De acordo com o jornal Business Standard, funcionários do Ministério da Defesa descobriram três anos depois que a oferta da Dassault não era a mais barata da concorrência.
“Um MD (Ministério da Defesa) inexperiente e detalhes incompletos fornecidos pela Dassault acabaram por julgar o Rafale mais barato. Agora, depois de três anos de obtenção de números claros, a Índia estaria pagando muito mais do que havia sido calculado inicialmente”, disse um funcionário envolvido na negociação do acordo. Fontes do MD dizem que a proposta para comprar o caça francês está “efetivamente morto“.
O motivo
Durante três anos de negociações entre funcionários da Dassault e do chamado “comitê de negociação do contrato” (CNC – contract negotiation committee), verificou-se que a oferta da Dassault foi realmente maior do que a do Eurofighter Typhoon e não inferior como o Ministério da Defesa havia anunciado em 31 de janeiro de 2012.
A Dassault havia apresentado um esboço da proposta comercial, e quando o CNC obteve detalhes da empresa francesa para chegar ao custo real do Rafale, os números somaram significativamente mais do que tinha sido inicialmente estimado.
A confusão se deve em parte a inexperiência do MD com o “ciclo de vida de custeio” (LCC – life cycle costing). O concurso mundial para 126 aviões de combate médio multi-função (MMRCA – medium multi-role combat aircraft) foi a primeira vez que o Ministério da Defesa tratou com um contrato baseado no LCC. Isto significou que o vencedor não seria o caça com o preço de compra mais barato; em vez disso o caça escolhido seria aquele mais barato para comprar, voar, manter e revisar sobre a sua vida útil de 30 a 40 anos.
Contatado para comentários, o Ministério da Defesa não respondeu.
Em dezembro de 2014, o ministro da Defesa Manohar Parrikar admitiu pela primeira vez que havia “complicações” nas negociações com a Dassault, e esboçou alternativas para a IAF.
“O Sukhoi-30MKI é uma aeronave adequada para atender às necessidades da força aérea”, disse Parrikar.
Na semana passada, o primeiro-ministro incisivamente distanciou o Rafale da Índia. No sábado, um comunicado de imprensa incomum do MD negou uma reportagem de jornal de que o primeiro-ministro iria voar no Rafale durante o show aéreo Aero India 2015, em Bangalore, esta semana.
Esta é a segunda vez que o Ministério da Defesa erra nas avaliações baseadas em LCC. No mês passado vieram a tona problemas com o contrato para 75 aeronaves de treinamento básico PC-7 Mark II da empresa suíça Pilatus. O LCC foi calculado incorretamente.
A Perda iminente da Dassault, no entanto, não significará ganho para o Eurofighter Typhoon. A Eurofighter GmbH tem mantido uma presença cara em Delhi nos últimos três anos. Os procedimentos de assinatura de contratos não permitem que o segundo classificado, o fornecedor, ou seja, a Eurofighter GmbH, seja declarada vencedora do contrato no lugar da Dassault.
Em se concrtizando o cancelamento do Rafala, a IAF terá de procurar outro caça para aumentar seus esquadrões, ‘empobrecidos’ dos atuais 35 para os 45 autorizados (com 18 caças em cada esquadrão).
Além de ampliar sua frota de 272 caças Sukhoi-30MKI que a HAL vai construir até 2018, a IAF poderia pedir mais caças indígenas Tejas Mark I, para além dos 40 solicitados. A IAF também poderia intensificar a sua participação no caça de 5ª Geração co-desenvolvido com a russa Sukhoi.
Para Dassault, o cancelamento indiano seria um duro golpe. A força aérea e a marinha francesa, marcadas por cortes no orçamento, reduziram seus números de Rafales planejadas de 310 para apenas 180. Na sexta-feira, o Egito anunciou que iria comprar 24 caças Rafale, tornando-se o primeiro e único cliente, até o momento, no exterior do Rafale.
“A Índia vai demorar mais tempo do que o Egito”, disse Eric Trappier, o diretor executivo da Dassault na sexta-feira (13).
FONTE: Business Standard – Tradução e edição: CAVOK
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