Aviões repassados pelos EUA ao Afeganistão viram sucatas

Financiado pelos EUA, aviões C-27 afegãos são vendidos como sucata por meros 6 centavos de dólar para cada libra.

Quando os auditores do Departamento de Defesa pressionaram funcionários do ministério da Defesa afegão para explicar as irregularidades, eles foram avisados que, se continuassem a pergunta: “suas vidas poderiam estar em perigo”.

A maioria dos aviões de transporte C-27 repassado aos militares do Afeganistão como parte de um programa de US$ 486 milhões do Departamento de Defesa foram sucateados e vendidos no mercado local por meros US$ 32 mil, relataram os auditores federais dos EUA no Afeganistão na quinta-feira (9).

O Inspetor Geral Especial dos EUA para a Reconstrução do Afeganistão, ou SIGAR (Special Inspector General for Afghanistan Reconstruction), enviou cartas ao Pentágono solicitando todos os documentos relacionados com a demolição, razões por que não retomaram (os aviões) e por que não procuraram reembolso do fabricante italiano do C -27, também conhecido como G222, das unidades que foram canceladas no ano passado após problemas de cronicos de manutenção.

“Chegou ao meu conhecimento que as 16 aeronaves G222 em Cabul foram recentemente rebocadas para o outro lado do aeroporto e desmanteladas pela Agência de Logística de Defesa”, escreveu o chefe SIGAR John Sopko. “Também fui informado que uma empresa de construção civil afegã pagou cerca de 6 centavos de dólar por cada libra dos aviões sucateados, que chegaram a um total de US$ 32.000.”

O DOD terminou o programa C-27 em março 2013 depois que os afegãos não conseguiram manter a aeronave ou encontrar peças de reposição. O SIGAR abriu uma investigação em dezembro.

Sopko disse ter visto pessoalmente uma das 16 aeronaves na pista do Aeroporto Internacional de Cabul e foi lhe dito que quatro aparelhos foram enviados para a Base Aérea de Ramstein, na Alemanha durante a investigação. O DOD parece ter destruído os C-27 baseados em Cabul.

O Pentágono deve explicar por que a alternativa de demolição da aeronave no Afeganistão ao invés de revendê-los no exterior, disse Sopko.

A agência também quer saber se algumas partes permanecem intactas e talvez possam ser recuperadas.

“Estou preocupado que os funcionários responsáveis pelo planejamento e execução da demolição dos aviões possam não ter considerado alternativas possíveis, a fim de recuperar o dinheiro do contribuinte”, escreveu ele.

O DOD e a Força Aérea têm até o dia 17 de outubro para responder ao SIGAR.

O SIGAR foi criado para supervisionar cerca de US$ 104 bi que os EUA injetaram para a reconstrução do Afeganistão durante os 13 anos de guerra com o Taleban e a Al-Qaida. O SIGAR até agora já apontou centenas de milhões de dólares em gastos desnecessários. Em julho, o auditor questionou os planos do Departamento de Defesa de fornecer aviões C-130 ao Afeganistão, avião similar aos aviões que foram sucateados pelos afegãos e no ano passado o SIGAR pediu ao departamento que deixasse de fornecer helicópteros de fabricação russa.

FONTE/IMAGENS: stripes.com – Tradução e edição: CAVOK