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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Ameaça dos EUA não permite à China reduzir armamento nuclear

China, armamento nuclear, EUA

No dia 16 de outubro de 1964, no fundo do lago seco de Lop Nor, na região autônoma Uigur de Xinjiang, a China realizou seu primeiro teste de uma arma nuclear. Foi, pois, há 50 anos que a China se tornou no quinto membro do “clube nuclear” depois dos EUA, da União Soviética, do Reino Unido e da França. Hoje, segundo estimativas dos analistas, a China dispõe das terceiras maiores reservas de armas nucleares e é a única grande potência que está aumentando seu arsenal estratégico.

As autoridades chinesas não publicam dados oficiais sobre o arsenal nuclear do país. Segundo a maioria dos peritos militares, neste momento a China possui cerca de 250 ogivas nucleares. Em 2004, o Ministério das Relações Exteriores chinês declarava que a China possuía o arsenal nuclear mais pequeno das cinco potências nucleares oficiais. Na altura, isso significava que eles tinham menos ogivas que o Reino Unido, o qual então possuía 225 cargas. Era aceite que a China não dispunha de mais de 200 ogivas. Assim, o aumento gradual do arsenal é um fenômeno que ocorre neste momento.
Muitos peritos chamam a atenção para o fato de o processo do desarmamento dever ter um caráter universal e que nele devem participar não apenas a Rússia e os EUA, mas também as restantes potências nucleares, nomeadamente a China. A China, porém, continua evitando participar nesse tipo de negociações. Entretanto, a posição oficial de Pequim consiste em poder participar em negociações para limitação de armamentos estratégicos apenas depois de os EUA e a Rússia reduzirem de fato os seus.
Um dos principais peritos russos em relações internacionais, o acadêmico Alexei Arbatov, considera que a não participação da China no processo de desarmamento irá minar consideravelmente o regime de não-proliferação das armas nucleares:
“Nós não podemos, juntamente com os EUA e as outras grandes potências, conseguir uma consolidação do regime de não-proliferação das armas nucleares se não caminharmos no sentido da redução do armamento nuclear. Isso está inscrito diretamente no artigo 6º do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), segundo o qual as potências nucleares participantes do tratado se comprometem a caminhar no sentido do desarmamento nuclear em troca do compromisso dos países não-nucleares em não construírem armas nucleares. Como durante muitos anos nenhuma das potências nucleares cumpriu essa obrigação, o TNP começou falhando em toda a linha, o que é muito preocupante para a segurança global.”
É evidente que o fim do regime de não proliferação pode resultar em consequências extremamente negativas tanto no âmbito de uma determinada região, como à escala global. Não podemos deixar de pensar nas terríveis consequências que podem resultar para todo o mundo se houver armas nucleares nas mãos de organizações terroristas. Desse ponto de vista, a adesão da China ao diálogo para o desarmamento nuclear seria, naturalmente, muito útil.
Entretanto, os peritos são unânimes em afirmar que neste momento para a liderança chinesa seria problemático tomar uma “decisão de ruptura”. A China está preocupada com o potencial nuclear da Índia, a qual não é signatária do TNP. Também não é participante do tratado o sempre irrequieto vizinho da China que é a Coreia do Norte.
A posse de armas nucleares é para a China uma ferramenta que permite evitar uma ingerência dos EUA num potencial conflito em torno de Taiwan. Assim, antes de chegarmos a uma reformulação da situação com as armas nucleares, terá de haver uma reformulação geral nas relações entre Pequim e Washington, nomeadamente o abandono por parte dos EUA da política de contenção da China. Pelos vistos, ainda falta muito para assistirmos a isso.

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