General Qassem Soleimani (dir.) comanda xiitas iraquianos |
No entanto, logo surgiram fotos em sites informativos independentes iraquianos revelando a presença alheia aquele país: o poderoso general iraniano Qassem Soleimani. Soleimani tornou-se sinônimo de vitórias atribuídas as forças terrestres iraquianas. Comandantes locais também disseram que o poderoso grupo xiita libanês Hizbollah também estava na linha de frente de Jurf Al-Nasr.
Milícias xiitas têm desempenhado um papel fundamental na contenção do Estado Islâmico fora do chamado “Cinturão de Bagdá”. Mas as milícias sectárias vem sendo acusada de brutalidade contra os sunitas do país, e enquanto eles se beneficiaram de ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos, o seu avanço poderia minar os esforços para paz entre xiitas e sunitas no país.
Comandantes da milícia disseram à Associated Press que dezenas de conselheiros da Guarda Revolucionária iraniana e o Hezbollah estavam na linha de frente em Jurf Al-Nasr, fornecendo treinamento com armas para cerca de 7.000 soldados e milicianos, e coordenando com os comandantes militares à frente da operação .
Um comandante, que concordou apenas revelar seu apelido, Abu Zeinab, disse que Soleimani começou a planejar a operação em Jurf Al-Nasr há três meses. A cidade agora “limpa” fica cerca de 50 km ao sul da capital Bagdá, sendo rota dos peregrinos xiitas que se dirigem à cidade sagrada de Karbala. Esta semana os xiitas comemoraram a morte do neto do profeta Muhammad, o Imã Hussein, em uma batalha do século VII, a qual marcou o início da divisão entre sunitas e xiitas.
Oficias das Forças Armadas Iraquianas se recusaram a discutir a presença de Soleimani em Jurf Al-Nasr, ou em vitórias anteriores, onde ele é conhecido por ter desempenhado um papel de comando, inclusive na cidade sitiada de Amirli em agosto e na cidade sagrada xiita de Samarra, em junho.
O Hizbollah apoiou e engajou abertamente na Guerra Civil Síria, ajudando as forças do ditador Bashar Al-Assad a combater os rebeldes sunitas. Isso fez aumentar a violência sectária no Líbano. O Hizbollah, que é apoiado pelo Irã, no entanto, não comentou sobre a sua participação ou a falta dela no Iraque. Em Beirute, funcionários do Hizbollah não estavam disponíveis para comentar o assunto e não retornaram as ligações da Associated Press para discutir o assunto terça-feira (4).
Em julho, as autoridades libanesas disseram que um comandante do Hizbollah fora morto durante uma "missão jihadista" no Iraque. Ibrahim Mohammed al-Haj foi enterrado no Líbano e seu funeral contou a presença de altos funcionários do Hizbollah. A morte de al-Haj foi a primeira evidência que o Hizbollah combatia no Iraque.
Os sunitas também estão profundamente desconfiados sobre o poderio xiita iraniano no Iraque, que tem desempenhado um papel descomunal nos assuntos iraquianos desde a invasão americana de 2003.
“É verdade que o Iraque precisa de qualquer tipo de ajuda na situação atual, mas esta ajuda deve ser pública e parte dos esforços internacionais", diz o parlamentar sunita Hamid al-Mutlaq. "Essa ajuda iraniana não declarado prejudica a reconciliação nacional e da soberania do Iraque", concluiu.
A Anistia Internacional disse no mês passado que as milícias xiitas sequestraram e mataram dezenas de civis sunitas com o apoio tácito do governo em retaliação aos ataques Estado Islâmico.
O primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi se comprometeu em fiscalizar as milícias xiitas e estabelecer uma Guarda Nacional para mobilizar os sunitas contra os extremistas. Mas poderia levar meses para montar uma força, e, entretanto, as milícias de Soleimani estão em melhores condições para ajudar o Iraque contra o Estado Islâmico.
A Força Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã, quando era comandada pelo general Soleimani, financiou e formou os xiitas contra a OTAN. Ele também trabalhou durante muito tempo com o Hezbollah no Líbano e ela tem auxiliado as forças de Assad. Segundo as más línguas, Assad não confia em mais ninguém na Síria e é justamente a Força Quds e o Hizbollah que faz a guarda do citado.
Em junho, os assessores da Guarda Revolucionária sob comando de Soleimani forneceu orientações para milicianos xiitas para que esses bombardeassem posições insurgentes sunitas em torno de Samarra, uma cidade de maioria sunita ao norte de Bagdá que abriga um santuário xiita reverenciado. Soleimani também foi visto desempenhando um papel fundamental no alívio do cerco do Estado Islâmico à cidade de Amirli. E a alto general da Guarda Revolucionária disse em setembro que Soleimani tinha ajudado os combatentes curdos a defender sua capital regional, a cidade de Irbil.
Comandantes das milícias descrevem Soleimani como "destemido". Um deles afirma que general iraniano nunca usa colete balístico, nem mesmo na linha de frente.
"Soleimani nos ensinou que a morte é o começo da vida, não é o fim da vida", disse um comandante da milícia.
O Informante
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