O AWWA Sky Whale foi projetado pelo designer espanhol Oscar Vinals, entusiasta da aviação
Avistar um Airbus A380 ainda é uma experiência bastante emocionante. O gigantesco avião de dois andares pode acomodar entre 500 e 850 pessoas e é o maior avião de passageiros que já voou pelos nossos céus.
Mas o A380 pode se tornar uma migalha se outro gigante ainda maior conseguir se tornar realidade: o AWWA Sky Whale, uma aeronave conceitual projetada pelo designer espanhol Oscar Vinals.
Com três andares para passageiros, ele mais parece o cruzamento de uma baleia com uma espaçonave de ficção científica.
Mas será que esse projeto colossal é o prenúncio do futuro do transporte aéreo?
No mundo da aviação comercial, maior significa melhor. O despontar da era dos jatos trouxe modelos como o Boeing 707, uma aeronave capaz de carregar mais passageiros mais rapidamente do que qualquer modelo a hélice.
Nas décadas que se seguiram, os aviões ficaram cada vez maiores. O advento dos jumbos, caracterizado pelos Boeing 747, possibilitou ainda mais passageiros por voo, barateando, assim, as passagens.
“Viajar no Sky Whale poderia ser como viajar em sua própria poltrona de cinema, curtindo o que está acontecendo à sua volta; com algum ruído de motor ao fundo, mas com uma grande sensação de segurança dentro de uma estrutura ampla e inteligente”, diz Vinals.
Decolagem vertical
O avião do futuro teria turbinas giratórias que permitem uma decolagem quase vertical
O projeto usa tecnologias avançadas, como janelas que se consertam sozinhas, motores giratórios que permitem uma decolagem quase vertical e uma propulsão híbrida.
“Os motores e as baterias são alimentados por uma turbina dentro das asas, como um dínamo potente e de alta velocidade”, explica o designer.
O projeto também precisaria de um sistema para redirecionar o fluxo de ar para motores e para controlar o fluxo laminar. Ou seja, para reduzir a turbulência em torno do avião e diminuir o arrasto.
Segundo Vinals, nenhuma dessas tecnologias é viável em longa escala atualmente, mas todas elas são possíveis.
“Fiz esse projeto porque sou um entusiasta da aviação e das viagens aeroespaciais – da tecnologia, do desenvolvimento e da evolução. E gostaria de contribuir com a minha visão”, explica.
Talvez essa visão de alguém de fora da indústria, sem conceitos prévios, é o que basta para que revolucione o design de aviões. Vinals conta que passou “anos” e “terabytes” pesquisando para chegar ao modelo que apresentou. É uma abordagem que muitos do setor apreciariam.
Três variáveis
O Airbus A380 (à esq.) é o maior avião de passageiros da atualidade
Segundo Michael Jump, professor de engenharia aeroespacial da Universidade de Liverpool, existem três fatores a serem levados em conta quando se avalia o design de um avião e que servem como uma estimativa de eficiência.
Eles são conhecidos como a Equação de Breguet: eficiência propulsiva (o quão eficazes são os motores?); eficiência aerodinâmica (existe maximização da sustentação e redução do arrasto?); e eficiência estrutural (quantos passageiros podem ser transportados?).
Em geral, as companhias aéreas querem voar o mais longe possível, com a maior carga paga possível (ou o maior peso combinado de passageiros) e usando o menos combustível possível.
Tecnicamente, o melhor design é aquele que maximiza todas essas três variáveis. Os grandes fabricantes de aviões já fizeram pequenas alterações a essa equação, mas praticamente ficaram fiéis aos designs já testados e aprovados.
“Empresas como a Boeing e a Airbus têm muita experiência em construir aviões que se parecem com um tubo de asas”, diz Jump. “Quando querem desenhar um novo modelo, acabam optando por evoluir em vez de revolucionar”.
Formato ideal
O cilindro é também uma maneira estruturalmente eficiente de conter a pressão atmosférica, o que os aviões têm de fazer para manter a pressurização da cabine adequada para os passageiros quando voam em grandes altitudes.
Mark Drela, professor do departamento de aeronáutica do MIT, concorda. “A fuselagem do avião é um recipiente de pressão. Para isso, é realmente necessário que se tenha uma seção circular. Você não vê tanques de oxigênio para mergulho retangulares. Ser redondo significa ser leve”, diz ele.
E em um avião, peso é tudo. “Os aviões têm a cara que têm não por causa de uma decisão estética, mas essencialmente por motivos técnicos. A forma segue a função”, explica.
Além disso, para um fabricante vender um novo modelo de avião, é preciso demonstrar que ele é seguro. As regulamentações de segurança evoluíram ao longo de um século de voos tripulados, mas com um desenho radical seria muito mais difícil demonstrar isso.
“O avião otimizado é como um grande conjunto de concessões. É uma tarefa colossal poder equilibrar tudo”, diz Drela.
Mas, para Vinals, Albert Einstein pode ter a última palavra no assunto: “A sua imaginação é o trailer das próximas atrações da vida”.
Fonte: BBC Brasil / Plano Brasil
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