No primeiro turno, Dilma teve quase 43,268 milhões de votos, ou 41,6% do total de válidos. Aécio recebeu 34,897 milhões de votos, ou 33,5%. Dilma largou atrás na corrida pelo segundo turno, segundo pesquisas eleitorais, mas virou na última semana, ficando à frente do tucano desde segunda-feira (20).
Pesquisa Datafolha finalizada neste sábado (25) colocava Dilma à frente com 52% dos votos válidos, contra 48% de Aécio. Durante quase toda a segunda etapa das eleições os dois permaneceram empatados na margem de erro, de dois pontos percentuais.
O governo Dilma Rousseff é aprovado por 44% dos eleitores, segundo o Datafolha. O percentual é mais que o dobro daqueles que desaprovam seu governo: 19% o consideram ruim ou péssimo, enquanto 36% o avaliam como regular.
A taxa de aprovação de Dilma é inferior aos 52% que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha ao final de seu primeiro mandato, em 2006, mas superior ao índice de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1998, quando o tucano foi reeleito à Presidência.
Dilma também fica no meio dos dois ex-presidentes entre aqueles que desaprovaram os respectivos governos. Lula terminou seu primeiro mandato com rejeição de só 14%, contra 25% que diziam ser o governo FHC ruim ou péssimo.
Lula terminou seu segundo mandato, em 2010, com a melhor avaliação da história e conseguiu fazer sua sucessora. Em 2010, 83% dos eleitores consideravam sua gestão ótima ou boa.
Após a gestão Lula, 84% dos brasileiros achavam que o país estava melhor do que antes. Naquele ano, a rejeição ao governo do petista atingia só 4% dos eleitores, e 13% o avaliavam era regular.
Com Fernando Henrique ocorreu o oposto. Ele encerrou seus oito anos na Presidência, em 2002, com aprovação de só 26%, índice inferior ao do primeiro mandato, embora 35% dissessem em 2002 que o Brasil estava melhor do que oito anos antes.
A rejeição ao tucano, na ocasião, alcançava 36% dos brasileiros, e ele não conseguiu fazer seu sucessor. Mesmo assim, FHC saiu do governo em melhor situação do que José Sarney (1985-1990) e Fernando Collor de Mello (1990-1992), que deixou o Planalto após o impeachment com apenas 9% de aprovação.
Itamar Franco, com 41%, também finalizou seu período na Presidência (1992-1994) melhor que FHC, que foi seu ministro da Fazenda na implantação do Plano Real e eleito na sequência. O mineiro, no entanto, havia sido eleito presidente, já que assumiu após Collor deixar o cargo.
Biografia
Sua militância política se intensificou na luta contra a ditadura. Com o golpe militar em 1964, passou a integrar organizações de combate ao regime.
Em 1970, perseguida pelo comando militar do país, Dilma Rousseff foi detida. Passou três anos no presídio Tiradentes e, quando foi solta, reorganizou sua vida em Porto Alegre. Em 1979, Dilma participou da campanha pela Anistia e ajudou a fundar o Partido Democrático Trabalhista (PDT), junto com Leonel Brizolla.
Economista, Seu primeiro cargo público foi o de secretária de Fazenda de Porto Alegre, durante a prefeitura de Alceu Collares, a partir de 1986. Cinco anos depois, assumiu a presidência da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul.
Com Collares eleito governador do Rio Grande do Sul, Dilma tornou-se, em 1993, secretária de Energia, minas e Comunicação no Estado. Ela voltaria a ocupar o mesmo cargo com Olívio Dutra no governo, em 1998.
Quando Lula foi eleito em 2002, convidou Dilma Rousseff para fazer parte da equipe de transição com o governo de Fernando Henrique. Com a posse do petista, Dilma assumiu a pasta de Minas e Energia daquele governo.
Governabilidade
A coligação de Dilma é formada por PT, PMDB, PSD, PP, PR, PRB, PDT, Pros e PCdoB, que conseguiram, no último dia 5, eleger 304 deputados. Isso representa mais da metade do Congresso.
Jeito de governar
Torturada durante a ditadura militar, Dilma terá guardado do período de clandestinidade uma aversão profunda ao vazamento de informações –o que restringe o compartilhamento de pontos de vista em discussões internas. Com o fim das reuniões, alguns ministros passaram a se encontrar sem sua presença, para afinar discursos e estratégias. "Isso é conspiração!", reagiu a presidente.
O melhor exemplo da atitude centralizadora de Dilma está no controle que ela exerce sobre o plano de voo do avião presidencial. Para evitar turbulências, o piloto é forçado a ziguezagues e desvios de rota. "Estamos indo para a África?" perguntou certa vez o ex-presidente José Sarney, que pegava uma carona, ao ver na tela do avião a curva imposta ao trajeto do piloto.
O detalhismo de Dilma encontra outro exemplo num diálogo com sua equipe de segurança, nos preparativos para o desfile de 7 de setembro do ano passado. Escaldada pelas manifestações de junho, Dilma estudou a exata localização das grades e arquibancadas da parada. "Põe mais cercas", determinou.
Um episódio de infância, narrado pelo jornalista Ricardo Batista Amaral em "A vida quer é coragem" (ed. Primeira Pessoa, 2011), revela a altivez da futura presidente.
Numa festinha, a amiga aniversariante exibia a boneca importada, do tamanho de uma criança real, que tinha acabado de ganhar. As convidadas, diz o biógrafo, "faziam fila para admirar a novidade, mas Dilminha, de braços cruzados, não quis chegar nem perto".
A aniversariante dirigiu-lhe uma pergunta imprudente. "Não quer carregar minha boneca?" Dilma respondeu que não. "O meu pai vai me dar uma boneca maior que a sua".
Muitos anos depois, em pleno governo Lula, a "rapidez no gatilho" da ex-militante do grupo VAR-Palmares se voltaria contra Marina Silva, sua colega de ministério. Debatia-se a construção de usinas no rio Madeira. "Ou fazemos as usinas ou vamos ter de queimar carvão em termelétrica. É isso o que você quer?", perguntou Dilma, então ministra das Minas e Energia.
Discussões desse tipo haverão de ter sido café pequeno para quem, com pouco mais de vinte anos, divergia do capitão Carlos Lamarca (1937-1971) sobre os rumos da luta contra a ditadura.
No congresso da VAR-Palmares em Teresópolis, em 1969, Dilma defendia a ala dos "políticos" dentro do movimento, contra os "militares" de Lamarca. Considerava mais importantes as tarefas de organização popular do que partir para a guerrilha.
A discordância levaria Lamarca, segundo Ricardo Amaral, a um nervosismo extremo, incluindo choro "e pelo menos um tiro de ameaça".
DESFEITAS E SOLIDÃO
Ainda que não tenha sido nenhuma intervenção particular de Dilma o motivo do descontrole de Lamarca, acumulam-se os casos em que a dureza da atual presidente tem sido capaz de abalar os mais experientes militantes.
A presidente levou às lágrimas José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras de 2005 a 2012, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
Acessos de raiva também vitimam as escalas inferiores da hierarquia. Uma caixinha de remédios, por exemplo, foi arremessada no chão em instante tempestuoso de Dilma; em outro, roupas tiveram o mesmo destino.
A petista não é dada a pedir desculpas pelas desfeitas, mas reparações acontecem: uma camareira foi incluída no programa Minha Casa, Minha Vida por intervenção da presidente.
Detalhismo e caturrice, segundo muitos, paralisam o seu governo. Cabe perguntar, de todo modo, se nas reclamações sobre "falta de disposição para o diálogo" não há inconformismo quanto à determinação de Dilma em baixar as taxas de juros e em restringir as margens de lucro das empresas nas concessões de infraestrutura.
Diálogo por diálogo, o próprio Lula se ressente de não ter sido consultado --ainda que por questão de cortesia-- quanto à candidatura dela à reeleição.
A solidão de Dilma parece ter-se acentuado nos últimos tempos. Quando um encontro de trabalho se prolonga até mais tarde, a presidente tem uma pergunta pronta para o interlocutor: "não quer tomar uma sopinha?" Não há informações sobre o que acontece a quem recusa.
O Tempo
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