A Comissão da ONU para questões sociais e humanitárias votou contra o projeto de resolução apresentado pela UE e pelo Japão sobre o início do processo de levar as autoridades da RPDC ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para responderem por violações dos direitos humanos. Na base do projeto da resolução estão os dados da comissão da ONU sobre a investigação às violações em massa dos direitos humanos na Coreia do Norte, na qual se referia que a falta de comida, a tortura, os trabalhos forçados, a escravidão e os homicídios em massa se transformaram numa forma comum de lidar com os detidos na RPDC.
A resolução foi apoiada por 111 países. 19 países, entre eles a Rússia, Bielorrússia, China e Síria, votaram contra, e 55 países abstiveram-se. Assim o projeto não foi a avante.
Pyongyang, como é óbvio, nega essas acusações. Também os peritos russos têm dúvidas quanto à veracidade do conteúdo do relatório. Por exemplo, vamos ver o que diz o Diretor do departamento Coreano do Instituto de Estudos Orientais, Alexander Vorontsov:
“Ninguém discute o fato da RPDC não ser um país democrático. Lá existem detidos, lá há campos de concentração. Nos últimos anos foi realizada uma limpeza da elite militar e política, contudo, acerca de repressões da população civil, não tenho ouvido falar nos últimos anos. No que concerne ao relatório da Comissão da ONU, os seus redatores não estiveram na RPDC, e todas as suas teses baseiam-se em relatos de fugitivos norte-coreanos. O seu nível de informação levanta, objetivamente, algumas dúvidas”.
Como é óbvio, Pyongyang refutou, com indignação, as acusações de violação de direitos humanos contidas no projeto de resolução, afirmando que trata-se de uma parte do plano dos EUA em destruir a elite política da Coreia do Norte.
Com compreensão face à indignação dos camaradas norte-coreanos reagiu um funcionário de topo do Centro de Investigação da Ásia Oriental e Organização de Cooperação de Xangai, Andrei Ivanov:
“O fato da proposta de levar os líderes da RPDC ao TPI ter sido apresentada pela Europa e pelo Japão não nos deve confundir. Os iniciadores da nova campanha anti-Pyongyang devem ter sido, mais provavelmente, os norte-americanos .
O fato de tentarem atingir a reputação da Coreia do Norte ter sido feita agora não é, de todo, por acaso. Os Estados Unidos não gostam do fato do governo da RPDC continuar a trabalhar no desenvolvimento do armamento nuclear e mísseis balísticos de longo alcance, pois não querem ter os destino dos líderes do Iraque e da Líbia que acreditaram nas promessas do Ocidente e recusaram as armas de destruição em massa.
Não gostam também do fato de Pyongyang procurar, insistentemente, caminhos para melhorar as relações com Seul, onde pensam, de forma cada vez mais séria, acerca da necessidade de corrigirem os erros cometidos pelo ex-presidente Lee Myung-bak, e recuperar a cooperação com o Norte.
Parece que essa perspectiva não agrada muito a Washington. Por isso é que pediram à UE e ao Japão para que incitassem ao julgamento de Kim Jong-un, para que tivessem uma justificação para uma “intervenção humanitária” contra o tirano. Ou, pelo menos, desacreditar aos olhos da comunidade internacional as tentativas de Moscou e Seul em tirar Pyongyang do isolamento e empurra-lo para o caminho da reforma.
Essa tática do Ocidente levará, não só à deterioração da situação dos direitos humanos na RPDC, mas também à agudização da situação na península coreana e na Ásia Oriental globalmente, está convencido Andrei Ivanov.
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