Ucrânia torna a comprar gás russo - Noticia Final

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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Ucrânia torna a comprar gás russo

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A Ucrânia irá comprar o gás russo em sistema de pré-pagamento quando começar a fazer frio de inverno, anunciou o ministro ucraniano da Energia, Yuri Prodan. Kiev transferiu a Moscou uma parte da dívida pelo “combustível azul” já fornecido. Não obstante os acordos alcançados em Bruxelas, sobram muitas perguntas sem resposta. Por exemplo, até quando a Europa irá saldar as dívidas ucranianas e o que vai acontecer depois de março de 2015?

Kiev e Moscou chegaram a um acordo difícil sobre o fornecimento de gás pelo preço de 385 dólares por mil metros cúbicos. Este valor resultou de mais um desconto de 100 dólares, feito pela Rússia à custa de redução das taxas de exportação. Tal preço final foi calculado tomando em conta a atual conjuntura econômica, disse o ministro russo da Energia, Alexander Novak:
“Demos a conhecer estes números aos colegas ucranianos ao abrigo de uma fórmula correspondente ao contrato vigente, considerando o desconto. Antes, se falava do preço de 385 dólares. Hoje, a conjuntura é um pouco diferente devido à queda dos preços de petróleo. Por isso, para o 4º trimestre do ano corrente o preço tem de rondar 378 dólares. Estes indicadores são corretos. Para o 1º trimestre se calculam 365 dólares. No que diz respeito ao período de verão, não existem quaisquer cálculos ou previsões”.
A Ucrânia irá receber o gás depois de pagar pelo volume encomendado. Hoje, quando em Kiev o tempo ficou mais quente, as autoridades decidiram passar sem gás, comprando-o “conforme as necessidades”. As companhias europeias continuam sendo o maior fornecedor do combustível importado pela Ucrânia.
No entanto, quem quer que seja “o maior fornecedor”, a Ucrânia não tem dinheiro para pagar pelo gás. Em função disso, quem paga é a Europa, cuja segurança energética depende do “trânsito ucraniano”. A União Europeia se dispõe a destinar meios para amortizar as dívidas de Kiev pelo gás, anunciou o embaixador da UE na Rússia, Vygaudas Usackas. Nas suas palavras, a UE está canalizando à Ucrânia uma ajuda financeira no montante de 11 bilhões de euros.
Todavia, a paciência tem limites. Por isso, segundo realçou Usackas, a Ucrânia deve chegar a ser “um Estado soberano e economicamente independente” para o Gazprom, a Comissão Europeia, o FMI não cuidarem dela como se fosse uma criança.
Um protocolo trilateral visando o fornecimento de gás no período de inverno foi assinado em 30 de outubro. O documento rubricado pela Rússia, Ucrânia e CE prevê a retomada de fornecimentos do gás russo e de seu trânsito contínuo para a Europa até 31 de março de 2015. Além disso, até ao fim do ano em curso, Kiev deverá pagar uma parte de sua dívida igual a 3,1 bilhões de dólares. O Gazprom recebeu apenas 1,5 bilhões. Ninguém pode garantir se o resto da soma e a soma de pré-pagamento será transferido para suas contas, afirma o diretor-geral do Fundo Nacional de Segurança Energética, Konstantin Simonov:
“Não sabemos se este dinheiro será transferido. É uma questão pendente. Quando você lida com a Ucrânia, os acordos assinados não valem nada. É preciso levá-lo em conta. Enquanto o dinheiro não chegar às contas, seria prematuro falar de um progresso nessa questão”.
O governo ucraniano tem uma visão específica do conceito de poupança energética. Arseni Yatsenyuk insiste em que os órgãos de administração pública aprendam a economizar a energia e o gás, cujo “consumo deverá ser limitado”. Tais métodos estão sendo utilizados por Kiev desde há muito, sem terem surtido efeito, opina Rustam Tankaev, da União Nacional de Empresas de Gás e Petróleo:
“A direção da Ucrânia tem encarado a eficiência energética de forma muito peculiar. Há uns anos, dos sistemas de gás foram desligadas vastas zonas rurais, o que permitiu “economizar” 6,5 bilhões de metros cúbicos ao ano. Hoje, as casas naquelas regiões, por exemplo, na região de Poltava, são aquecidas com lenha. Um caminhão de lenha custa na Ucrânia 5 mil rublos (125 dólares), podendo este preço subir ainda mais. Convém equiparar este valor ao valor das aposentadorias, por exemplo. Cinco mil rublos constituem uma aposentadoria bastante boa, pelo que os pensionistas como as mães solteiras ou deficientes físicos recebem na Ucrânia de hoje um subsídio mensal igual a mil rublos (25 dólares)”.
Em breve, a temperatura em Kiev irá baixar, o inverno está batendo à porta e a Europa terá de tornar a pagar pelo gás ucraniano. Em todo o caso, Bruxelas tem que receber garantias de que o dinheiro não seja desperdiçado. O processo lento e moroso irá continuar enquanto a Ucrânia continuar a transitar o gás russo para a Europa.

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