Entretanto, analistas chamam atenção para uma recente declaração do presidente cessante do Conselho da Europa, Herman Van Rompuy, em que ele se mostrou favorável ao plano russo de regularização da crise na Ucrânia:
“Hoje, o mais importante e preocupante é que, desde a assinatura em 5 de setembro dos acordos de trégua, foram mortas quase mil pessoas. E, a julgar por tudo, o regime de cessar-fogo tem sido violado. Quaisquer acordos desse género terão o mesmo destino até chegarmos a uma solução global. Compete-nos encontrar uma opção em que a Ucrânia se torne um país descentralizado e federalizado. Ela poderá se aproximar da União Europeia. Mas, perante tal cenário, convém levar em conta que a maioria de seus habitantes deseja reestabelecer as relações normais com a Rússia, ligada à Ucrânia por fortes laços históricos, culturais e linguísticos”.
Van Rompuy se tornou é o segundo alto responsável europeu que fez uma declaração nesse sentido nos últimos tempos. O caminho foi aberto pela comissária europeia das Relações Exteriores, Federica Mogherini, embora o seu discurso tenha sido interpretado pelo seu serviço de imprensa sob um ângulo diferente. Mas um apelo à autonomia de Donbass acabou por ser lançado.
Os peritos compreendem que tal enfoque tem sido partilhado por uma boa parte de dirigentes políticos europeus que, por razões de vária índole, preferem manter o silêncio. É nesse ambiente que vão crescendo ânimos céticos quanto à linha estratégica escolhida por Kiev.
É evidente que, há um ano, a via de federalização teria sido a melhor variante. Mas hoje, em ótica de muitos peritos, essa proposta deixou de ser viável. Ao que tudo indica, as partes em conflito não estão dispostas a abraçar a “opção zero” como se nada tivesse acontecido entre elas.
Representantes oficiais da parte ucraniana têm declinado a possibilidade de alterar o carácter unitário do Estado, receando que quaisquer mudanças nessa área possam provocar a desintegração do país. O diretor do Instituto de Estratégia Global, Vadim Karasev, considera que a opinião da Europa tem pouca importância para Kiev que “costuma dar ouvidos apenas aos sinais emitidos por Washington”.
Francamente falando, a Europa nunca negou a hipótese de federalização, exortando apenas à integridade territorial da Ucrânia. Perante a situação atual, a declaração de Van Rompuy pode ser qualificada como uma disponibilidade de prosseguir com a busca de vias conducentes à normalização. O problema é que se perdeu tempo. Por isso, agora será necessário escolher “o menor dos males”. Ora, a federalização seria uma opção ideal mas quase inviável.
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