Imediatamente depois de eu ter escrito e publicado meu postado sobre por que os novorussos não podem partir para a contraofensiva, eles partiram, precisamente, para a contraofensiva. Certo?
Não, não. Lamento muito. Desculpem, não quero chover no desfile comemorativo de ninguém, mas temos de avaliar cuidadosamente o que realmente está acontecendo. Ouvi atentamente os relatos que chegam da Novorússia e eis o que acredito que tenha acontecido:
● – Da guerrilha, para armas combinadas
O comando militar novorrusso anunciou que, de operações de tipo puramente guerrilheiras, estavam mudando para operações militares “regulares” (armamento combinado). O que significa isso?
Bem, nesse contexto significa que, em vez do tipo de tática de atacar e afastar-se que descrevi ontem, os novorussos partirão para a ofensiva em ataque que incluirá tanques e apoio de artilharia. Oficialmente, os novorussos formaram pelo menos dois batalhões de tanques, vários batalhões de artilharia, já libertaram sete cidades (Agronomicheskoe, Novodvorskoe, Osykovo, Novokaternikova, Leninskoe, Stroitel e Novoazovsk) e cercaram outras seis (Blagodatnoe, Kuteinikovo, Voisovskii, Ulianovskoe, Uspenka, Alekseevskoe). O caldeirão sul foi completamente reformatado e agora inclui mais de 5.000 Ukies cercados, inclusive os batalhões da Guarda Nacional de Aidar, Donbass e Shakhtersk. Finalmente, as forças Ukies em Ilovaisk estão em plena retirada.
Todas essas são boas notícias. Mas não é uma contraofensiva estratégica; os novorussos tomarem com sucesso Novoazovsk e movimentarem-se na direção de Mariupol não implica (longe disso!) que esteja tudo acabado.
Ukies capturados "desfilam" em Donetsk (24/8/2014, dia da Independência da Ucrânia) |
Por um lado, parece que os Ukies foram apanhados de surpresa; absolutamente ainda não estão na lona. Segundo, se os novorussos realmente fizeram movimento ao longo do litoral na direção de Mariupol, correm ainda o risco de serem cercados, como os Ukies foram cercados no “caldeirão sul”. Por último, mas não menos importante, um par de batalhões de tanques, mesmo que apoiados por artilharia, não é o tipo de forças que libertarão toda a Novorússia.
Não me entendam mal. O que aconteceu é, sim, muito boa notícia, mas não é a “contraofensiva anti-Kiev” que alguns esperavam. Seja como for, se os novorussos forem realmente bem-sucedidos dessa vez, pode significar que a Junta chegou ao “ponto de fratura” que já mencionei no postado recente.
● − Celebrações da “independência” Ukie em Kiev e Donetsk
Dia bizarro, hoje. Enquanto os nazistas celebravam em Kiev a “independência” (que realmente já perderam), os novorussos faziam desfilar pelas ruas de Donetsk os seus prisioneiros de guerra, numa recriação do desfile de alemães prisioneiros de guerra forçados a desfilar em Moscou, no verão de 1944, quando se abriu o caminho até Berlin; e com os russos lavando as ruas depois da passagem dos soldados nazistas.
Esse tipo de desfile de prisioneiros de guerra viola as Convenções de Genebra, mas, contra as violações massivas e sistemáticas de todo e qualquer tipo de norma de comportamento civilizado pela Junta nazista desde o golpe que os levou ao poder, é violação pequena pela qual os novorussos são responsáveis. E os Ukies realmente mereceram. Assista vídeo:
Além do mais, foi sensacional movimento de Relações Públicas. Além disso, e melhor de tudo, a ação negou completamente aos poroshenkos a vitória com que tanto contavam, para o dia 24 de agosto de 2014.
Em vez de tomar Lugansk, as forças Ukies foram empurradas para trás, cercadas e obrigadas a desfilar pelas ruas como prisioneiros de guerra. Imaginem a fúria dos poroshenkos :-))
● − Um bom dia, mas ainda não é dia da vitória (ainda não)
Em resumo: hoje foi grande dia, e congratulo-me com vocês todos pelas boas notícias, mas não vamos dar tudo por resolvido e assumir que as forças Ukies já não existem. É *possível* que os Ukies estejam se aproximando do ponto de ruptura, mas ainda não temos todos os elementos necessários para concluir.
Redecastorphoto
Nenhum comentário:
Postar um comentário