Tanque "Ukie" queimado próximo da aldeia de Kominternovo, ao sul de Mariupol (6/9/2014) |
Quando se lê o acordo de cessar-fogo inacreditavelmente vago, fica imediatamente claro que não pode ser nem jamais será aplicado e vigente.
A Rússia pressionou a favor do cessar-fogo – apesar da vantagem que as forças da Novorússia, que a Rússia apoia, conseguiram em campo – para evitar nova rodada de sanções da União Europeia, e na esperança de que alguns dos pervertidos fazedores-de-guerra no “ocidente” caiam em si e ouçam o que gente sã tem a dizer.
O presidente da Ucrânia precisava do cessar-fogo, porque suas tropas estavam derrotadas em campo e, sem reorganização, não teriam como defender-se contra qualquer futuro ataque.
Tão logo os dois lados se tenham reorganizado, a batalha continuará, maior que as pequenas escaramuças que já estão acontecendo hoje. Nenhum dos dois lados tem pleno controle sobre os vários grupos envolvidos nos combates e qualquer fagulha pode virar grande incêndio.
Entrementes, a OTAN continua ampliar suas forças no Leste Europeu, para “treinamento de tropas” e no Mar Negro. Os militares em Moscou com certeza interpretarão como ameaça esses movimentos da OTAN; é o que eles, de fato, são.
Os EUA e a marinha "Ukie" farão manobras no Mar Negro |
Quem provocou a guerra na Ucrânia foi o “ocidente”, ao organizar um golpe contra governo democraticamente eleito. Como também foi o mesmo “ocidente” quem criou a guerra civil na Síria. O “ocidente” e sua variada coorte de poodles árabes alimentaram a guerra na Síria com dinheiro, armas e substancial propaganda para a causa dos Jihadis contra o governo sírio.
Agora, o “ocidente” quer combater contra o governo sírio e contra os degoladores do ISIL, apoiando os comedores de estômagos do Exército Sírio Livre, aliados dos sequestradores do avião do 11/9, al-Nusra e al-Qaeda. Tudo isso é visto como moralmente bom, apesar de nenhum país “ocidental” ter qualquer motivo para envolver-se na Síria – além de uns “interesses” sempre só muito vagamente definidos.
A Rússia tem importante interesse de segurança na Ucrânia. É país vizinho e berço histórico da civilização Rus. Inúmeros grandes ataques feitos contra a Rússia – por Napoleão, por Hitler – serviram-se das planícies ucranianas como área de concentração e para as marchas contra Moscou. Muitas das forças do governo ucraniano golpista que hoje lutam contra compatriotas que querem uma Ucrânia federalizada, unida à Federação Russa, são nazistas. Há 70 anos, morreram 20 milhões de russos, em luta contra essa ideologia.
Artilharia "Ukie" queimada nos arredores de Mariupol (6/9/2014) |
Por que se critica como moralmente errado, quando a Rússia, com muito maior interesse imediato, ajuda resistentes na Ucrânia; mas tudo se justifica, se explica, se admite, quando quem faz é o “ocidente” golpista e movido por interesses muito menos justificáveis, quando não totalmente injustificáveis?
A única resposta possível é que, seja o que for, se for feito por “nós”, estará sempre certo; e o que faça, seja quem for e faça o que for, quem se oponha a “nós”, estará sempre “errado”, automaticamente imoral. Essa posição é receita certa para conflitos sempre maiores, muito maiores do que os que se veem hoje.
Redecastorphoto
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