Tartus, Síria, 13 nov (Prensa Latina) A morte é mil vezes melhor que ver a Síria em mãos dos terroristas, escreveu o soldado Mahmoud Issa pouco antes de envolver-se para deter a extremistas do Estado Islâmico (EI) na oriental província de Raqqa.
Carregado de granadas, meu filho lançou-se faz menos de dois meses contra um grupo de radicais que iam atacar a entrada da base área de Tabqa, relata seu pai Issa Issa a Prensa Latina no pátio de sua casa, localizada na norte ocidental cidade de Tartus.
Estou seguro da vitória, destaca entre lágrimas o idoso ao recordar as últimas palavras de seu filho na rede social Facebook.
Era professor de matemática, mas decidiu defender seu país e morrer por isso, agora se converteu em um shahid (mártir), realça orgulhoso.
Meu irmão era uma pessoa humilde, todos lhe queriam, mas aprendeu desde pequeno que para proteger à pátria é necessário estar disposto a entregar a vida, afirma, por sua vez, Yussef Issa.
Povoadas maioritariamente por alauitas, ainda que também vivem cristãos e sunitas, as províncias costeiras de Tartus e Latakia pagam um preço muito alto por derrotar aos grupos armados patrocinados por potências ocidentais e regionais.
A cifra de soldados caídos em combate em ambas é proporcionalmente maior em comparação ao resto dos estados, uma mostra da mobilização desse grupo em respaldo ao governo e às forças armadas.
Junto a imagens do presidente Bashar al Assad, pelas ruas de ambas cidades se observam numerosas fotos e pinturas de uniformizados que morreram na frente.
Em Latakia, em uma central de passeio coberta de árvores e flores, um gigantesco mural tem inscrito os nomes de milhares de shahid da cidade, que conta com mais de um milhão de habitantes. Segundo o chefe do Departamento de Imprensa da província de Tartus, Abdul Rahim Ahmad, nesse território mais de quatro mil soldados caíram em combate desde o início do conflito, em março de 2011.
Nesse sentido, revelou que recentemente durante a ofensiva das forças armadas para libertar a usina de gás de El Shaer, na central província de Homs, mais de 70 filhos de Tartus perderam a vida.
Fomos o primeiro território em acabar com o analfabetismo na Síria, contamos com um alto nível cultural e educacional. Aqui há muito patriotismo, assegurou o servidor público.
Por sua vez, seu homólogo da vizinha província de Latakia, Meissan Ahmed, cifrou em 15 mil os soldados morridos no conflito oriundos da zona.
Temos pago um alto preço, mas estamos dispostos a qualquer sacrifício, sublinhou Ahmed.
Além das perdas humanas, Tartus e Latakia, as duas províncias costeiras da Síria, também sofrem o impacto econômico e social da conflagração.
Mais de 2,5 milhões de sírios que abandonaram seus lares se transladaram para algum ponto dessas províncias, o qual pressionou o sistema de transporte e ademais elevou os preços dos serviços, produtos e moradias.
Mas não tudo é negativo. A chegada em massa de pessoas também permitiu a entrada de capitais, mão de obra e especialistas em diversas matérias que diversificou e incrementou a economia regional.
Ainda que há refugiados de numerosas aéreas, a principal corrente de deslocados provem da cidade de Alepo, a mais povoada e o coração econômico de Síria antes de estourar a guerra.
Prensa Latina
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