A Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (Copac) vai destinar US$ 1,9 bilhão para a Embraer iniciar a produção das 28 aeronaves KC-390 encomendadas pela Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo o presidente da Copac, brigadeiro do ar, José Augusto Crepaldi Affonso, os recursos serão liberados de acordo com o cronograma físico-financeiro do contrato, com vigência até 2026.
A aprovação de verbas e a contratação da Embraer para a produção dos aviões da FAB foram publicadas no Diário Oficial da União na quarta-feira passada. A Embraer Aviation International (EAI) aparece na publicação como a empresa contratada para a fabricação dos aviões.
O brigadeiro informou que os recursos são suficientes para produzir o lote de 28 aeronaves e também os equipamentos de apoio de solo, logística inicial e treinamento de pilotos e mecânicos. “As atividades para a produção seriada do KC-390 já foram iniciadas desde a assinatura do contrato, em maio de 2014″, disse em entrevista ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor.
A entrega do primeiro avião para a FAB é prevista para o fim de 2016. O valor total do contrato da produção assinado com a FAB é de R$ 7,2 bilhões. A fase de desenvolvimento do avião já absorveu investimento de R$ 4,9 bilhões.
Com a produção em série do KC-390, a Embraer prevê criar 1,1 mil empregos diretos e 5,5 mil indiretos. O programa de desenvolvimento da aeronave já adicionou 1,5 mil postos de trabalho diretos na empresa e outros 7,5 mil indiretos.
O desenvolvimento do cargueiro contou com a participação de 16 fornecedores principais. Destes, três são brasileiros: a Eleb, controlada pela Embraer e responsável pelo fornecimento do sistema de trem de pouso; a Ael Sistemas (computador de missão); e a LH Colus (bancos e macas). Outras 50 empresas brasileiras também participam do programa com o fornecimento de partes estruturais e outros componentes.
O presidente da Copac disse que o primeiro voo da aeronave deve acontecer nas semanas seguintes à apresentação oficial da aeronave, marcada para o dia 21, na fábrica da Embraer, em Gavião Peixoto (SP). A cerimônia, que contará com a presença de autoridades militares e empresas parceiras do projeto, também terá a participação de representantes do governo federal.
Quanto aos valores que estavam contingenciados (cerca de R$ 500 milhões segundo o Valor apurou), o brigadeiro da Copac disse que todo o orçamento previsto para 2014 foi liberado, mas que ainda há carências de recursos. Ele ressaltou, no entanto, que o projeto continua com andamento normal, buscando as soluções necessárias em coordenação com os órgãos do governo.
Além da encomenda da FAB, o KC-390 teve 32 cartas de intenção de compra da Argentina, Portugal, República Tcheca e Colômbia. Esses três países também se tornaram parceiros industriais do projeto, por meio de suas empresas.
Segundo a Embraer Defesa & Segurança, a aeronave irá disputar um mercado de 728 unidades para 77 países, nos próximos 20 anos. A empresa espera abocanhar entre 15% e 20% desse mercado.
“Vários países têm demonstrado interesse em conhecer o produto com profundidade”, disse o brigadeiro da FAB, sem citar o nome dos interessados. A produção dos aviões, segundo ele, demonstra para o mercado externo que o projeto é sólido e não tem riscos.
Jato de transporte tático militar e de reabastecimento, o KC-390 vai substituir as aeronaves C-130 Hércules da FAB, fabricadas na década de 70. O mesmo fabricante desta aeronave, a Lockheed Martin, também está desenvolvendo um modelo que compete diretamente com a Embraer, o C-130 J, que é turboélice.
Procurada pelo Valor na sexta-feira, a Embraer Defesa e Segurança, responsável pelo programa do KC-390, não quis comentar a aprovação de novos recursos federais para a produção do jato militar.
FONTE: Valor Econômico / poder Aéreo
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