Oficiais brasileiros iniciaram entendimentos para adquirir um pequeno lote de helicópteros pesados CH-47 Chinook, que virão dos estoques de aeronaves usadas do Exército americano.
Boeing confirma “conversações preliminares” com a Força Terrestre sobre helicópteros pesados Chinook, que a DefesaNet Agência noticiou, com exclusividade, seis meses atrás
Os indícios cada vez mais robustos colhidos pelas pesquisas de intenção de voto, sobre uma possível troca de governo nas eleições presidenciais não mexem só com o mercado de ações no Brasil, com a oscilação do dólar ou o grau de apreensão do governo venezuelano, que tem em Brasília um parceiro normalmente solícito – e já não esconde o horror de ver o PSDB assumir o controle da maior economia da América do Sul.
Na capital brasileira, alguns militares lotados no Ministério da Defesa suspiram (discretamente) aliviados com a perspectiva do fim da Era Petista.
E isso não corresponde apenas à sensação de desconforto que experimentam atualmente, servindo a um governo que apoiou decididamente a instalação da Comissão Nacional da Verdade.
Caso venha a se confirmar – dentro de parcos 70 dias –, a substituição do PT pelo PSDB no comando do país poderá mudar o comportamento de algumas autoridades militares de ter que continuar dispensando atenção especial e mesuras aos representantes da indústria bélica da Rússia – país associado ao Brasil no Grupo dos BRICS.
Em uma demonstração de que possuem boas alternativas à indústria bélica russa, os oficiais brasileiros iniciaram entendimentos para adquirir um pequeno lote de helicópteros pesados CH-47 Chinook, que virão dos estoques de aeronaves usadas do Exército americano.
Na quarta-feira, 15OUT14, uma inconfidência de Scott Day, porta-voz da companhia estadunidense Boeing (a mesma que a presidenta Dilma desprezou, ao desistir, em dezembro passado, da compra de caças-bombardeiros F-18 Hornet), para a repórter Andrea Shalal, da agência de notícias Reuters, permitiu confirmar: a Força Terrestre abriu “conversações preliminares” (early discussions) sobre a compra dos Chinooks.
A oferta das aeronaves foi noticiada com exclusividade no Brasil, em abril passado, por DefesaNet Agência. Trata-se de seis aparelhos que ainda possuem vida útil de, pelo menos, 200 horas de vôo, antes de precisarem ser groundeados – deixados no solo para serem submetidos a uma revisão geral.
A Rosoboronexport já ofereceu por diversas vezes ao Exército brasileiro o helicóptero russo Mi-17, que em sua versão “E” pode transportar cinco toneladas de carga ou até 37 combatentes completamente equipados. O Chinook carrega 50.
Aliás, a negociação da Força Terrestre brasileira com a Boeing acontece no momento de que os generais também encomendaram à filial americana da empresa britânica BAE Systems, 40 kits de modernização do obuseiro autopropulsado de 155mm M-109A5.
Caso venham a ser mesmo adquiridos, os Chinook vão atender as unidades da Força Terrestre que empregam material bélico mais pesado, no sul do país. É aí, aliás, que estão quase todos os principais carros de combate da corporação.
Obstinada, a Rosoboronexport também não perdeu a esperança de vender a Brasília o seu novo tanque T-90.
O modelo é uma evolução do conhecido tanque T-72, usado no Biatlo de Tanques russo. Exibindo uma estratégia ousada, Moscou vem ofertando o T-90 a países que são tradicionais aliados dos Estados Unidos e das potências militares ocidentais, como a Arábia Saudita e o Peru.
No final de 2013, uma investigação realizada por funcionários da agência de armamentos da Rússia concluiu: na América do Sul, apenas Brasil, Peru e Venezuela teriam condições de incorporar os T-90 às suas formações blindadas.
A Colômbia foi identificada como país que já negocia tanques pesados com a indústria alemã; Argentina, Uruguai e Bolívia parecem não dispor de recursos para uma compra desse porte. Restaria o Equador, mas o governo bolivariano de Rafael Correa firmou um acordo com Santiago, que prevê para 2015 o início do recebimento de 135 velhos tanques Leopard A1, de origem alemã (e tecnologia da década de 1970), disponíveis nos quartéis do norte do Chile. Preço total da transação: 160 milhões de dólares – cada exemplar saindo, portanto, a 1,18 milhão de dólares.
Apenas como elemento de comparação: o T-90 custa entre 2,80 milhões e 4,20 milhões de dólares. Em 2011, a Rosoboronexport estimou que um lote de 120 tanques sairia, para o governo amigo da Argélia – antigo parceiro da indústria russa –, a bagatela de 470 milhões de dólares – isto é, cerca de 3,91 milhões a unidade (com suprimentos, documentação técnica e treinamento).
No Brasil, o Exército é a melhor porta de entrada para os armamentos russos. A Marinha vem excluindo a indústria naval russa, sistematicamente, de todos os seus programas de expansão. Fez isso, recentemente, ao realizar uma primeira investigação sobre escritórios de projetos navais que poderiam assistir a indústria naval brasileira na construção de um navio-aeródromo.
Na Força Aérea, a postura dos brigadeiros em relação a Moscou é mais generosa, mas o histórico não ajuda.
A FAB está há quase cinco anos (!) tentando receber um lote de 12 helicópteros de ataque Mi-35M (no Brasil, AH-2 Sabre). A negociação com a Rosoboronexport acerca dessa importação começou em 2007...
As relações militares do Brasil com os Estados Unidos, apesar de marcadas por desencontros que obedecem a visões políticas distintas e desconfianças um tanto antiquadas, têm se revelado, nos últimos anos, mais confiáveis. Afinal, depois que a Argentina adotou um discurso francamente hostil em relação aos americanos, o Brasil é o parceiro militar que restou a Washington no grande corredor aquático do Atlântico Sul.
Cinco meses atrás, o governo estadunidense anunciou sua concordância com uma solicitação formal, apresentada pela Força Aérea Brasileira, para a compra, na Boeing, de 16 mísseis ar-superfície AGM-84 Harpoon Block II – modelo também conhecido como AGM-84L. Essas armas serão integrados à aviônica das aeronaves P-3 Orion, que compõem a dotação do componente de patrulha marítima da Aeronáutica.
O Harpoon é um vetor de 3,84m e diâmetro de 343mm capaz de atingir alvos marítimos a uma distância de até 280 km, e alvos terrestres a uma distância de até 50 km.
A encomenda dos brigadeiros brasileiros, de 169 milhões de dólares, inclui quatro exemplares do míssil para treinamento, contêineres, suprimentos, peças de reposição, documentação técnica e adestramento de pessoal no equipamento.
Defesa Net
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