Lições para a Ucrânia: como a Alemanha foi dividida - Noticia Final

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Lições para a Ucrânia: como a Alemanha foi dividida


Nota da redecastorphoto: Muita gente compara a situação da Europa atual com os anos anteriores à IIª Guerra Mundial. Correção importante: agora estamos assistindo ao fomento, pelo Ocidente (EUA e União Europeia), de mais um regime nazista representado pela Junta−de−Kiev na Ucrânia. Isso nos faz lembrar a segunda metade dos anos 1930’s quando aconteceu a mesma coisa com a Alemanha, transformada num estado nazista e com os EUA, hoje com a eliminação dos Direitos Civis de seu próprio povo, transformados num estado fascista.

Desfile do Pravy Sektor (partido NAZISTA apoiado pelos EUA e coordenado pelo Depto de Estado via Victoria "Fu** EU" Nuland) em Lviv, Ucrânia

“Naturalmente” – perguntou – “sabe do que se trata, Rieux?” [...] “Pois eu sei”. (...) “vi alguns casos em Paris há uns vinte anos. Simplesmente, naquela época, não houve a coragem para lhe dar um nome. A opinião pública é sagrada: nada de pânico. Sobretudo, nada de pânico. E depois, como dizia um colega: É impossível, toda a gente sabe que ela desapareceu do Ocidente”.


A peste NAZISTA volta a atuar na Europa, propagada e apoiada pelos EUA na Ucrânia. O braço tatuado não mente.

Como a Alemanha foi dividida em 1946
(clique na imagem para aumentar)
Países ocidentais explicaram o apoio que davam ao regime pós-golpe em Kiev, com alegações de que tentavam impedir que a Rússia destruísse a Ucrânia como estado único, uno, unificado. Contudo, é mais evidente a cada dia que, de fato, Washington, Bruxelas, Bonn e agora também Varsóvia, estão preparando o palco para desmembrar a Ucrânia.

Não há muito tempo, o presidente do parlamento polonês, Radek Sikorski, pôs em circulação uma história muito duvidosa sobre conversa que teria havido em 2008 entre o ex-primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk e Vladimir Putin, na qual Putin teria proposto a Tusk que analisasse a possibilidade de dividir a Ucrânia. Em seguida, Tusk começou a tomar distância cautelosamente dessa perturbadora “informação”, e Sikorski desmentiu tudo, dizendo que Tusk compreendera mal o que ouvira. A manobra serviu para que os poloneses aferissem o tipo de futuro que políticos europeus insiders anteviam para a Ucrânia.

Será muito útil para os patriotas ucranianos terem em mente que o Ocidente tem acumulada vastíssima experiência de esquartejar um estado depois da IIª Guerra Mundial – e estado que era muito mais poderoso e bem estabelecido, embora estivesse em situação de derrota militar. Falo, é claro, da Alemanha.

Dado que a Alemanha tem sido vista aos trinados, como líder de torcida a favor da posição dos EUA na questão ucraniana, há de ser instrutivo para todos examinar as experiências de Berlim naquele período. É possível que o que a Alemanha está fazendo, no planejamento da partição da Ucrânia, seja hoje uma espécie de vingança, embora em menor escala, pela derrota de que os russos aplicaram aos alemães em 1945?

Quando a questão do futuro da Alemanha nazista foi pela primeira vez trazida à mesa de negociações na Conferência de Teerã, em novembro-dezembro de 1943, Joseph Stálin, que liderava a delegação soviética, defendeu que, depois da derrota dos nazistas, a integridade do estado alemão teria de ser preservada.

Quando os líderes da URSS, dos EUA e da Grã-Bretanha discutiam sobre o mapa da Alemanha pós-guerra na Conferência de Yalta em fevereiro de 1945, todos [os Aliados] reconheceram a necessidade de “desarmamento, desmilitarização e desmembramento completos da Alemanha, como requisito fundamental para a paz e a segurança futuras”. Mas ainda meses depois, em julho-agosto de 1945, na Conferência de Potsdam, o esquartejamento do território alemão ainda não era conclusão decidida. Os aliados concordaram sobre um sistema de ocupação quadripartite para a Alemanha, com o objetivo de desmilitarização e democratização; também ficou decidido que “durante o período de ocupação, a Alemanha seria tratada como uma só unidade econômica”. Ficou planejado que durante a ocupação, as forças armadas da URSS, dos EUA, da Grã-Bretanha e da França exerceriam autoridade suprema, cada uma, sobre sua respectiva zona de ocupação. E em questões que afetassem toda a Alemanha, teriam de trabalhar juntos, como membros do Conselho de Controle.

Consideremos esse último ponto: havia um Conselho de Controle – corpo unificado, de supervisão, formado pelas potências Aliadas – e se seus membros trabalhavam juntos, poderiam facilmente ter mantido a integridade política, econômica e territorial da Alemanha pós-guerra. A autoridade do Conselho de Controle era essencialmente ilimitada – dentro do país ocupado, o Conselho promulgava leis, ordens, comandos e outros instrumentos legais que comandavam o trabalho das autoridades administrativas nas zonas ocupadas pelos Aliados e regulavam a vida pública.

Churchill (E), Roosevelt (C) e Stalin (Yalta, fev. 1945)
Mas tudo isso só seria possível se cada um e todos os Aliados demonstrassem verdadeira boa-vontade e partilhassem a mesma visão sobre o futuro daquele país que sofrera derrota militar, mas ainda conservava esperanças de um futuro promissor. O mecanismo de tomada de decisões negociado em Potsdam, que exigia apoio unânime dos quatro representantes de potências ocupantes, visava a ajudar a construir, precisamente, esse acordo de todos.

Várias das decisões chaves do Conselho de Controle que determinariam a trajetória do desenvolvimento da Alemanha do pós-guerra já estavam tomadas e ao final de 1945. Por exemplo, já se haviam aprovado leis para assegurar a des-nazificação e a democratização do processo legal e da administração da justiça; e as antigas leis nazistas já haviam sido abolidas. Já havia legislação vigente também para, dentre outras coisas, desmilitarizar a Alemanha e punir os indivíduos que tivessem cometidos crimes de guerra ou crimes contra a paz e a humanidade. Embora tenha havido lutas, essas decisões haviam sido negociadas com sucesso, o que autorizava que se tivesse alguma fé no futuro desse sistema de administração compartilhada para a Alemanha; até que o trabalho do Conselho de Controle e outras agências administrativas, legais e econômicas começaram a parecer que fugiam de qualquer controle.

Exemplos de acordos regidos pelo senso-comum – e já nem se fala de consenso total de opiniões – começaram a tornar-se cada vez mais raros, quando se chegou às grandes questões de como prover condições decentes de vida para o povo alemão.

Um membro do Conselho de Controle da URSS, chefe da administração militar dos soviéticos, Marechal Georgy Zhukov recordou:

Georgy Zhukov
O pessoal administrativo de EUA e Grã-Bretanha, como se estivessem combinados, passaram de repente a não concordar com coisa alguma; discordavam de tudo (...). Foi-se tornando cada vez mais difícil encontrar fórmulas para acertar disputas, especialmente quando se discutiam questões realmente cruciais. Por exemplo: providências para erradicar o potencial militar e econômico encastelado como “militarismo” alemão; desarmar as unidades militares alemãs; e erradicar firme e fundamente todas as modalidades de fascismo das organizações nazistas nas zonas sob ocupação dos EUA e da Inglaterra.

Georgy Zhukov pôs o dedo precisamente na questão principal: a União Soviética e os Aliados Ocidentais tinham posições diametralmente opostas. Mais que qualquer outro país, a União Soviética – nação que conhecera cara a cara, de primeira mão, o poder de destruição do IIIº Reich – buscava permanentemente, como parte do trabalho de administrar a zona sob sua responsabilidade, alterar os ambientes locais, com vistas a prevenir que o militarismo ou o nazismo renascessem, ao mesmo tempo em que ia construindo o ambiente democrático adequado, mediante transformações democráticas e pró-democracia, para que o povo alemão encontrasse meios para construir estado pacífico e economicamente estável. Os países ocidentais tinham outros objetivos, completamente diferentes.

Para começar, os Aliados contavam com que o fracasso militar tivesse posto fim, para sempre, ao futuro da Alemanha como concorrente econômico. Segundo, desde o início os EUA viam a Alemanha como mercado gigante, maduro para ser explorado pelo grande capital alemão.

Em suas memórias, o marechal Zhukov observa um detalhe: cinco milhões de toneladas de aço fundido seriam suficientes para sanar todas as necessidades da Alemanha pós-guerra, mas os Aliados insistiam em que seriam necessárias dez toneladas, o dobro. Com dificuldades e depois de dias de negociações, concordaram em diminuir suas exigências para 8-9 milhões.

Mas a questão, para eles nada tinha a ver com necessidades do povo alemão: queriam era preservar todo o potencial militar e econômico das regiões ocidentais da Alemanha – escreve Zhukov.

Essa política dos Aliados assume sobretons de raro cinismo, se se considera que, diferente do que se via na parte ocidental do país – sob administração dos Aliados – onde praticamente todas as construções em aço haviam sido poupadas, no leste – área sob administração dos soviéticos – tudo estava em ruínas.

Attlee (E), Truman(C) e Stalin (Potsdam, jul. 1945)
Os mesmos objetivos – a saber, contribuir para expandir o potencial econômico e militar/econômico da parte ocidental da Alemanha – observaram-se nos esforços dos ex-parceiros da URSS para manterem longe de qualquer livro ou registro oficial as instalações industriais não necessárias, conforme os acordos de Potsdam, para manter as necessidades dos alemães no nível negociado pelos aliados; sem registro, aquelas instalações puderam ser destruídas ou confiscadas como reparação. Em 1947, mais de 450 instalações militares estavam sendo mantidas fora de qualquer registro oficial nas zonas sob administração dos britânicos e dos norte-americanos.

Já de olho numa futura confrontação com a URSS, as potências ocidentais viam o inimigo recém derrotado como força política e militar de contingência, a ser preservada. Os aliados ocidentais com certeza já contavam com a possibilidade de usar pessoal e equipamento de grandes unidades Wehrmacht, para promover seus objetivos.

Fato absolutamente comprovado e historicamente demonstrado é que foi o ocidente – não a União Soviética – que concebeu, promoveu e consumou o racha do território alemão.

Em setembro de 1946 havia gabinetes administrativos anglo-norte-americanos já instalados, que agiam independentemente na gestão da economia, do suprimento de comida e agricultura, transportes, finanças e comunicações. Ao final daquele ano, os Aliados ocidentais moveram-se, primeiro, para fundir as duas zonas ocupadas por EUA e Grã-Bretanha na Bizona; na sequência, anexaram a zona francesa, formando a Trizona. Foi criado um Conselho Econômico para essa economia unificada, como o BancoDeutscher Lander [lit. “das terras alemãs”], o qual em junho de 1948 começou a emitir o marco alemão que então circulou nas zonas ocidentais. Em abril de 1949, quando foram abolidas as leis do Conselho de Controle Aliado que haviam banido os setores industriais e declarado o fim do desmonte da produção militar.

Emissões do Deutscher Lander Bank em 1948-49
A crise de 1948 em Berlim, que rapidamente aprofundou o confronto entre os ex-aliados, desenvolveu-se sob a forma de uma Guerra Fria, que foi o golpe mortal contra qualquer esperança de preservar-se um estado alemão unificado. Em maio de 1949 foi anunciado o estabelecimento da República Federal da Alemanha.

Assim se vê que, sem dúvida, as potências ocidentais têm, sim, rica experiência em dividir uma entidade estatal e criar outra com os cacos resultantes. E, pergunta interessante: estará Kiev realmente cega à possibilidade de o ocidente ter planos de usar os recursos ucranianos para construir outros estados? Ou, quem sabe, está só fingindo que não vê esses planos?

Redecastorphoto

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