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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A maior ameaça contra a Rússia e contra Putin [e contra Dilma e...]

O recente discurso de Putin à Assembleia Geral da Federação Russa foi constituído de duas partes: uma parte em que falou sobre a política exterior da Rússia e que foi fala indiscutivelmente histórica; e outra, na qual falou sobre economia interna. E essa segunda parte foi o triste desapontamento, para dizer o mínimo. De fato, devo dizer que foi aterrorizante. Não vou postar toda essa parte “econômica”; os interessados podem ler (em espanhol) noblog redecastorphoto ou (em inglês) na página do Kremlin. Mas eis o meu resumo do que Putin disse:

●– Faremos todos os esforços para ajudar a comunidade empresarial russa; faremos todos os esforços também para fazer retornar à Rússia todo o dinheiro russo que está escondido em paraísos fiscais longe daqui; e criaremos estabilidade e previsibilidade.

OK, tudo muito bonito, tudo muito bem, exceto que Putin nãodisse tudo que realmente faria diferença. Como, dentre outros “não ditos”:

●– Putin não denunciou como criminoso o trabalho da presidenta do Banco Central Russo.
●– Putin não ameaçou vender bônus dos EUA e trazer para casa de volta o dinheiro dos russos.
●– Putin não demitiu um único oficial russo por incompetência nem, muito menos, por sabotagem.
●– Putin não anunciou grande modificação no status do rublo; não falou, por exemplo, sobre o rublo-ouro.
●– Putin não rejeitou o modelo econômico ocidental.
●– Putin não anunciou qualquer reforma, nem que o estado russo estatizará o Banco Central da Rússia.
●– Mais importante, Putin não anunciou nenhuma grande mudança na política econômica.

Vladimir Putin
Não tenho como saber se Putin acredita sinceramente nos dogmas econômicos liberais ocidentais, ou se só lhe resta fingir que acredita. Mas o resultado é o mesmo: Putin rejeita o modelo político ocidental, ao mesmo tempo em que, ao que parece, endossa integralmente o modelo econômico.

Acabo de assistir a uma entrevista de Mikhail Khazin e Evegnii Feodorov, pela rádio Russian New Service (em russo), e os dois estão tocando o alarme.

Elvira Nabiullina
Khazin está exigindo que a presidenta do Banco Central da Rússia (Elvira Nabiullina), seja demitida e presa; Feodorov quer a extinção do Banco Central. Concordo com ambos.

A economia russa em geral, e o rublo em especial, estão ambos sob ataque direto, não só por efeito das sanções, mas também por movimentos e operações especulativos. O preço do petróleo está em colapso, efeito, provavelmente, de várias razões objetivas (recessão mundial) e operações deliberadas dos EUA. Mas Putin não está introduzindo nenhuma mudança significativa no rumo da economia, e até elogiou o Banco Central por suas atividades! Não faz recordar algo?

Pessoalmente, tudo isso me faz relembrar o que aconteceu nos últimos meses de Anatolii Serdiukov, quando os militares russos estavam sendo atingidos por um escândalo depois de outro, sem parar, e Putin continuava a elogiar Serduikov e seu trabalho. Afinal, Serdiukov foi demitido e substituído pelo realmente destacado e impressionante Shoigu, mas a demissão de Serdiukov demorou muito, exigiu trabalho muito intenso. E até hoje nenhum tribunal condenou Serdiukov por suas numerosas atividades criminosas.

Significa que Putin é hesitante, fraco ou que está confuso?
[Significa que Dilma é hesitante, fraca ou que está confusa? (NTs)]

Acho que não. Acho que tudo isso mostra que uma das tarefas mais gigantescas e mais perigosas para Putin é livrar-se dos sabotadores nos altos escalões do poder.

Mikhail Khazin
O mesmo Mikhail Khazin disse recentemente que só agora o poder do grupo Soberanista Eurasiano pró-Putin começa a equivaler, aproximadamente, ao poder dosIntegracionistas Atlanticistas pró-EUA (não usou essas palavras, que são expressões minhas).

Esperemos que Putin esteja planejando, para Nabiulina, operação semelhante à que conseguiu destituir Serdiukov, mas nada parece apontar nessa direção. A pressão sobre Putin aumenta para que tome medidas dramáticas e, de uma vez por todas, desconecte a economia russa da ortodoxia neoliberal conhecida como “Consenso de Washington”, mas também há forte resistência.

Essa é, de longe, a maior ameaça contra Rússia e contra Putin [e contra o Brasil e contra Dilma (NTs)]: a 5ª coluna de sabotadores nos mais altos postos do poder, sobretudo, ainda, dentro do governo [e no venal JUDICIÁRIO brasileiro (Nrc)]. Enquanto esse pessoal permanecer no poder, a Rússia [e o Brasil(Nrc)] continuará fraca e frágil e muito suscetível às armas da econômica que o ocidente mobiliza contra o mundo.


The Saker
Redecastorphoto

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