pelo diretor do Centre for Strategic Studies, Ivan Konovalov, implementar projetos conjuntos de tecnologia militar envolvendo a Rússia, o Brasil e a África do Sul dentro da dinâmica do BRICS é uma decisão lógica, tendo em vista a conjuntura atual, em que o Ocidente reduziu as possibilidades de manobra para Moscou. “Neste momento, a Europa está rompendo contato conosco em termos de indústria militar, e no que se refere à China, provavelmente vamos apenas compartilhar tecnologias. Já a Índia é talvez um dos poucos países conduzindo projetos de fabricação conjunta de alto nível. Um exemplo é o míssil BrahMos, desenvolvido pela companhia russa NPO Mashinostroyeniya OJSC, e pela Defence Research and Development Organisation (DRDO) indiana”, descreve Konovalov.
Ele aponta ainda que seria o caminho lógico para Rússia e Brasil estabelecer projetos conjuntos para aeronaves de ataque e de transporte (?). “Os brasileiros chegaram longe em termos de aviões de ataque. Podemos dizer que o Super Tucano, fabricado pela Embraer, é bastante popular internacionalmente, e está sendo usado no combate ao terrorismo e ao narcotráfico”, acrescenta. “Quanto a aeronaves militares de transporte, também é possível encontrar pontos em comum, especialmente considerando que nossa cooperação com a estatal ucraniana Antonov, com a qual trabalhamos por muito tempo e com poucos resultados, está provavelmente encerrada”. (Nota DefesaNet – Os programas iniciados pós-dissolução da União Soviética não avançaram)
Sobre as possibilidades para a África do Sul, Konovalov explica que “desde o fim do apartheid, esse país alcançou um sucesso notório em relação a outras nações em termos de desenvolvimento de veículos blindados leves”. O especialista completa: “Os sul-africanos vêm lutando em diversos fronts, então eles entendem de blindagem. Um exemplo é o MRAP, protegido contra explosões. Cooperar com a África do Sul será relevante para a Rússia nesse aspecto. Projetos conjuntos para armamentos leves e desativação de minas também são uma possibilidade”. Konovalov também afirma que Pretória está interessada nos helicópteros russos “Em 2013, a empresa sul-africana Denel Aviation e a Russian Helicopters abriram um centro de serviços para manter aeronaves de fabricação russa na Áfica do Sul, e esse setor também promete - não em termos de projetos conjuntos, mas sim em participação no mercado”.
O diretor acredita que tanto o Brasil quanto a África do Sul têm interesse em desenvolver um bom produto. “Naturalmente, cada um fornecerá o que considera necessário. Por exemplo, no projeto do veículo Atom, entre Rússia e França, agora cancelado, nós fornecemos o canhão e os armamentos, enquanto os franceses vieram com a estrutura e o chassis. É assim - cada lado desenvolve seus sistemas. É obvio que em cada venda nós entregamos documentação e desenho dos projetos, é a regra do comércio. E vale lembrar que, para o Brasil, a indústria militar não é apenas uma questão de mercado, mas uma questão política”.
O presidente da Academy of Geopolitical Problems, Konstantin Sivkov, comenta que parcerias para fabricação de armamentos com outros países dos BRICS é crucial sob a perspectiva militar e política, porque dá a chance de unificar o panorama da indústria de defesa. “As notícias sobre projetos conjuntos com outros BRICS demonstram que o bloco está evoluindo de um aliança puramente econômica para algo de natureza política e militar, o que é um desdobramento muito sério”, afirma. “Do ponto de vista geopolítico essa evolução está absolutamente correta. Digamos que a lógica é a mesma do acordo com a China para fornecimento de gás - o lucro para nós é pequeno, mas é um acordo importante que torna a China nossa aliada. E já temos prova disso, pois assim que cortamos a importação de alimentos da Europa, Pequim garantiu que abasteceria nosso mercado cm frutas e vegetais”.
De acordo com Sivkov, o Brasil agora reivindica um papel de liderança geopolítica na América do Sul, e também de potência no Atlântico Sul. Daí surge a demanda de uma Marinha poderosa, aeronaves militares com um alcance operacional longo e sistemas de mísseis relevantes para equipar navios. É lógico que nem Alemanha nem França venderão esse tipo de tecnologia moderna, e por isso o país está buscando projetos conjuntos. “Qualquer aiança econômica se tornará inevitavelmente política e militar por um motivo simples - uma vez que se estabelece cooperação íntima entre as economias, surge imediatamente a questão da proteção dos interesses das partes envolvidas”, explica. “Por exemplo, dada a proximidade das relações entre Rússia e China, podemos afirmar com segurança que estão lançadas as bases de uma parceria militar. A frequênciados exercícios bilaterais entre Moscou e Pequim é comparável com a dinâmica entre a antiga União Soviética e as demais nações do Pacto de Varsóvia”.
Sivkov enxerga potencial para uma grande aliança militar entre os membros do BRICS. “Uma vez que tivermos começado a cooperar com o Brasil e a África do Sul, vamos concentrar esforços na integração dos sistemas de armas entre Rùssia, China, Índia, Brasil e África do Sul em um ambiente militar e industrial unificado”.
Até o momento, Moscou não teve nenhuma interação com os outros dois países, exceto a venda de equipamentos de defesa aérea ao Brasil. Nos anos 1990, foi discutida a possibilidade de a África do Sul equipar seus caças Mirage com motores de fabricação russa, mas a discussão não foi além das palavras.
Para Igor Korotchenko, especialista em assuntos militares e editor-chefe da revista russa National Defence, a cooperação da Rússia com o Brasil ou a África do Sul pode acontecer, por exemplo, com os mesmos sistemas Pantsir-S1 já em vias de aquisição. “O plano é estabelecer linhas de produção de armamentos russos a serem comercializados para mercados menores em regiões específicas”, explica Korotchenko. “Nesse caso, a África do Sul seria a porta de entrada para o mercado africano, e o Brasil para a América Latina. Logicamente, seriam comercializados equipamentos relativamente baratos, de produção mais simples e que encontrariam demanda nesses mercados, especialmente o africano, em que há apenas alguns países com orçamento representativo. Por outro lado, Uganda, por exemplo, comprou caças russos no valor de 740 milhões. Em outras palavras, aqueles que querem reforçar suas defesas têm o dinheiro para isso”.
O editor aponta que as relações com a Índia são um bom exemplo das possibilidades para o restante dos BRICS. “Temos [com a Índia] um contrato de licenciamento para aeronaves Su-30MKI atualmente em fase de implementação”, explica. “Nesse projeto, alguns componentes são produzidos pela própria Índia, e outros são fornecidos por Moscou. As formas de interação podem variar, e tudo depende do nível do Estado parceiro”.
De acordo com levantamento feito pelo diretor do Centre for Strategic Studies, Ivan Konovalov, implementar projetos conjuntos de tecnologia militar envolvendo a Rússia, o Brasil e a África do Sul dentro da dinâmica do BRICS é uma decisão lógica, tendo em vista a conjuntura atual, em que o Ocidente reduziu as possibilidades de manobra para Moscou. “Neste momento, a Europa está rompendo contato conosco em termos de indústria militar, e no que se refere à China, provavelmente vamos apenas compartilhar tecnologias. Já a Índia é talvez um dos poucos países conduzindo projetos de fabricação conjunta de alto nível. Um exemplo é o míssil BrahMos, desenvolvido pela companhia russa NPO Mashinostroyeniya OJSC, e pela Defence Research and Development Organisation (DRDO) indiana”, descreve Konovalov.
Ele aponta ainda que seria o caminho lógico para Rússia e Brasil estabelecer projetos conjuntos para aeronaves de ataque e de transporte (?). “Os brasileiros chegaram longe em termos de aviões de ataque. Podemos dizer que o Super Tucano, fabricado pela Embraer, é bastante popular internacionalmente, e está sendo usado no combate ao terrorismo e ao narcotráfico”, acrescenta. “Quanto a aeronaves militares de transporte, também é possível encontrar pontos em comum, especialmente considerando que nossa cooperação com a estatal ucraniana Antonov, com a qual trabalhamos por muito tempo e com poucos resultados, está provavelmente encerrada”. (Nota DefesaNet – Os programas iniciados pós-dissolução da União Soviética não avançaram)
Sobre as possibilidades para a África do Sul, Konovalov explica que “desde o fim do apartheid, esse país alcançou um sucesso notório em relação a outras nações em termos de desenvolvimento de veículos blindados leves”. O especialista completa: “Os sul-africanos vêm lutando em diversos fronts, então eles entendem de blindagem. Um exemplo é o MRAP, protegido contra explosões. Cooperar com a África do Sul será relevante para a Rússia nesse aspecto. Projetos conjuntos para armamentos leves e desativação de minas também são uma possibilidade”. Konovalov também afirma que Pretória está interessada nos helicópteros russos “Em 2013, a empresa sul-africana Denel Aviation e a Russian Helicopters abriram um centro de serviços para manter aeronaves de fabricação russa na Áfica do Sul, e esse setor também promete - não em termos de projetos conjuntos, mas sim em participação no mercado”.
O diretor acredita que tanto o Brasil quanto a África do Sul têm interesse em desenvolver um bom produto. “Naturalmente, cada um fornecerá o que considera necessário. Por exemplo, no projeto do veículo Atom, entre Rússia e França, agora cancelado, nós fornecemos o canhão e os armamentos, enquanto os franceses vieram com a estrutura e o chassis. É assim - cada lado desenvolve seus sistemas. É obvio que em cada venda nós entregamos documentação e desenho dos projetos, é a regra do comércio. E vale lembrar que, para o Brasil, a indústria militar não é apenas uma questão de mercado, mas uma questão política”.
O presidente da Academy of Geopolitical Problems, Konstantin Sivkov, comenta que parcerias para fabricação de armamentos com outros países dos BRICS é crucial sob a perspectiva militar e política, porque dá a chance de unificar o panorama da indústria de defesa. “As notícias sobre projetos conjuntos com outros BRICS demonstram que o bloco está evoluindo de um aliança puramente econômica para algo de natureza política e militar, o que é um desdobramento muito sério”, afirma. “Do ponto de vista geopolítico essa evolução está absolutamente correta. Digamos que a lógica é a mesma do acordo com a China para fornecimento de gás - o lucro para nós é pequeno, mas é um acordo importante que torna a China nossa aliada. E já temos prova disso, pois assim que cortamos a importação de alimentos da Europa, Pequim garantiu que abasteceria nosso mercado cm frutas e vegetais”.
De acordo com Sivkov, o Brasil agora reivindica um papel de liderança geopolítica na América do Sul, e também de potência no Atlântico Sul. Daí surge a demanda de uma Marinha poderosa, aeronaves militares com um alcance operacional longo e sistemas de mísseis relevantes para equipar navios. É lógico que nem Alemanha nem França venderão esse tipo de tecnologia moderna, e por isso o país está buscando projetos conjuntos. “Qualquer aiança econômica se tornará inevitavelmente política e militar por um motivo simples - uma vez que se estabelece cooperação íntima entre as economias, surge imediatamente a questão da proteção dos interesses das partes envolvidas”, explica. “Por exemplo, dada a proximidade das relações entre Rússia e China, podemos afirmar com segurança que estão lançadas as bases de uma parceria militar. A frequênciados exercícios bilaterais entre Moscou e Pequim é comparável com a dinâmica entre a antiga União Soviética e as demais nações do Pacto de Varsóvia”.
Sivkov enxerga potencial para uma grande aliança militar entre os membros do BRICS. “Uma vez que tivermos começado a cooperar com o Brasil e a África do Sul, vamos concentrar esforços na integração dos sistemas de armas entre Rùssia, China, Índia, Brasil e África do Sul em um ambiente militar e industrial unificado”.
Defesa Net
Nenhum comentário:
Postar um comentário